Me despedir da minha vó, foi uma das coisas mais dolorosas que tive que fazer, não que eu já não tenha passado por coisas piores, mas a minha vida é repleta de dores incuráveis.
Eu quero que algo de bom aconteça, quero sentir o sabor que é ser feliz por completo.
Entrei no ônibus em direção a São Sebastião e ainda terei que pegar a balsa pra chegar em Ilhabela, e eu não tinha como pagar a passagem de avião, pois tinha que economizar, por isso optei por ir de ônibus, eu não sabia nem onde eu ficaria hospedada, pois a casa passou muitos anos sem ninguém cuidando dela e com certeza vai precisar de reparos, então vou precisar achar um lugar barato pra me hospedar.
Fechei os meus olhos na intenção de dormir, eu teria longas horas de viagem, e eu dormindo não veria o tempo passar.
Passei a viagem toda dormindo, e aproveitava as paradas que o ônibus fazia pra me alimentar, e molhar o rosto.
Eu precisava muito de uma cama, minhas costas já estavam bastante doloridas.
Depois de muitas horas, chegamos em São Sebastião, e eu não consegui controlar as minhas lágrimas, a cidade estava com um volume significativo de pessoas, que pareciam ser turistas e não moradores locais.
Peguei o meu celular e tentei ver se tinha sinal pra eu acessar a Internet, os carros estavam buzinando, e o som das pessoas conversando me impediam de ligar pra minha vó e dizer que eu já havia chegado.
- É melhor eu ligar quando já estiver hospedada em algum lugar.
Olhei pela janela do ônibus, e vi que o local continuava o mesmo que eu me lembrava.
As pessoas começaram a descer do ônibus, então deduzi que já era hora de eu descer também.
- Quando eu era pequena, sempre vinha fazer compras aqui com minha mãe, naquela época eu sabia ir e vim, agora eu não sei nem onde pegar as balsas.
Entrei em uma lanchonete, com minhas mãos cheias de bolsas, deixei elas em um canto que não atrapalhasse os clientes, e pedi um lanche, e aproveitei pra buscar informações.
- Bom dia moça, você sabe me dizer onde pego a balsa pra chegar em Ilhabela?
Tentei absorver o máximo das informações que a moça me passou.
Depois atravessei a rua e peguei um táxi.
-Moço, você conhece uma pousada em Ilhabela onde os preços são mais em conta?
Taxista: Conheço sim, a dona é muito amiga minha.
- Graças a Deus moço, eu tô meio perdida, faz muitos anos que não ando por aqui, eu não sei nem se vou conseguir um quarto vago.
Taxista: Olha, se você tivesse chegado a tarde talvez você não conseguisse, pois os turistas ainda estão chegando.
Mas como você chegou agora, é provável que consiga, mesmo sem ter feito reserva.
- Espero que você esteja certo, vamos pra lá então.
Ele pegou a balsa e me levou até a Ilhabela.
Ilhabela...
Minha amada Ilhabela, o local onde tudo começou, onde eu vivi as minhas melhores memórias.
Paramos em frente a uma pousada, e o motorista me ajudou com as malas.
- Como o senhor se chama?
Motorista: José.
- José, muito obrigada por me trazer até aqui.
Motorista: Por nada, vamos entrar que eu vou falar com a Danda pra conseguir um quarto pra você.
Quando entramos, o local era simplesmente lindo.
Tinha várias árvores e um lindo jardim com rosas.
Tinha também duas piscinas, pra adulto e outra infantil.
Tinham redes espalhadas no meio da natureza.
Fiquei encantada com a beleza e a organização do lugar.
Chegamos na recepção e tinha uma mulher linda, ruiva e dos olhos cor de mel.
José: Bom dia Cris, tem algum quarto vago?
Cris: Oi José, todos já estão ocupados.
José: Você tem certeza que ninguém vai sair hoje?
Cris: Deixa eu dar uma olhadinha com calma.
Ah, desculpe a minha falta de atenção, um dos quartos está vago. Pensei que o Dih ainda estava ocupando ele.
Falou pro José.
Como você se chama moça?perguntou pra mim.
- Eu me chamo Kyra.
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