Amelie
Ao chegar ao território da alcateia da minha família, me senti nas nuvens. Estava com tanta saudade deles. Contudo, minha alegria teve fim no momento em que o telefone tocou. Era meu parceiro. "Oi, amor! Acabei de chegar no território da minha família. Você devia estar de olho no relógio", digo com uma risadinha, tentando manter o clima leve. Ele sabia quanto tempo demorava para chegar lá.
Ele retrucou: "Não preciso ficar de olho no relógio. Sempre sei onde você está."
"O quê? Como assim?" Fiquei confusa com o tom de voz dele e com aquele comentário.
"Você acha que eu vou te deixar andar por aí sem saber onde a minha propriedade está? Acho que não. Coloquei um rastreador no seu celular e no carro, consigo ficar sabendo onde você está sempre que quiser. Só queria que soubesse antes de tentar fazer alguma besteira." Tate tinha perdido completamente a cabeça. Nunca na minha vida o ouvi soar tão possessivo e nojento. Eu só queria desligar, mas sabia que não podia, ou as coisas iam ficar piores. Respirei fundo e tentei acalmar meu coração. Ele conseguia me controlar mesmo quando não estava por perto, e eu estava com medo dele.
"Amor, você não tem que se preocupar com nada. Pra onde eu iria? Você é a minha vida." As palavras apenas saíram da minha boca, e me senti enjoada. Quem era eu? O que eu estava fazendo? Por que deixei chegar àquele ponto? Eu só estava visitando a minha família, a algumas horas de distância por alguns dias. Por que estava tão desesperada?!
"Bom mesmo, é melhor não esquecer." Então, ele apenas desligou. Tive que parar à beira da estrada e chorar. Meses de lágrimas escorreram pelo meu rosto, lágrimas que eu não podia deixar escapar porque ele estava sempre me observando e esperando que eu demonstrasse um momento de fraqueza. "O que eu estou fazendo?" foi a única coisa que consegui repetir para mim mesma várias e várias vezes enquanto deixava as lágrimas escorrerem. Finalmente, Inari, minha loba, não aguentou mais e ficou furiosa.
"Volta. Vou acabar com ele." Nos últimos tempos, ela o ameaçava diariamente.
"Inari, você sabe que a gente não pode. A essa altura, só quero chegar na casa do papai e dormir. Só estou cansada." Ela se acalmou ao ouvir minha voz entrecortada. Eu tinha perdido a vontade de lutar.
Meu ataque de choro passou, e eu me acalmei. Então, peguei uma garrafa de água no refrigerador no banco de carona e a usei para diminuir o inchaço ao redor dos olhos. Ainda faltava uma hora para chegar à casa dos meus pais, e eu ainda precisava colocar a máscara de filha, irmã e parceira perfeita para o mundo ver. Consigo fazer isso. Fiz por dez anos. O que é um evento a mais?
Enquanto continuava dirigindo, tentei me lembrar de memórias felizes com meu parceiro. Ainda assim, elas desapareceram rapidamente quando percebi que não passavam de momentos em que eu, pouco a pouco, estava deixando com que ele controlasse a minha vida por completo. Comecei a entrar em pânico por causa da minha obediência cega e por não ter enxergado aquilo até agora. Infelizmente, a culpa era toda minha. Nem ao menos tentei impedir isso de acontecer no começo, e, no momento em estava me sentindo desconfortável, minha própria identidade já havia sido arrancada de mim.
Minha mente estava fervilhando com essa nova descoberta, e, antes que percebesse, cheguei à casa da minha família. "Ok, Am! É hora do show", disse a mim mesma. Inari, por outro lado, não estava tão animada com o fingimento.
Hope gritou de volta: "Não se preocupa, pai, ele tem orgulho o suficiente por três Alfas. Esse é o problema."
Não precisamos caçar, sabíamos exatamente onde James, nosso irmão, estava: no quarto, mexendo no computador, provavelmente jogando. Fomos recebidas com uma porta trancada! Batemos e exigimos entrar!
"Nem pensar! Vocês vão bagunçar todos os meus dados! Mais tarde eu desço." Nós duas nos olhamos com o olhar mais diabólico possível. Sabíamos o que fazer para ter a atenção dele. Conforme ia crescendo e o interesse dele por jogos ia aumentando, minha madrasta encontrou um jeito interessante de desligar a energia e assegurar que ele dormisse o suficiente para ir à escola e para arcar com as responsabilidades de herdeiro. Ela desligava o disjuntor do quarto dele.
Corremos para o andar de baixo, para o armazém, do lado de fora da cozinha. Abrimos a caixa de fusíveis e sabíamos na mesma hora quais disjuntores eram os do quarto de James. A Luna Celest os tinha pintado com esmalte azul para poder desligar quando estivesse sonolenta e soubesse que o filho ainda estava acordado.
Hope se curvou em uma reverência. "A honra de atrair a besta de seu covil é sua, irmã."
Eu me curvei de volta. "Obrigada, querida irmã. Essa honra não será esquecida." Então, não conseguimos conter a risada de novo, e eu desliguei o disjuntor.

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