Wilma nem pensou duas vezes antes de recusar a ligação.
Ela pegou sua bolsa com um semblante sério e deixou o escritório. Enquanto ela se afastava rapidamente, o som dos teclados ao redor cessou por um momento.
Só depois que a silhueta esguia da mulher desapareceu de vista foi que os murmúrios e o som dos teclados recomeçaram.
No entanto, Wilma já não tinha mais cabeça para pensar nas fofocas do escritório.
Antes mesmo de chegar ao elevador, seu telefone tocou novamente.
Mesmo sob o calor do verão, ela sentiu um calafrio percorrer todo o corpo.
Seus dedos tremiam sem parar, e ela recusou a ligação mais uma vez e entrou apressadamente no elevador, como se estivesse sendo perseguida por uma assombração.
Ao chegar ao estacionamento subterrâneo, o telefone não tocou mais, mas uma nova mensagem recebida fez com que Wilma quisesse jogar seu celular longe.
"Não vai atender o telefone? Tudo bem, estou aqui na porta da sua empresa. Você não precisa atender, mas vamos ver se você poderá continuar trabalhando amanhã!"
A mensagem vinha acompanhada de uma foto da entrada do Grupo MRC.
Wilma respirou fundo, tremendo, e retornou a ligação.
- O que você quer afinal?! - Sussurou ela, sua voz estava trêmula.
A voz do outro lado da linha não se alterou muito, ao contrário, parecia até feliz, como se estivesse contente em irritar Wilma.
- Minha querida filha, como você pode falar assim com seu pai?
Os dedos de Wilma se apertaram, sua voz era gelada:
- Eu não tenho um pai como você, cale a boca!
- Ai, ai, não pode falar assim, querida. Você tem meu sangue correndo nas veias, nossa relação não pode ser cortada assim. A menos que você morra, Wilma, será sempre filha de Nelson, mesmo que você mude seu sobrenome para o da sua mãe!
A voz escorregadia, acompanhada pelo som da água ao fundo do telefone, fazia a irritação no peito de Wilma crescer cada vez mais.
Ela realmente queria apenas desligar o telefone e nunca mais ter que lidar com aquele homem. Mas, se lembrando de que ele estava bem ali, na entrada da empresa, e considerando que ainda era horário de saída, ela não podia simplesmente ignorar sua presença. Após um longo silêncio, Wilma cedeu:
- Vou depositar uma quantia fixa para a sua subsistência todo mês na sua conta. Agora, por favor, vá embora imediatamente!
Nelson resmungou com desdém:
- Wilma, eu vim de tão longe, de uma aldeia pobre nas montanhas, só para ver minha filha bem-sucedida na cidade, e você nem sequer me deixa ver seu rosto. Isso não parece certo. Ouvi dizer que você está bem próxima do chefe agora. Daqui a pouco, vou perguntar por aí...
- Chega! - Wilma não conseguiu mais se conter e interrompeu o firmemente. - Estarei aí em três minutos para te buscar, então não ouse causar um escândalo na frente da empresa. Se não, chamarei a polícia imediatamente!
Nelson pensou em retrucar que ela chamar a polícia não adiantaria nada, afinal, era só uma questão familiar e ele não tinha feito nada de errado. Mas, pensando melhor no propósito de sua visita, decidiu concordar obedientemente e se sentou de pernas cruzadas ao lado da fonte.
- Tudo bem, tudo bem. Vou esperar por você embaixo daquela escultura na fonte. Mas venha logo, hein?Era hora de saída do trabalho, e muitas pessoas estavam saindo do prédio. Ao verem um homem com aparência de mendigo sentado na entrada, não puderam deixar de olhar algumas vezes, e alguns até ofereceram um par de moedas.
Nelson ficou surpreso e, em seguida, furioso.
- Fora, fora, fora! Minha filha trabalha aqui. Não preciso da sua esmola, miserável.
- Sua filha trabalha aqui? Em qual departamento? Por que você está vestido assim?
Era difícil não ficar surpreso. Afinal, o salário do Grupo MRC estava entre os mais altos da Cidade B, e até mesmo em todo o País H. Até mesmo os salários dos funcionários da limpeza eram bons, e eles desfrutavam dos mesmos benefícios e bônus de final de ano que os outros funcionários.
Se a filha dele realmente trabalhava na Grupo MRC, como ele poderia aparecer vestido como um mendigo? Nelson percebeu os pensamentos dos transeuntes e resmungou:
Nelson se defendeu com convicção:
- E eu não tenho você? Eu me esforcei tanto para te criar, agora que você está bem-sucedida, vai abandonar seu próprio pai?
Por que ela não poderia?
Como ele podia dizer que havia criado ela?
Por causa dele, ela quase deixou de entrar na universidade, como ele podia distorcer a realidade daquela forma?
- Eu não tenho o dinheiro, e mesmo que tivesse, não te daria. Conforme o acordo legal anterior, enviarei a pensão mensal para a sua conta, e não um centavo a mais - Disse Wilma friamente.
Nelson ficou desesperado ao ouvir isso.
- Como você pode não ter dinheiro? Você pode comprar um carro desse tipo, você definitivamente tem dinheiro! Se você realmente não tem dinheiro, venda este carro e a casa que comprou aqui, aí você vai ter dinheiro, não é?
Aquele carro é de uma grande marca, até na cidadezinha dele tinha ouvido falar, era óbvio que valia muito dinheiro. E sua filha morava naquela cidade a tantos anos, com certeza tinha uma casa.
"Para que uma moça vai comprar uma casa? Ela vai se casar mais cedo ou mais tarde!"
Wilma sorriu friamente ao ouvir isso:
- O que você acha de eu simplesmente jogar o carro no rio? Assim você não precisaria mais se preocupar em pagar as dívidas, olha que coisa boa.
Ela também não precisaria mais ser ameaçada por seu próprio pai.
Sem obter resposta, ela lentamente pressionou mais o acelerador.

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Os comentários dos leitores sobre o romance: Após divórcio, ex-marido implora por reconciliação todo dia
Por favor, continuem esse livro!...