Leopoldo, ao ouvir as palavras, ficou ligeiramente surpreso e começou a diminuir a velocidade do carro. Tatiana lançou apenas um olhar para ele e já tinha uma ideia aproximada:
- Tá bom, irmão, se concentre na direção, eu ainda estou no carro. - Brincou ela.
Leopoldo riu suavemente e disse:
- Não vou deixar nada acontecer com a minha irmãzinha.
Tatiana também sorriu, mas não continuou a conversa, ela se virou para olhar a janela. A paisagem noturna ao longo do rio recuava lentamente com o movimento do carro, e fora os ocasionais avisos do GPS, não havia mais nenhum som no interior do veículo.
Muitas coisas no mundo, se não forem explicitadas, parecem estar sempre cobertas por uma fina camada, e era preciso apenas uma pontada de coragem para remover o véu. Uma pena que o mundo era cheio de covardes. Leopoldo era um deles, e ela também. E aquela Srta. Wilma parecia ser uma também.
Mas, felizmente, seu irmão ainda tinha uma chance. Ela, no entanto, não precisava.
O vento noturno levantava as folhas caídas à beira da estrada, as soprando para cima e depois para baixo.
Homens e mulheres ao longo do rio, sob as luzes das balsas e arranha-céus, se beijavam e abraçavam, como se caminhar sozinho fosse um erro. Wilma era uma dessas exceções.
Depois de abandonar seu desprezível pai, ela enviou um e-mail de demissão para Leopoldo e depois dirigiu de volta para seu novo apartamento. Após jantar e tomar um banho em casa, ela trocou de roupa para algo mais confortável e foi caminhar ao longo do rio. A brisa noturna tocava seu rosto, trazendo uma sensação agradável.
Wilma não se sentia tão confortável há muito tempo. Desde que se formou, ela foi trabalhar no Grupo MRC. A pressão na empresa era enorme, sem mencionar a transferência para trabalhar mais perto de Leopoldo. Naqueles sete anos, além de tirar licença maternidade para ter Geovane e voltar para sua cidade natal quando sua avó faleceu, ela quase não teve tempo livre. Como assistente de Leopoldo, ela estava praticamente sempre ao seu redor. Se Leopoldo não descansasse, ela também não tinha tempo para descansar. Mesmo quando Leopoldo descansava, ela tinha que manter seu telefone ligado a todo momento, caso surgisse alguma emergência.
Ela praticamente vivia em função dele, era exaustivo.
Antes, ela se mantinha tensa como uma corda, encondendo aquele amor a todo custo, e até pensava que viver assim pelo resto da vida não seria tão ruim.
Ele não se casaria, cuidaria daquela criança. Ela não se casaria, ficaria ao lado dele como assistente para sempre. Mas aquele sonho era irreal demais, um dia teria que ser despedaçado.
Ela podia suportar ser ridicularizada por aquele amor e não se casar nunca, mas não podia impedir que ele se apaixonasse por outra mulher. Seu sonho durou cinco anos, e finalmente era hora de acordar. Cinco anos já eram tempo suficiente.
Felizmente, acordar daquele sonho não foi tão doloroso; pelo contrário, ela se sentia aliviada.
Depois de tantos anos trabalhando no Grupo MRC, embora estivesse cansada, pelo menos tinha economizado algum dinheiro.
Ela comprou sua própria casa na Cidade B e, se encontrasse outro emprego, poderia ter uma vida mais tranquila, mesmo que ganhasse menos. Viver uma vida mais simples não parecia tão ruim.
Exceto pelo fato de que talvez nunca mais pudesse ver aquela criança.
Ao pensar em Geovane, uma sombra de melancolia surgiu nos olhos de Wilma, e uma onda de tristeza a envolveu. Ela se lembrava de quão fácil tinha sido estar grávida daquela criança.
No início não sabia, até desmaiar por hipoglicemia e ser levada ao hospital, onde descobriu que estava grávida de três meses após um ultrassom.
Aquela criança em seu ventre era tranquila, E ela não sofreu quase nada durante a gravidez.
Ela não teve nenhuma reação típica da gestação; naquela época, além de um apetite um pouco maior, tudo fluiu normalmente.
Ela até pensou em abortar, pois em uma família como a dela, se aquele canalha descobrisse que ela tinha um filho, certamente perguntaria de quem era.
Em breve, talvez desencadeasse um turbilhão, e era imprevisível que Nelson, desesperado, a forçasse a se casar com a família Orsi usando o filho como chantagem. Não conseguindo obter respostas, era possível que aquele escória raptasse seu filho a qualquer momento e o entregasse pessoalmente aos traficantes de pessoas.
Naquela época, ela estava apenas começando sua vida profissional, com pouca experiência e habilidades insuficientes, não ousava resistir como fazia agora.
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Os comentários dos leitores sobre o romance: Após divórcio, ex-marido implora por reconciliação todo dia
Por favor, continuem esse livro!...