Ardente Como O Sol romance Capítulo 21

Depois de Delfina completar 17 anos, Thales decidiu sair da casa da Família Dantas para viver sozinho.

Após sua mudança, ele começou a retornar com cada vez menos frequência. Para Delfina, a possibilidade de vê-lo passou de diariamente para uma vez por semana.

Beatriz comentou que ele estava muito ocupado com o trabalho, mas isso não a impediu de se sentir infeliz. Durante as aulas, ela apoiava o queixo na mesa, parecendo desanimada e distante.

Sua melhor amiga, com convicção, afirmou: "Seu irmão já tem 25 anos, ele deve estar namorando. Morar em casa não é conveniente, morando sozinho ele pode levar mulheres para passar a noite".

Delfina a acusou de estar falando bobagem: "Meu irmão não está namorando."

De qualquer forma, toda vez que visitava Thales, ela nunca tinha visto uma mulher lá.

Ela não acreditava nisso até que, no aniversário dele, quando se escondeu no apartamento para surpreendê-lo, viu com seus próprios olhos ele beijando uma mulher.

Para ela, foi como se o céu tivesse desabado.

Ela sabia o código da fechadura de Thales, pois era sempre o mesmo que ele usava usualmente. Ela costumava visitá-lo todo fim de semana, mas depois disso, nunca mais voltou.

Quando chegou ao prédio, Delfina subiu as escadas carregando uma garrafa térmica.

Ela não sabia se Thales tinha ido ao médico ou se tinha algum remédio em casa, então aproveitou para comprar alguns na farmácia no caminho.

Depois de tocar a campainha e esperar um pouco, a porta se abriu, revelando primeiro cachos castanhos e depois o rosto lindo e delicado de uma mulher.

Delfina ficou parada, sem reação.

Era a famosa atriz daquela noite, e mesmo sem maquiagem, sua beleza era de deixar uma impressão duradoura. Ela vestia apenas uma camisa masculina, cujas largas abas cobriam suas coxas, enquanto suas pernas estavam expostas, descalças, sem nem mesmo um par de chinelos.

A atriz, segurando a porta com uma das mãos, olhou para Delfina de cima a baixo com certa hostilidade, como se a visse como uma rival.

"Você está procurando o Thales? Ele ainda não acordou."

Depois de um momento de rigidez, Delfina encontrou sua voz: "Trouxe uma vitamina para o meu irmão."

"Ah, então você é a irmã dele."

Quando a porta se abriu e ela entrou, ela se virou e viu Thales se aproximando.

Ela baixou o olhar para os pés dele no saguão do elevador: "Irmão."

A voz de Thales estava rouca, provavelmente porque ele estava resfriado: "Por que você não chamou, já que veio?"

"Eu não queria incomodá-lo." - disse Delfina: "Ainda tenho que visitar a Glória no hospital."

"Eu levo você."

"Não precisa, você está doente. Descanse."

"É só um resfriado." - Thales entrou no elevador e desceu até o primeiro andar.

No elevador, um silêncio se instalou. Thales virou ligeiramente a cabeça para observá-la: ela estava encostada no canto, com os ombros colados à parede, mantendo o máximo de distância possível dele.

Hoje, foi o próprio Thales quem dirigiu. No caminho para o hospital, Delfina permaneceu o tempo todo olhando pela janela, perdida em seus pensamentos.