Atravessando: Da Coadjuvante à Protagonista romance Capítulo 260

A promessa de dez mil reais era apenas verbal, não havia nenhum compromisso formalizado em contrato, o que permitia ao dono da casa simplesmente decidir não pagar.

"Mãe, onde você está agora?"

"Acabei de terminar de arrumar minhas coisas e sair, estou aqui na porta da Casa Araújo."

Tânia foi expulsa da residência da família Araújo por Gabriel, que não lhe concedeu nem um dia a mais para se organizar, sem nenhum período de transição.

Morar na casa da família Araújo era um gesto de cuidado especial com ela e seu filho, não era um imóvel alugado por eles, portanto, não havia a obrigação de avisar com antecedência ou de providenciar um novo lugar para morar.

Agora, Tânia se encontrava na frente do grande portão de ferro da Casa Araújo, carregando suas malas.

"Você não conseguiu um carro? Posso chamar um para você."

Os ônibus não passavam frequentemente em frente à Casa Araújo.

"Não, eu prefiro esperar um pouco mais, quero falar diretamente com o senhor e a senhora quando eles voltarem."

Naquele momento, apenas Gabriel estava na Casa Araújo; Tânia ainda não tinha tido a oportunidade de ver Eduardo e Patrícia.

"Mãe..." Zélia sentia um amargo no coração.

Sua mãe ainda mantinha um fio de esperança.

Zélia queria persuadi-la a desistir, mas não conseguia encontrar as palavras.

Ela se sentia impotente, sem forças até para convencer sua mãe a desistir.

Após tentar fazer sua mãe desistir, ela também não poderia oferecer-lhe uma alternativa.

"Zélia, depois da escola... você não terá mais uma casa para voltar..." Tia Souza estava profundamente triste.

A ideia de sua filha voltar da escola e não poder mais entrar no quarto de Patrícia para fazer seus deveres tranquilamente fazia Tia Souza se culpar por sua impotência.

"Mãe, não se preocupe, está tudo bem. Nós já passamos por dias muito difíceis antes, isso não é nada. Vamos ficar em um hotel esta noite, e amanhã você começa a procurar por uma casa e depois por um emprego. Vai ficar tudo bem."

Zélia tentava confortar Tia Souza com todas as suas forças.

"Eu sei, eu vou conseguir."

Olhando para o relógio, Zélia percebeu que não poderia continuar a conversa:

"Zélia! Me desculpe, minha filha, me desculpe..."

Tia Souza olhou para sua filha que havia passado o dia inteiro na escola e voltado cansada, sentindo-se extremamente culpada.

"Mãe, eu estou bem."

Zélia tentou esconder sua tristeza para confortar sua mãe.

Nesse momento, o carro da família Araújo chegou trazendo Afonso.

Normalmente, Afonso, tendo sido buscado pelo carro da família, chegaria antes de Zélia, que voltava de ônibus, mas ele pediu ao motorista que o levasse primeiro à Casa Antiga Araújo, antes de voltar para a Casa Araújo.

Quando o carro se aproximou, o grande portão de ferro da Casa Araújo se abriu automaticamente.

Afonso, do banco traseiro, baixou a janela, encontrando o olhar de Zélia, que observava o interior do carro.

Afonso viu Tia Souza e Zélia, além das malas e sacolas ao redor delas.

Ele franzir o cenho e logo desviou o olhar.