Casados à Primeira Vista romance Capítulo 69

Karen estava chorando, e as lágrimas caíam sobre a pele alva dela, lembrando Kevin do que ele havia acabado de fazer.

Com olhos marejados de lágrimas, que brilhavam e refletiam o que o homem havia feito quando perdeu o controle, ela o encarou.

Ele ficou pasmo por um momento. Aquele que havia perdido o controle na frente de Karen era mesmo ele?

"Como eu pude... me descontrolar desse jeito?"

Kevin não conseguia entender.

Ele não sabia por que tinha agido assim.

O homem deu um longo suspiro, e então se aproximou de Karen bem devagar e beijou com carinho as lágrimas no rosto dela.

Eram lágrimas amargas, muito amargas. O gosto delas preencheu o coração de Kevin, e ele começou a sentir uma culpa que jamais havia sentido antes.

"Me desculpa", disse ele.

Assim que falou isso, o homem se virou e saiu com pressa.

A porta se fechou atrás de Kevin, fazendo com que Karen não pudesse mais vê-lo.

Ela abaixou a cabeça e olhou para o vestido rasgado. A mulher ficou tão triste que as lágrimas escorreram de novo pelo rosto dela.

Ela respirou fundo e tentou conter o choro. Em pouco tempo, já havia parado de chorar.

A mulher se encostou na porta e cobriu o rosto com as mãos. Então, respirou fundo.

Kevin entrou na vida dela de repente, quando ela ainda não estava pronta.

Com o passar do tempo, Karen começou a se importar com ele. Para a mulher, a forma como o marido a via fazia diferença, assim como o fato de ele saber ou não sobre o passado dela.

Por isso, ela não teve a coragem de lhe contar sobre o que aconteceu em Midwest. Karen não ousava nem imaginar o que o homem pensaria dela depois que soubesse o que aconteceu. Será que ele a interpretaria mal e a julgaria assim como o resto?

Por conta de toda essa insegurança, ela não conseguiu falar nada para Kevin, porque não queria que ele soubesse que a esposa vinha de uma família tão terrível.

Ela até achava que, se ele soubesse a verdade, provavelmente a largaria.

Bzz...

De repente, o celular em cima da mesa de centro vibrou, fazendo um barulho que assustou Karen.

Carregando o vestido como podia, ela pegou o celular. Um número desconhecido, que não estava na lista de contatos dela, apareceu na tela.

Mas Karen ainda reconheceu o número. Como ela poderia se esquecer dele, visto que pertencia a alguém que costumava ser tão próximo dela?

O celular continuou tocando, mas os dedos da mulher estavam paralisados. Ela estava tendo dificuldade em decidir se deveria atender ou não.

Depois de pensar um pouco, Karen decidiu ouvir o que essa pessoa tinha a dizer.

Portanto, deslizou os dedos pela tela e atendeu.

Apesar de ter atendido, ela não falou nada, assim como a pessoa do outro lado da linha. O silêncio era tamanho que elas conseguiam ouvir a respiração uma da outro pelo aparelho.

Depois de um tempo, Kristine foi a primeira a falar.

"Karen, você tá livre amanhã? Vamos nos encontrar."

Karen ouviu a pergunta da irmã, cuja voz ainda era encantadora como sempre.

Ela ainda se lembrava da forma como Faye costumava descrever a voz de Kristine: "Foi feita pra seduzir homens pelo celular. Não é de admirar que o Charlie tenha caído nos encantos dela tão rápido".

"Karen..."

Como Karen não respondeu, a pessoa do outro lado da linha tentou chamá-la de novo.

Três anos atrás, quando soube que a irmã orquestrou o incidente do cyberbullying, ela prometeu a si mesma que não a deixaria fazer mais parte da vida dela. Kristine já estava morta para ela.

Agora, ao receber uma ligação da irmã três anos depois, Karen se deu conta de que todo o ressentimento, o ódio e as outras emoções já haviam passado.

"Não tenho motivo pra me punir pelo que ela fez."

Foi o que ela pensou.

"Karen, quero falar com você sobre a mãe."

Quando a irmã tocou nesse assunto, Karen se lembrou de que a mãe estava doente, mas não perguntou sobre como tinham sido os últimos três anos. Comparada com as coisas que a mãe fez por não ter escolha, a irmã era mais cruel.

"É só dizer a hora e o lugar."

No final, Karen cedeu. Ela precisava saber como a mãe estava.

"Ouvi dizer que tem um restaurante que faz pratos típicos em Peace Road, em North Hill City. Vamos almoçar lá amanhã?"

Amanhã era sábado, então Karen não precisaria trabalhar. Como estaria livre, ela concordou em se encontrar com Kristine.

Depois de desligar a ligação, Karen parou na frente do espelho e olhou para o próprio reflexo. Kevin havia rasgado a alça do vestido dela, revelando a pele alva da mulher.

Se alguém a visse assim, com certeza fofocariam a respeito disso, portanto ela não podia sair desse jeito.

O problema era que Karen não tinha roupas para se cobrir, mas tinha que dar um jeito para que ninguém visse o rasgo.

Ela era uma estilista, que costumava cortar e costurar roupas quando fazia design de moda. Portanto, tinha muita experiência em mudar o design das roupas. Bastava que ela modificasse o vestido, e tudo ficaria bem.

Foi aí que a mulher teve uma ideia.

Ela amarrou o xale como se fosse uma gravata borboleta junto à alça do vestido, de forma que o rasgo e o chupão que Kevin deixou no pescoço dela não ficassem mais visíveis.

"Ótimo!"

Karen ficou satisfeita ao olhar para o vestido modificado.

Sentindo-se mais tranquila, ela abriu a porta e saiu.

No entanto, a mulher não esperava que Kevin, que já deveria estar longe a essa altura, ainda estaria parado bem na porta. No momento em que ela saiu, deparou-se com ele.

Os dois se entreolharam, mas ninguém disse nada. Eles não sabiam o que dizer, pois a situação era muito complicada.

No final, Karen falou: "É... Eu quero ir embora."

Ela estava de cabeça baixa e não olhava para ele. A mulher não sabia dizer o que era sentimento estranho e repulsivo que ela estava sentindo.

"Tudo bem", respondeu ele baixinho. Em seguida, pegou a mão dela e começaram a andar em direção à saída.

Karen queria se afastar dele, mas não o fez.

Afinal, ela era a esposa dele, não era? Seria ruim se o fizesse passar vergonha na frente de todos na festa.

Enquanto a mulher tentava justificar as ações de Kevin na cabeça dela, os dois chegaram ao carro.

O motorista, o sr. Watson, olhou pelo espelho retrovisor para as duas pessoas que estavam sentadas no banco de trás e perguntou com cuidado: "Aonde você quer ir, jovem mestre?"

"Pra casa", cuspiu Kevin baixinho. Em seguida, ele fechou os olhos e se apoiou no banco do carro.

O homem fingiu estar calmo, mas o coração dele estava muito agitado.

Ele não sabia o que tinha acontecido. Afinal, sempre foi calmo e teve autocontrole, então ainda não conseguia acreditar que tinha ficado fora de si na frente de Karen.

Kevin quase se tornou igual àquelas pessoas que a machucaram.

Se não fosse pelas lágrimas dela, ele já poderia ter feito coisas das quais estaria se arrependendo agora.

Felizmente, nada aconteceu. Ele não fez nada que pudesse machucá-la, e a relação dos dois continuava boa.

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