Casados à Primeira Vista romance Capítulo 70

Kevin tinha acabado de fumar vários cigarros no corredor, tentando descobrir o que havia acontecido mais cedo.

Ele acendia o cigarro e dava muitas tragadas, cada uma mais longa que a outra. Assim que terminava um, acendia outro.

Talvez ele tivesse ficado com raiva porque Karen não quis lhe dar uma explicação.

O homem era o marido dela. Bastava que ela lhe explicasse, pois ele acreditaria em tudo o que ela dissesse, mas a mulher estava relutante até mesmo em fazer isso.

O que havia de tão bom em Charlie Gook? Por que Karen continuava se envolvendo com ele depois que ele a machucou tanto?

Na opinião de Kevin, Charlie não passava de um babaca arrogante e rude que vinha de uma família podre de rica.

Ele nunca levou esse homem a sério. Por isso, nunca imaginou que Karen fosse gostar mais de Charlie do que dele.

Depois de ouvi-lo dizer que ele e Karen se gostavam desde que eram crianças e que esse tipo de relacionamento era o mais puro de todos, Kevin não se incomodou porque esses sentimentos deveriam estar no passado... Não deveriam?

Kevin deixou bem claro que Karen era a esposa dele agora, e que ela passaria o resto da vida com ele.

O homem não entendia por que estava sendo tão possessivo com Karen de repente. Ele nunca havia sentido tanto desejo por ela antes na vida. Era tão forte que não dava para acreditar.

Nesse momento, Kevin só conseguia pensar em uma coisa. Ele precisa conquistar de vez essa mulher para que ela se tornasse dele para sempre. Só aí Karen nunca mais conseguiria escapar dele.

Era uma ideia muito ingênua e infantil, mas era o que estava passando pela cabeça de Kevin. O homem estava pensando em várias coisas.

Kevin, aos 22 anos, assumiu oficialmente o controle do grande império de negócios, a Rovio Incorporation Inc, do pai dele. Ao longo dos anos, ele fez grandes planos. Não importava que dificuldades ele enfrentasse, nada era capaz de perturbá-lo.

Por que de repente se tornou tão possessivo com Karen? O homem não conseguia chegar a nenhuma conclusão.

Era por que a mulher era a esposa dele ou haveria outros motivos?

Pela primeira vez, um homem poderoso como ele não conseguia se compreender.

Estava muito quieto dentro do carro.

Kevin estava de olhos fechados, e Karen olhava pela janela. Ambos estavam em seus próprios mundos.

Normalmente, quando estavam juntos, a mulher costumava puxar assunto, pois sabia que o homem era quieto. Ele nunca tomava a iniciativa de conversar com ela.

Mesmo assim, Karen não se importava em ser aquela que sempre tomava a iniciativa. Em um relacionamento, um dos dois sempre tinha que ter mais iniciativa do que o outro. A única maneira de passar a vida inteira juntos era aceitando os defeitos um do outro.

Mas, hoje, Karen não queria mesmo falar com ele. Ela não sabia o que lhe dizer, e nem mesmo queria vê-lo.

Os dois só continuaram quietos o tempo todo até chegarem em casa. Nenhum deles disse uma palavra sequer.

Quando chegaram em casa, Kevin foi para o escritório como de costume.

Karen tirou o vestido e, com cuidado, costurou os rasgos com linha e agulha.

Como sabia desenhar roupas, a mulher acrescentou alguns detalhes ao vestido ao costurá-lo.

Talvez isso fosse uma falta de respeito com o designer original, mas, quando ela teve a ideia, por mais que costumasse ser sensata e cuidadosa, não se conteve.

Nos últimos anos, ela trabalhou com algo que não estava relacionado a design de moda. A mulher se esforçava ao máximo para não pensar nisso, mas a paixão pela moda sempre esteve ali.

Ela não sabia se o vestido era comprado ou alugado. De qualquer forma, ainda era melhor lavá-lo e passá-lo amanhã.

Quando Karen saiu do banho, já era quase uma hora da manhã, mas Kevin ainda estava no escritório.

Ela foi para a cama, como de costume.

Sem saber se a mulher já estava dormindo e sonhando havia muito tempo, Kevin deitou-se ao lado dela, afundando um pouco o outro lado da grande cama.

Ele se aproximou dela e a abraçou. Em seguida, chamou-a com a voz grossa de sempre: "Karen..."

Na verdade, a mulher não estava dormindo muito bem. Quando ele se deitou, ela acordou, mas continuou em silêncio.

Porém, quando o homem a abraçou, ela se lembrou do que aconteceu no banquete mais cedo.

Ele a tratou mal. Naquele momento, era como se ela tivesse visto um demônio capaz de engoli-la.

"Karen..." Kevin queria falar sobre o que aconteceu nessa noite. Ele se arrependia, mas achava que pedir desculpas era a coisa mais inútil do mundo.

Qualquer um podia dizer palavras bonitas, mas nem todos eram capazes de fazer o que diziam, então ele não queria apenas se desculpar.

Ainda mais quando viu as marcas no pescoço, na clavícula e no peito dela, o homem não conseguiu dizer uma palavra.

A pele dela era clara e delicada, e as marcas que ele fez nela eram tão assustadoras, e pareciam narrar sem palavras a violência que ele cometeu contra ela.

"Karen...", chamou ele baixinho mais uma vez.

A mulher tirou a mão dele de perto, tentando manter uma certa distância dele. Ela disse com calma: "Tá tarde. Vai dormir".

A distância entre eles deixou Kevin triste, e ele nunca se sentiu assim antes.

O homem não disse nada. Ele apenas encarou as costas dela em silêncio. O tempo foi passando, mas ele não conseguiu dormir.

Eles não conversaram sobre o que ocorreu no banquete essa noite, como se pudessem apenas fingir que nada aconteceu e seguir em frente com as vidas deles.

Eles não sabiam que a melhor maneira de lidar com um problema era enfrentá-lo. Evitá-lo só o transformaria em um problema ainda maior no futuro.

No dia seguinte, Karen dormiu até mais tarde.

Nos fins de semana, ela não precisava trabalhar e não tinha mais nada para fazer. Sendo assim, continuar dormindo, em vez de acordar cedo, era a melhor coisa.

Assim que a mulher acordou, ela olhou para a janela e viu um homem e um cachorro.

Hoje, Kevin não estava lendo o jornal. Ele só estava perto da janela, olhando para fora em silêncio. Ninguém sabia o que se passava na cabeça dele.

Momo estava deitada ao lado dos pés de Kevin, e rolava no chão de vez em quando. Ela estava muito entendiada, e tentava chamar a atenção dele.

O homem se virou e disse baixinho: "Você acordou".

Karen ouviu a voz sexy e agradável dele, mas apenas assentiu e não disse nada.

Momo correu até ela, e a mulher a pegou no colo. Em seguida, acariciou a cabeça da cachorrinha e disse: "Querida, a mamãe não precisa trabalhar hoje. Posso brincar com você".

"Au, au! Au!" Momo latiu algumas vezes e se aninhou nos braços da dona. Ela parecia muito contente.

"Levanta e vai se arrumar. Vou te esperar pra gente almoçar junto." Depois de ficar um pouco em silêncio, Kevin acrescentou: "Que tal se a gente for caminhar à tarde?"

Eles já estavam casados havia bastante tempo, mas o homem nunca ficava livre em nenhum fim de semana. A única exceção foi a vez em que foram àquele retiro na mansão. Normalmente, eles passavam os finais de semana em casa.