Casados à Primeira Vista romance Capítulo 92

Kevin não estava por perto, mas os dois não desligaram o telefone a noite toda. Karen podia sentir a presença de dele como se ele estivesse fisicamente ali com ela.

Quando despertou na manhã seguinte, ela ouviu a voz dele ao telefone. "Acordou."

Era como se ele estivesse mesmo sentado perto da janela, vendo que ela tinha acordado e olhando para ela.

Karen sorriu. "Sim, acordei."

Kevin continuou: "Mandei alguém para preparar o seu café da manhã".

"Sr. Kyle, o que eu vou fazer se um dia você parar de me tratar assim tão bem?" Perguntou Karen, triste.

Kevin fazia tudo com tanta consideração que, aos poucos, ela estava se acostumando e confiando nele.

Se um dia ele não fosse mais tão atencioso com ela, na verdade, a vida voltaria a ser como antes. Mas, uma vez que ela estava acostumada com a consideração dele, ela sentiria que Kevin não estava tratando-a bem. O que ela faria se isso acontecesse?

"Enquanto você for a Sra. Kyle, vou tratá-la bem." Ela era esposa dele e ele tinha o dever de tratá-la bem. Os pensamentos de Kevin eram bem simples.

"Está bem, eu sei. Garanto que não vou abandonar a posição da Sra. Kyle." Karen decidiu que ninguém ocuparia o cargo de Sra. Kyle pelo resto das vidas deles.

Karen resolveu colocar seu plano em ação imediatamente, então foi à empresa para entregar sua carta de demissão pela manhã.

Não tinha nenhum gerente no departamento comercial naquele horário, então Karen foi direto ao departamento de recursos humanos. Os funcionários não disseram nada sobre a demissão da Sra. Kyle, nem mesmo mencionaram os regulamentos que ela devia seguir para solicitar seu desligamento da empresa.

Graças ao relacionamento com Kevin, o procedimento todo foi bem rápido.

Quando Karen atravessou a porta da empresa, o ar frio a fez estremecer.

Aquela droga de clima fez a temperatura despencar, o que deixava a maioria das pessoas depressiva.

Ela puxou o casaco e se enrolou nele, pois não queria pegar um resfriado.

"Karen..."

Quando Karen estava prestes a ir embora, uma voz familiar e gentil soou atrás dela, o que a fez parar.

Ela até pensou que estava tendo alucinações, pois não acreditava que aquela pessoa iria aparecer de repente ao lado dela.

"Karen, sou eu..."

A voz envelhecida e chorosa alcançou os ouvidos de Karen novamente.

Mesmo achando que era uma alucinação, ela se virou lentamente e viu a pessoa parada atrás dela.

Como ela envelheceu e emagreceu tanto em apenas três anos?

Ela sempre foi muito magra, mas nunca tão magra quanto agora, parecendo até um esqueleto.

Karen abriu a boca e quis chamá-la, mas as palavras que estavam na ponta da língua nunca saíram de sua boca.

Ela não queria se lembrar de como foi abandonada três anos atrás, mas quando viu aquela mulher, as memórias reapareceram.

Ela se lembrou de sua mãe chorando e dizendo: "Karen, você é mais independente e mais forte do que sua irmã. Deixe-a ser feliz dessa vez."

Sempre que ela lembrava da mãe dizendo isso, seu coração doía, como se estivesse sendo cortado por alguém.

Só porque era independente e forte, isso significava que ela podia ser abandonada e incriminada?

"Karen..."

A mulher olhou para Karen com lágrimas nos olhos que caíam como pérolas.

Depois de se encontrar com Charlie, Karen finalmente tinha conseguido entender tudo.

Quando o incidente aconteceu, a traição de Charlie machucou seu coração, mas a atitude de seus pais a decepcionou ainda mais.

Quando perdemos um amor, temos a chance de encontrar um novo parceiro. No entanto, quando perdemos a nossa família, ela nunca pode ser substituída.

Os olhos de Karen ficaram inchados e as lágrimas ameaçaram rolar pelo seu rosto. Ela mordeu o lábio e olhou para cima, tentando não chorar.

"Karen, eu sei que fui injusta com você..." Enquanto falava, a mãe de Karen voltou a soluçar. "Você pode me culpar se quiser afinal, é mesmo minha culpa que eu não tenho opinião e não posso tomar decisões na nossa casa. E foi por isso que tudo aquilo aconteceu. Eu vi você sendo injustiçada e incriminada, mas não pude fazer nada."

Karen mordeu o lábio com ainda mais força e cerrou os punhos. Suas unhas estavam cravadas na carne, mas ela não sentiu dor.

"Karen, você não tem nada para me dizer?" Quanto mais tempo Karen ficava calada, mais triste a mulher ficava e mais ela chorava.

Karen não estava com vontade de falar, mas sim com medo, medo de não conseguir controlar as emoções e chorar na frente dela.

"Eu sei, sempre soube que sou fraca. Sempre fui fraca e não consegue nem proteger minha própria filha..." Disse a mãe de Karen, enquanto chorava, seu corpo magro tremendo.

Karen respirou fundo, se obrigou a endurecer o coração e disse calmamente: "Se você veio até aqui porque quer que eu volte para Beaford City e seja a barriga de aluguel do Charlie e da Kristine, já pode ir embora."

Três anos atrás, Kristine estava grávida de um filho de Charlie. O plano da família Gook era que Kristine se casasse com ele.

Mas, agora, Kristine não podia mais ter filhos, então eles seguiram as ordens de Charlie e foram atrás de Karen para levá-la de volta.

Karen pretendia ignorar totalmente o que Charlie fez e disse, mas nunca pensou que sua mãe viria de Beaford City para persuadi-la.

Três anos antes, ela chorou e foi obrigada a mandar Karen embora. Agora, ela tinha que pedir a Karen para voltar para Charlie depois de todo aquele tempo?

Não importava qual era o motivo, Karen não queria ouvir mais nada. Ela olhou para a pessoa que a gerou, mordeu os lábios para suportar a dor e foi embora, caminhando depressa como se algum monstro a perseguisse.

Na verdade, não tinha monstro nenhum, apenas o pânico de não conseguir controlar as lágrimas na frente dela.

Depois de andar depressa por algum tempo, Karen não conseguiu se controlar. Ela se escondeu em um canto escuro, cobriu a boca e chorou.

Quando todas aquelas pessoas ficaram contra ela três anos atrás, ela não chorou. Ela conseguia até esboçar um sorriso.

E, agora, ela tinha começado uma nova vida. Sua mãe, que já a amou tanto, até veio atrás dela. Será que uma dia ela foi mesmo tratada como filha?

Na verdade, Karen já sabia que, aos olhos de seus parentes, principalmente de seu pai, ela e Kristine eram apenas ferramentas para elevar o status da família Daly.

Sua mãe vivia com medo e nunca expressava suas próprias opiniões, apenas ouvia as instruções do marido.

Três anos mais tarde, depois de enfrentar Charlie e Kristine novamente, Karen conseguia tratá-los como estranhos. Porém, diante da mãe que tanto a amava, ela não conseguiu.

No final, Karen não aguentou. Ela saiu e olhou para trás, apenas para ver sua mãe tremer e cair no chão.

Naquele momento, ela não se importou com mais nada enquanto corria loucamente na direção da mulher.

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