Casados à Primeira Vista romance Capítulo 99

Onde estava essa coragem de atacar Kevin na noite passada?

Por que ela sentiu vergonha quando acordou depois de fazer tudo aquilo?

Nem mesmo Karen se entendia.

"Coma rápido. Vou acompanhá-la ao hospital depois de comer." Kevin adivinhou que ela não sairia do próprio devaneio se não a interrompesse.

"Ah." Karen concordou com a cabeça, mas seu rosto ainda estava muito quente.

Ela olhou para Kevin de canto de olho e viu que ele parecia elegante mesmo enquanto comia. Sua atitude era a mesma de antes, como se a noite anterior fosse apenas um sonho para ela.

Era quase meio-dia quando Karen e Kevin chegaram ao hospital.

Kevin tinha uma reunião importante, por isso não teve tempo de acompanhar Karen.

"Sr. Kyle..." Antes de ele sair, Karen o parou e franziu os lábios nervosamente.

Kevin olhou para ela e perguntou: "O que foi?"

Karen respirou fundo e reuniu coragem para dizer: "Quero que você me abrace antes de eu ir".

O que havia de errado com ela? Eles só iam ficar algumas horas separados, mas o coração dela estava relutante, como se o quisesse ao seu lado o tempo todo.

Kevin foi até ela e a abraçou. "Pode ir."

"Está bem." Karen se virou e entrou no hospital. Depois de alguns passos, ela olhou para trás e viu que ele ainda estava parado olhando para ela. Ela acenou para ele com um sorriso.

Ao longo do caminho, Karen ainda estava pensando sobre o que tinha acontecido na noite anterior e naquela manhã. Ela sempre pensou que a felicidade estava longe do seu alcance, mas agora ela sabia que na verdade estava bem ao seu lado.

Mais tarde, ela pretendia perguntar à mãe se ela queria uma neta ou um neto.

Ela planejava dar à luz dois filhos em três anos e deixar a mãe cuidar deles, evitando que ela ficasse entediada.

Karen abriu a porta do quarto, que parecia estar limpo e desocupado. Ela rapidamente chamou uma enfermeira que passava e perguntou: "Cadê a paciente que estava aqui?"

A enfermeira ergueu os olhos e disse: "A paciente deste quarto foi embora depois de receber alta ontem à noite."

"Impossível." Karen ficou um pouco ansiosa quando soube da notícia.

Ontem, sua mãe prometeu que ficaria com ela em Chatterton Town e nunca mais voltaria para Beaford City. Por que ela teve alta tão de repente?

A menos que... ela tenha sido levada de lá.

Karen se lembrou do número familiar alguns anos antes. Ela ligou e foi atendida imediatamente. Era a voz de Samuel.

"Karen, eu já levei sua mãe de volta para Beaford City. Não se preocupe mais com ela. Se quiser, pode voltar para casa para vê-la. Não te vejo há três anos, estou com saudades."

As palavras de Samuel soaram adequadas, como  se fosse algo que um pai diria à sua filha, mas Karen sabia que essa era apenas uma personalidade criada por Samuel.

A verdadeira intenção dele era levar a mãe de volta para ameaçá-la.

Karen tentou responder o mais calmamente possível: "Onde está a minha mãe? Quero falar com ela."

Samuel Daly suspirou e disse: "Sua mãe? Ela não está bem o suficiente para falar com você agora."

"Deixe-me falar com ela." Karen estava tão preocupada com o estado da mãe que suas mãos tremiam.

Ela nem queria imaginar o que seria da mãe nas mãos de Samuel.

Os ferimentos dela ainda não estavam cicatrizado e o dano mental era ainda mais sério. Ela não aguentava mais a tortura do marido.

Samuel sorriu e disse: "Sua mãe está fora de si e fica falando bobagens. Para evitar um acidente, eu a tranquei no depósito do quintal".

Depois de uma pausa, ele continuou: "Você deve lembrar bem daquele depósito. Está escuro e úmido porque ninguém o limpa há muito tempo. Há muitos ratos e baratas lá."

"Samuel, você sabe o que está fazendo? É ilegal manter sua esposa em cárcere privado." O comportamento de Samuel deixou Karen tão irritada que ela ergueu a voz, o que chamou muita atenção.

Samuel sorriu e disse: "Quer chamar seu pai pelo nome, que seja. Mas, o que há de errado em trancar minha esposa maluca num depósito?"

"Você não é o meu pai. Por favor, deixe eu falar com a minha mãe. Preciso falar com ela." Com um pai assim, Karen sentiu um desânimo com a vida.

Uma pessoa podia escolher seu próprio destino e como viver a vida, mas não podia escolher seus próprios pais.

Se pudesse escolher, Karen só precisava da mãe, não queria um pai que tratava os membros da família como ferramentas.

"Karen, se você está com tanta saudade assim da sua mãe, pode vir fazer uma visita. A porta da casa da Família Daly está sempre aberta para você, dando-lhe as boas-vindas." Depois de dizer isso, Samuel desligou o telefone.

Ele sabia muito bem que Karen não ia abandonar a mãe e que sem dúvidas voltaria à Beaford City para salvá-la.

Ele desligou o telefone completamente. Ao ouvir o tom ocupado, Karen ficou com tanta raiva que mordeu os lábios. Ela não conseguia nem imaginar o que sua mãe tinha sofrido na noite anterior.

Ela devia ter ficado com a mãe, devia ter imaginado que Samuel não desistiria tão facilmente. Por que ela deixou sua mãe sozinha no hospital?

Karen se odiava. Ela se odiou por ter se enchido de alegria por algumas horas e por ter estragado algo que já estava certo.

Sabendo que sua mãe estava em perigo, Karen não conseguia pensar direito. Ela se virou com pressa e pensou em ligar para Kevin para contar o que tinha acontecido.

Ela ligou, mas Kevin não atendeu, pois devia estar na reunião, então ela enviou uma breve mensagem.

Ela tinha que ir para Beaford City o mais rápido possível e resgatar sua mãe da fogueira. A mãe não podia ficar sozinha naquele lugar escuro.

Depois de várias horas para lá e para cá, já era noite quando Karen chegou à propriedade da família Daly.

Ela ergueu a mão e tocou a campainha, esperando nervosamente que o servo da família abrisse a porta.

O tempo em Beaford City era muito mais frio do que em Chatterton Town. Ela saiu tão apressada que não teve tempo de pegar nenhuma roupa. Àquela hora, estava tão frio que sua mandíbula começou a tremer.

Depois de ficar longe por três anos, ela achou que nunca mais voltaria ali. Inesperadamente, acabou voltando.

A amargura e a dor em seu coração eram obscuras e incompreensíveis.

Dizem que a coisa mais preciosa do mundo é a família. No entanto, o que significava isso na sua família?

Pai, irmã... eles não eram melhores do que um estranho que não tinha nada a ver com ela.

"Como você se atreve a voltar." Kristine parou no portão e olhou para Karen com frieza. "Você quer destruir essa família?"

"Abra a porta para mim. Eu quero ver a minha mãe." Karen não queria discutir com Kristine. Ela não queria mais nada a não ser levar sua mãe embora.

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