CASAMENTO PRIMEIRO,DEPOIS AMOR romance Capítulo 343

O quarto estava repleto com os pertences de Marta Soares, e as paredes estavam adornadas com suas fotografias.

Ontem, Marcel lhe dissera que a mansão não era apenas um lugar onde sua mãe havia trabalhado, mas sim onde ela vivera por vários anos. Não era de se admirar que Renata sentisse em todo lugar marcas de familiaridade, até mesmo as flores do jardim eram as prediletas de sua mãe.

Entrando no quarto, a sensação de familiaridade intensificou-se.

Marta já falecera há mais de uma década, e muitas memórias que lhe pertenciam começavam a se tornar nebulosas, mas agora, ao ver esses objetos, as lembranças ressurgiam.

Os dedos de Renata deslizaram pelo pó da penteadeira, que estava impecável, indicando que era frequentemente limpa.

Os objetos daqui pareciam ser de outra época, mas todos estavam bem conservados. Por outro lado, na Família Soares, depois que Diego casou-se novamente, as coisas da sua mãe foram relegadas ao porão, cobertas de poeira e esquecimento, e os itens de luxo vendáveis já haviam sido negociados.

Olhando para esses pertences agora...

Renata soltou um riso frio. Diego realmente não prestava.

A mansão pertencia a Marcel, então Marta ter vivido aqui era algo que acontecera antes do casamento, pelo menos vinte e cinco anos atrás. Havia muitos objetos que ela nunca vira.

Renata encontrou um álbum de fotos antigo sobre o criado-mudo, que claramente fora folheado inúmeras vezes – a capa de couro já estava gasta.

As fotos não estavam plastificadas e haviam amarelado com o tempo, mas ainda assim, era possível discernir a beleza da mulher nas imagens, com seus cabelos negros como cascatas, pele alva, lábios vermelhos e dentes brilhantes.

Mesmo de rosto lavado, era impossível desviar o olhar após uma única vista.

Ao ver a radiante Marta, Renata finalmente entendeu por que Diego, mesmo feliz em se tornar pai, insistira em se casar com ela.

O cenário das fotos no álbum era sempre a mansão – o jardim, os quartos, a sala, o corredor, a janela...

Predominavam as fotos de Marta sozinha, mas havia também fotos em grupo, das quais a outra pessoa sempre estava meticulosamente recortada, sem deixar sequer um pedaço de tecido.

O recortado... seria Marcel?

Essa separação não pareceu nada amigável, e considerando o quanto Sofia parecia desejosa de destruí-la, provavelmente sua mãe tinha magoado Marcel profundamente.

Na cabeça de Renata, já se desenhava uma trama de amor e ódio.

Observando o modo de proceder de Aline e Ivan Sousa, que tipo de pais teriam educado filhos tão implacáveis?

A Família Sousa de fato parecia ter um quê de criminosos natos.

Renata passou duas horas no quarto e, durante esse tempo, enviou informações sobre a esposa e os filhos de João para um detetive particular que contratara anteriormente.

Em uma gaveta, encontrou uma caixa de contas para fazer colares, de estilo princesa.

Renata pegou uma conta cor-de-rosa com um laço, surpresa por sua mãe, sempre tão séria e contida, gostar desse tipo de coisa.

Tais objetos eram impensáveis na Família Soares.

Provavelmente, Marta foi verdadeiramente feliz enquanto viveu aqui.

Renata suspirou, devolvendo a conta para a caixa, mas ao tentar fechá-la, uma conta caiu no chão.

As contas se espalharam, algumas rolando para debaixo da cama.

"..."

As que caíram fora eram fáceis de recuperar, mas as debaixo da cama exigiam mais esforço. Sem encontrar uma vassoura, Renata teve que se abaixar para pegá-las, felizmente o chão estava limpo.

Depois de recolher as contas, enquanto saía de baixo da cama, seu olhar involuntariamente se voltou para cima e ela percebeu algo colado no estrado da cama.

Era em um canto, invisível a menos que alguém se debruçasse para ver.

Parecia estar ali há muito tempo, a fita adesiva estava amarelada e descolando.

Lágrimas cobriam o rosto de Renata, que não sabia com que sentimento sua mãe havia colado aquele diário ali.

Pelas entradas, não era difícil perceber que, após seu casamento com Diego, ela cortou completamente o contato com Marcel, sem sequer mencioná-lo ao longo dos anos.

Mas no fim, talvez percebendo algo, ela escolheu esconder o diário naquela mansão.

Ao sair da mansão, Renata dirigiu sem destino pelas ruas, a morte de sua mãe era como um emaranhado de fios, anos de investigação não só não encontraram a ponta do fio, mas pareciam se complicar ainda mais.

Sem perceber, ela estacionou o carro em frente ao prédio da Família Adams.

Era horário comercial e o amplo e iluminado hall estava quase vazio. Renata estacionou e ficou distraída, olhando para o arranha-céu imponente da Família Adams que se erguia até as nuvens.

Os vidros da fachada refletiam a luz do sol de maneira ofuscante.

Nicolas desceu para buscar alguém e, quando estava prestes a entrar, viu o carro de Renata no estacionamento.

Não era porque ele tinha uma visão excepcional, mas porque ele reconhecia aquele modelo de carro muito bem. Olhou para a placa e então fixou o olhar no motorista, confirmando que era ela.

Renata estava distraída quando ouviu alguém bater na janela do passageiro. Voltando a si, ela olhou.

Ao reconhecer quem era, baixou a janela e perguntou: "O que você está fazendo aqui embaixo?"

Eduardo puxou a maçaneta da porta indicando para ela abrir: "Nicolas disse que havia alguém sentado no carro como uma 'estátua esperando o marido', olhando fixamente para a porta da empresa."

Renata destravou a porta, e o homem se inclinou para entrar.

Ele vestia um terno formal com gravata, o colarinho justo ao redor do pomo de adão, com abotoaduras de metal nos punhos, austero e sensual: "Você já está aqui embaixo, por que não subiu?"

"Não queria interromper seu trabalho."

Os olhos escuros dele olharam para ela, percebendo imediatamente que ela estava mentindo: "Mentira, você simplesmente não queria subir."