CASAMENTO PRIMEIRO,DEPOIS AMOR romance Capítulo 485

"Mário, late como um cachorro, rápido, late como um cachorro, au au au..."

"Mário, olha só, essa não é da tua laia, hein? Ui ui ui, ainda é uma fêmea, hein? Você precisa ser gentil com ela, quem sabe essa não será sua esposa no futuro. Olha só se tua esposa é bonita, vem, dá um beijo."

As crianças não entendem essas coisas, apenas imitam o que veem na televisão.

"Au au au..."

"Ha ha ha..."

Os latidos do cachorro e as risadas das pessoas se misturavam, de forma aguda e estridente.

Deitado na cama, Mário abriu os olhos abruptamente, o teto acima dele escondido na escuridão, e ele só podia ver vagamente a sombra de uma luz. Ele olhava fixamente para aquele lugar, sem mais ninguém por perto, e toda a sua malevolência, indiferença, ferocidade e ódio se revelaram sem qualquer disfarce.

Aquela sombra nos seus olhos, aos poucos, tomou a forma de um cachorro.

Que coisa... repugnante.

Não se sabe quanto tempo passou até que Mário se levantou da cama. Com os pés descalços, caminhou até a mesa e se serviu de um copo de cachaça, bebendo-o de uma só vez. A sensação de queimação do álcool percorreu a garganta até o estômago, provocando uma dor sutil.

Ele apertou o copo em sua mão, os nós dos dedos ficando brancos e salientes pela força, e seu olhar atravessou as sombras para pousar no céu noturno lá fora, "Renata..."

Essa mulher rude, fraca, tola, ambiciosa e gananciosa, nem mesmo merecia o seu irmão.

Seu irmão merecia o melhor do mundo.

Mário acariciou o copo, lembrando-se de como havia ficado feliz ao saber que deixaria o orfanato, mas esperou e esperou, e o que chegou foi a notícia de que a adoção havia sido cancelada.

Se a Família Adams não tivesse desistido na última hora, ele agora seria o segundo filho dos Adams, e tudo o que era de Eduardo também seria seu.

Eles teriam os mesmos pais, as mesmas coisas, a mesma educação; então, qual seria a diferença entre Eduardo e ele?

Essas coisas, que ele quase teve, mas que escaparam por um triz, se ele não podia tê-las com sua própria identidade, então teria com a de Eduardo. Ele faria Eduardo viver a vida que ele sonhava, segundo seus próprios desejos.

...

Sala de chá.

"Nata, sei que você está ocupada com os negócios do shopping e pode não ter tempo, mas ainda assim trouxe o convite para você. Posso ver que você realmente gosta desse ramo, e mesmo que esteja atarefada com outras questões, não deve desistir facilmente dos seus sonhos."

Doutor Samuel empurrou um convite em direção a ela, "Embora seja apenas uma avaliação de antiguidades, não vai tomar muito tempo, e você pode conciliar com sua situação atual, já que será transmitido ao vivo e não precisa de múltiplas gravações."

Renata não tinha contato com Doutor Samuel há muito tempo, e abandonar sua paixão de infância, por qualquer motivo que fosse, nunca é fácil. Ela temia encontrá-los por medo de reacender sua relutância em desistir.

Ela não esperava que, depois de tanto tempo, ele ainda pensasse nela.

O Doutor Samuel se levantou, deixando a xícara e alisou as rugas de sua roupa. No momento em que empurrou a porta para sair, hesitou e voltou atrás.

Vinicius, percebendo que algo estava errado, perguntou com curiosidade: "Doutor Samuel, o que aconteceu?"

O Doutor Samuel se moveu para o lado, revelando Renata parada do lado de fora, que ele tinha bloqueado com seu corpo. Ele olhou de volta para o surpreso Vinicius: "Conversem vocês dois."

Dizendo isso, ele se afastou.

"..." Vinicius ficou em silêncio por um momento, e com um sorriso constrangido, disse: "Você ouviu tudo? Desculpe, eu não pretendia enganá-la, só tinha medo de que você recusasse. Não fique chateada comigo por tomar essa decisão por conta própria."

Normalmente tão composto, naquele momento ele parecia um jovem desajeitado.

Renata segurava em suas mãos o convite para um programa de avaliação de tesouros, e sorriu, dizendo: "Eu deveria ser a pessoa agradecendo, Vinicius, obrigada."

Ela tinha saído às pressas e esquecido as chaves do carro, e não esperava ouvir a conversa entre Vinicius e o Doutor Samuel assim que se aproximou da porta. As dúvidas que ela tinha se dissiparam; as constantes persuasões do Doutor Samuel eram por conta de um pedido de outra pessoa.

Vinicius disse: "Não foi nada, eu apenas fiz a conexão. O organizador do programa tem uma certa relação comigo e, por acaso, queria te encontrar. Eu pretendia lhe entregar pessoalmente, mas temia a sua recusa, então pedi ao Doutor Samuel. Na verdade, eu sou apenas um intermediário nessa mensagem, então não mereço um agradecimento tão formal."

Renata não acreditava que as coisas fossem tão simples e coincidentes como ele dizia. Programas que podem aumentar a fama atraem muitos interessados: "Não só desta vez, mas também da última."

Vinicius, confuso, arqueou uma sobrancelha: "Da última vez?"