CASAMENTO PRIMEIRO,DEPOIS AMOR romance Capítulo 5

A viagem foi silenciosa, e a tensão era tão palpável que David temia até acelerar enquanto dirigia.

Somente quando ele estacionou o carro na área residencial suburbana, em frente à mansão, é que ele suspirou aliviado e saiu para abrir a porta do passageiro.

Renata, ao contrário de Eduardo, não era tão cheia de formalidades e preferia fazer as coisas por si mesma. Ela estava prestes a abrir a porta quando Eduardo disse casualmente: "Eu gosto de mulheres sensuais?"

Ela quase se engasgou com suas próprias palavras. Ele trouxe à tona algo que ela havia esquecido por completo, sugerindo isso apenas para manchar sua imagem. Quem poderia saber do que ele realmente gostava?

Renata se virou e viu que o olhar de Eduardo caía justamente abaixo de sua clavícula, carregado de uma intenção incerta.

Ela interpretou aquele olhar como desdém.

"Isso não é a natureza dos homens?"

Por isso, mesmo depois de três anos de casamento, ele não mostrou o menor desejo por ela. E ainda assim, Alice Silva também tinha uma figura bastante comum.

Eduardo franziu a testa: "Eu não gosto."

Renata sorriu ironicamente. Sua beleza tinha um tipo de agressividade que, se fosse qualquer outro homem, teria feito com que ele perdesse a alma naquele sorriso. Mas Eduardo apenas a observava friamente, sem emoção alguma em seu olhar.

Ela disse: "O que você gosta ou não, não me importa. Mas eu gosto de coisas grandes e funcionais; essa também é a principal razão pela qual estou me divorciando de você."

O rosto de Eduardo escureceu instantaneamente, e a atmosfera no carro congelou visivelmente.

O isolamento acústico do carro não era bom, e David, que estava do lado de fora, ouviu toda a conversa, sentindo um suor frio cobrir sua testa. Vendo que Eduardo estava prestes a se enfurecer, ele rapidamente agiu sob pressão e abriu a porta do carro—

"Senhor, senhora, chegamos em casa."

Renata saiu primeiro do carro e viu Mortícia se aproximando da mansão com um sorriso amável e a puxou para dentro, "Renata, mandei a Linda preparar para você um caldo de ninho de andorinha e acrescentei alguns ingredientes especiais para a beleza e saúde."

Eduardo, que ainda estava no carro, foi completamente ignorado.

Dentro da casa, Mortícia perguntou com a voz baixa: "Aquele moleque te maltratou?"

Ela tinha visto as notícias do dia anterior e estava preocupada que Renata estivesse triste, por isso pediu para que eles voltassem para casa naquela noite.

"Mãe, eu e ele..."

Ela queria contar sobre o divórcio com Eduardo, mas Mortícia a interrompeu: "Se aquele moleque te maltratar, me avise. Eu vou fazer seu pai pegar o cinto e dar uma lição nele! Não deixe ele te dominar. Vou te enviar um cardápio, só com coisas que ele detesta. A partir de amanhã, você vai servir isso para ele por um mês. E eu vou ligar para o Nicolas e dizer para ele não dar outras comidas ao Eduardo, senão ele está demitido!"

Ela não mencionou Alice Silva, para evitar que Renata se sentisse magoada.

Linda se aproximou com um xale, "Senhora, você estava se sentindo mal mais cedo, por que não levou um xale quando saiu? Senhora jovem, você tem que convencer a senhora a se cuidar mais."

Assim, a oportunidade de Renata mencionar o divórcio se perdeu completamente.

"Mãe, onde você se sente mal? Você chamou um médico?"

Mortícia acenou com a mão, "Ah, é só um problema antigo; vai melhorar com um pouco de cuidado. Não há necessidade de chamar um médico para vir até este lugar remoto no meio da noite."

Já era tarde, e depois que Mortícia acompanhou Renata a tomar o caldo de ninho de andorinha e colocou um novo bracelete em seu pulso, ela foi para o quarto dormir.

Não sabia se era ilusão, mas quando Eduardo pousou o olhar sobre ela, pareceu profundamente mais intenso por um momento, mas desapareceu em um instante.

O homem apagou o cigarro e entrou, passando por ela para entrar no banheiro sem parar.

Renata já estava acostumada, tão entorpecida pela amargura que nem sentia mais nada.

Logo alguém bateu à porta, era Linda trazendo uma tigela de sopa: “Senhorita, a senhora preparou pessoalmente esta sopa para o Senhor, por favor, certifique-se de que ele a tome. Não ignore o esforço da mãe; ela até queimou as mãos fazendo esta sopa... Ela pode parecer dura, mas é de coração mole. Lá embaixo ela não disse nada, mas está sempre preocupada com o senhor, temendo que ele não coma bem fora de casa e agora ela me mandou trazer-lhe isto.”

“Está bem.”

Renata compreendia, afinal, era o filho dela, e é claro que ela se preocuparia.

Eduardo tomava banho rapidamente e, ao sair, viu a sopa na mesa de centro.

Renata: “Mãe fez com carinho, beba logo.”

Eduardo olhou para a sopa, mas não disse nada e não mostrou vontade de bebê-la.

Vendo sua reação e lembrando-se das palavras de Linda, além do fato de que ele nunca comia o que ela cozinhava, Renata sentiu-se de repente irritada: “Eduardo, mãe se queimou fazendo essa sopa, você vai mesmo desprezar o carinho dela?”

Desprezar o carinho, essas palavras soaram para Eduardo com um subtexto.

Ele a olhou, e com um sorriso que mais parecia uma provocação, perguntou: “Você realmente quer que eu beba?”