CASAMENTO PRIMEIRO,DEPOIS AMOR romance Capítulo 530

O grande projeto estava prestes a se concretizar, e Viviana sentia-se tão revigorada física e mentalmente que mal conseguia se conter de tanta alegria: "Você nem imagina o quão obsessivo o Miguel é com o trabalho; ele é como uma máquina em alta velocidade, por onde passa, ninguém descansa..."

"Plaft..."

Uma pilha de documentos foi lançada diante dela, causando um baque surdo sobre a mesa: "Preciso de dez cópias de cada."

"???" Viviana levantou a cabeça, "Sou apenas a motorista, responsável por dirigir, não por ser secretária."

"Você é quem tem mais tempo livre."

"Entenda uma coisa, eu estou aqui como voluntária, ou seja, de graça. Não te cobro nada e você ainda reclama que tenho tempo livre? Nem os burros da cooperativa são tratados assim."

Miguel franziu a testa: "Fale mais alto, assim todo o escritório de advocacia vai saber que você é o burro da cooperativa."

Viviana desligou o telefone, revirando os olhos: "Não vou, chame o Valentim. Você está tentando fazer ele desistir, não usar isso como uma oportunidade para me treinar com represálias."

Ela finalmente estava conseguindo desfrutar de um merecido descanso, comendo bem, bebendo bem, e dormindo bem, decididamente não queria ser explorada.

"Seu irmão passou mal hoje, foi ao banheiro três vezes em meia hora, você quer que eu o explore sem piedade? Então, quando ele veio ao escritório, minha assistente estava de férias e precisamos desses documentos para uma reunião daqui a dez minutos. Você vai deixar nosso cliente esperando?"

"Não."

Viviana temia que a próxima fala de Miguel fosse: "Você pode levar seu irmão, que não faz nada direito, come primeiro em tudo, se não está comendo, está no banheiro, ou a caminho de um dos dois, de volta para casa."

Ela pegou a pilha de documentos que tinha a grossura de seu rosto, "Já vou fazer as cópias, dez de cada, sem faltar nenhuma."

"Se seu irmão ainda não saiu do banheiro a essa hora, ou continuar indo com essa frequência, você fará a ata da reunião. Se a assistente sair correndo para o banheiro toda hora, vão pensar que nosso escritório não é profissional."

Viviana sorriu, com um tom sarcástico que poderia ecoar por dias, "Entendido, Advogado Miguel."

Disse, e foi em direção à sala de cópias com os documentos.

Valentim estava tão fraco que mal conseguia se segurar em pé, apoiando-se na parede, caminhando devagar até o escritório de Miguel, com o rosto pálido como um fantasma. Ao ver Miguel, sentado ereto, exclamou: "Advogado Miguel, isso é muito injusto. Como pode, comemos a mesma coisa o dia todo, e só eu que passo mal? Será que para ser advogado é preciso ter um estômago de ferro?"

Se isso acontecesse durante um julgamento, seria um desastre.

Normalmente, uma audiência dura cerca de uma hora. Se acontecesse algo como hoje, tendo que correr para o banheiro três vezes em meia hora, o juiz teria que mudar o julgamento para a porta do banheiro?

Miguel, que estava preparando os documentos para a reunião seguinte, respondeu sem levantar a cabeça: "É diferente."

"O que tem de diferente?" Valentim franzia a testa, tentando entender, mas sem sucesso. Será que era porque ele escolheu frango e ele comeu coelho no restaurante?

Duas garotas na mesa ao lado o encararam com reprovação, dizendo 'como você pode comer um coelho, tão fofo?'. Ele manteve sua compostura de cavalheiro, não respondendo, mas pensou consigo mesmo: 'galinhas também são fofas, por que as comemos?'

Será que era por isso que ele estava sofrendo agora?

Miguel explicou: "Antes do julgamento, você bebeu um copo d'água que o réu te ofereceu."

"Ah? Aquela água estava contaminada?"

Aquela água era para Miguel, mas ele não bebeu e Valentim, com sede, acabou bebendo.

O olhar do homem pousou no rosto de Viviana, inspecionando-a cuidadosamente: "Enfeite?"

Viviana, levantando-se na ponta dos pés, aproximou seu rosto do dele, batendo levemente enquanto falava: "Não parece? Pele clara e bela, traços finos, lábios cheios, cheia de colágeno."

"Pele clara e bela não notei, mas ver seu rosto ficar vermelho, isso sim."

"......" Viviana ficou furiosa, quase revirando os olhos, "Deixa pra lá, o que se pode esperar de um homem hetero em termos de estética, te perdoo."

Ela sabia muito bem como fazer concessões, decidida a não se zangar por erros alheios. Se ela ficasse irritada, seria sempre culpa de outra pessoa. A sociedade já é complicada o suficiente, não há necessidade de complicar as coisas para si mesma.

Miguel: "Só reconheço a beleza e pele clara da minha namorada."

"Essa você não pode falar, geralmente quem diz isso acaba no caminho oposto, talvez você vire as costas e encontre uma bela morena, aí sim, seria um tapa na cara."

"Para mim, ainda seria pele clara e bela."

"......" Viviana não soube o que responder, afinal, o que ela tinha a ver com a declaração de amor para sua futura esposa?

"Viviana, pense sobre isso," Miguel disse seriamente: "Seus pais estão te pressionando para ter encontros arranjados, certo? Podemos namorar por um tempo, como se fosse um encontro desses. Se realmente não der certo, então que assim seja."

Essa foi a primeira vez que Miguel falou de namoro tão seriamente com ela, as vezes anteriores ela havia automaticamente assumido como piada, dada a falta de seriedade.

Viviana olhou para ele, atônita, ao encontrar seu olhar concentrado e um tanto opressivo, ela de repente ficou nervosa, inconscientemente esticando a língua para umedecer os lábios...