CASAMENTO PRIMEIRO,DEPOIS AMOR romance Capítulo 66

No dia seguinte, era sábado e não havia trabalho, Renata dormiu até às onze horas antes de ligar para Viviana para combinarem um almoço.

Na noite anterior, ela ficou tão irritada com Eduardo que hoje sentia um aperto no peito – é verdade que só se vive bem longe de homens canalhas!

Elas marcaram mesa num restaurante francês, de um cliente de Viviana, que ela foi aumentar a popularidade do restaurante.

Na entrada majestosa do restaurante, Viviana olhou para os dois porteiros vestidos a rigor e murmurou, segurando a carteira: "Hoje vai gastar mais dinheiro, a comida aqui é um caro. Se não fosse para prestigiar, eu teria dado a volta por cima a cinquenta metros de distância."

Renata sorriu levemente: "Sem gastar como isso, pode comprar antiguidades?"

"É verdade," respondeu Viviana, entrelaçando o braço no de Renata, "vamos, vou te mostrar como é que se desperdiça dinheiro com estilo."

O restaurante tinha uma decoração com vidro panorâmico de 360 graus, permitindo uma visão clara do interior. As duas mal chegaram à porta e tiveram de parar , pois Renata avistou uma pessoa sentada em uma mesa próxima à janela e franzindo o cenho.

Viviana também franziu a testa, com uma nota clara de desgosto na voz: "Quando é que ela voltou?"

Renata balançou a cabeça, indicando que não sabia.

A pessoa na mesa era a sua meia-irmã, Rita Soares. Quando a sua mãe morreu em um acidente de carro, seu desprezível pai rapidamente se casou novamente, e a madrasta trouxe uma filha dois anos mais nova que ela.

Viviana fez uma careta de desgosto e disse: "Vamos embora, espero que ela não venha causar problemas."

Ela escolheu propositalmente um local afastado de Rita, mas algumas pessoas, sem vergonha e incapazes de ler o ambiente, mal terminaram de fazer o pedido, e a mulher se aproximou, surpresa: "Renata, é você mesmo!"

Renata não se deu ao trabalho de responder. As duas nunca tiveram uma relação fraterna, e há três anos, a situação ficou tão tensa que quase chegou a um ponto de vida ou morte. Agora, reencontrá-la apenas trazia memórias negativas.

Viviana tinha um temperamento explosivo e não suportava o tipo maldoso e oportunista de Rita, e imediatamente respondeu de forma cortante: "Não venha aqui fingir intimidade. Até pode não ter vergonha, mas deveria pelo menos perceber que não é bem-vinda."

"Intimidade?" Rita olhou para Renata com desdém: "Ela não vale o que eu uso vesto, eu precisaria de me rebaixar a ela?"

Depois de acabar com Eduardo, Renata quase não usava roupas de marca, tanto pela falta de ocasiões quanto pela incompatibilidade com o trabalho. Mas Rita sempre amou tudo o que era de luxo, até para ir ao mercado queria estar vestida como uma rainha. Na época de esplendor da família Soares, só as bolsas de Rita ocupavam duas paredes inteiras.

Depois da falência, com credores por todos os lados e mesmo se escondendo de um lado para o outro, Rita se recusava a vender seus bens para saldar as dívidas. Eventualmente, o seu pai, um homem desprezível, levou-as para o exterior, deixando Renata sozinha no Brasil para enfrentar os cruéis credores!

Agora, Renata olhava para a roupa de luxo de Rita, sentindo uma complexidade de emoções. Não era inveja, apenas uma reflexão sobre como, sendo filhas da mesma família Soares, ela teve de sacrificar o seu casamento para pagar dívidas, enquanto Rita vivia despreocupada sob a proteção do pai.

O olhar de Renata finalmente se fixou no crachá pendurado no pescoço de Rita – Vice-presidente do Grupo de Seara.

Então, ela não só tinha voltado para o país, mas também tinha conseguido uma posição de liderança na empresa.

Viviana apoiou o queixo na mão e olhou para Rita com desprezo, como se estivesse observando um monte de lixo fétido: "Claro que você não precisa de se rebaixar, afinal, tem um pai sem vergonha e maléfico que destruiu a própria empresa e depois usou o nome da própria filha para conseguir empréstimos usurários. Com tanta maldade, não teme ser atingida por um raio!"

Num restaurante fino como aquele, onde as conversas costumam ser sussurradas, a voz alta e desinibida de Viviana chocou todos ao redor.

Ela e Rita competiam desde crianças e nunca perderam uma discussão; todas as perdas foram causadas pelo pai parcial e negligente.

Viviana, percebendo o que tinha dito, riu embaraçada: "Foi um engano, um engano!"

...

A exposição de caridade aconteceria na sexta-feira, e as peças exibidas seriam porcelanas da dinastia Tang recentemente desenterradas. Dizia-se que o promotor era um colecionador apaixonado por porcelanas daquela época. A exposição seria realizada no maior centro cultural de Kyoto, dividido numa área de venda e uma área de exposição.

O Centro de Restauro do Patrimônio de TJ, responsável temporário pela guarda das porcelanas, teria de enviar alguém para monitorar o evento durante todo aquele tempo.

Já que o estúdio tinha apenas cerca de uma dúzia de pessoas, e com exceção de alguns professores mais velhos, todos os outros foram para a exposição, incluindo Renata.

Renata passeava lentamente pelo salão, já tinha visto os itens da área de exposição, então foi diretamente para a área de vendas.

Os itens na área de venda eram diversos, incluindo caligrafia contemporânea, produtos de luxo, joias – todos com valores significativos. Eram objetos registados por terceiros, que, se vendidos, teriam dez por cento do preço de venda destinados à caridade.

Renata, que inicialmente estava apenas dando uma vista de olhos, de repente parou. Seu olhar fixou-se em uma pintura.

Era uma pintura contemporânea com um fundo de grandes manchas de tinta colorida, aparentemente sem ordem, mas artisticamente harmonizadas. Ao olhar mais atentamente, podia-se ver a silhueta de uma menina com um gorro vermelho e um vestido longo de veludo preto, segurando uma lanterna em forma de coelho.

Em um instante, os olhos de Renata encheram-se involuntariamente de lágrimas...