CASAMENTO PRIMEIRO,DEPOIS AMOR romance Capítulo 8

A ferida na perna estava enrolada em gaze, não dava para dizer se estava inflamada, mas certamente estava inchada, elevada. "O médico já examinou isso?"

A atitude dele era demasiadamente indiferente; mesmo vendo a perna dela inchada, não havia um traço de compaixão em seu olhar, o que deixava Alice Silva incapaz de decifrar os seus pensamentos, sem coragem de se fazer de vítima.

"O médico refez o curativo, provavelmente infectou quando... se molhou no banho hoje."

Eduardo tirou uma caixa de cigarros do bolso, pegou um e colocou entre os lábios, ignorando completamente o sinal de proibido fumar na parede. Com um 'clique', a chama do isqueiro surgiu, iluminando as suas feições duras e frias com uma luz quente.

Ele deu uma tragada no cigarro antes de voltar a olhar para a perna de Alice Silva disse: "Alice, se escolheste este caminho, então segue em frente com determinação, não desvalorizes o ideal pelo qual decidiste abandonar tudo."

Alice Silva não esperava tal resposta; ela pensou que, ao ver seu ferimento, ele ao menos expressaria alguma preocupação ou ofereceria conforto.

Afinal, o Eduardo de antes até se preocupava quando ela se queimava com óleo, franzindo a testa e aplicando gelo na queimadura pessoalmente.

"Eduardo," sua voz embargou um pouco: "Ainda estás ressentido comigo? Naquela época eu..."

"Não há nada para ressentir, foi a tua escolha, e eu também escolhi te apoiar." Eduardo apagou o cigarro. "A perna é tua, se não quiseres mais dançar, faz o que bem entenderes com ela, eu não voltarei ao hospital."

Eduardo saiu sem hesitar, sem olhar para trás.

Não muito depois de ele sair, Tina entrou. "Como foi? Sr. Adams mostrou alguma reação ao ver teu ferimento?"

"Ele disse que não virá mais ao hospital."

"Não mostraste o teu charme nem te mostraste frágil? Eu sempre te disse, os homens gostam de se sentir necessários para as suas mulheres, não podes agir com arrogância como fazes normalmente, isso só vai afastá-lo ainda mais."

Alice Silva pensou no rosto impassível do homem, forçando um sorriso mais feio do que choro: "Naquela situação, acho que mesmo se eu morresse diante dele, ele apenas te pediria para tratar dos meus assuntos póstumos com calma."

Tina ficou em silêncio por um momento, depois balançou a cabeça: "Os homens são orgulhosos, especialmente alguém poderoso e influente como o Sr. Adams. Quando vocês se separaram... foi por que você o desrespeitou demais!"

Alice Silva não disse nada, um traço de autodepreciação passou pelos seus olhos. Naquela época... foi assim?

...

No dia seguinte, não precisando mais trabalhar como babá para a família Adams, Renata acordou naturalmente tarde.

Viviana já tinha ido para a loja e mandou uma mensagem no Whatsapp: "Marcamos para amanhã ir até o Sr. Luís, mas marquei com um cliente e não poderei te acompanhar."

Depois de se formar na universidade, Viviana abriu uma loja de antiguidades com o investimento da família, e o trabalho de Renata também era intermediado por ela.

Ela respondeu com um "Ok" e, depois do café da manhã, saiu.

Ela tinha de encontrar um lugar para ficar depois de sair da residência dos Adams, e morar perto do trabalho seria conveniente.

Renata foi a uma imobiliária e, numa manhã, escolheu um apartamento de dois quartos e uma sala; o local era próximo ao estúdio, com poucos móveis, o que era perfeito para transformar o quarto extra num escritório.

O mais importante era que a administração do edifício era responsável; era necessário registrar o número do RG para entrar e sair.

O vendedor se virou para procurar o contato de Eduardo no computador.

Renata não tinha intenção de ficar muito tempo, depois da dor momentânea, só lhe restava o paralisia. De qualquer forma, eles estavam se divorciando, não era da sua conta para quem ele dava presentes.

Ela estava prestes a sair quando foi interrompida por Tina: “Srta. Soares.”

Renata não esperava ser reconhecida pela outra, arqueou uma sobrancelha e perguntou: “O que você quer?”

Tina não perdeu palavras, falou diretamente: “Srta. Soares, tão jovem e bonita, porquê insistir em um homem que não a ama? Melhor deixar isso para lá enquanto ainda é jovem e pode encontrar alguém melhor.”

“Essas palavras, foram a Alice Silva que pediu para você dizer?” Renata ergueu o queixo com arrogância: “Realmente, os tempos mudaram, antigamente as amantes se escondiam, com medo de serem descobertas e punidas, agora têm a audácia de confrontar a esposa legítima?”

A postura dela ao dizer isso era completamente esmagadora. Tina não recuou: “Na questão do amor, a verdadeira amante é a que não é amada. Alice e o Sr. Adams sempre foram um casal.”

“Agente Tina, você ainda não é casada, certo?” Renata estreitou os olhos, exalando um charme sedutor: “Quando você se casar, eu farei questão de apresentar alguns bons amigas ao seu marido, para comemorar a sua generosidade.”

Tina ficou com a boca trêmula, sem ter uma resposta, enquanto Renata falava com uma voz suave, mas carregada de uma ameaça invisível: “Quanto à bolsa, por favor, passe uma mensagem para a Srta. Silva, peça que ela transfira metade do dinheiro para a minha conta. Embora seja um presente do Eduardo, ainda não estamos divorciados, é parte do patrimônio conjugal. Se eu não receber a transferência em três dias, ela pode esperar uma carta do meu advogado.”

Tina não esperava que esta mulher, que parecia tão tranquila, fosse tão difícil de lidar!

Como lidar com alguém tão difícil de ser persuadida? Por um momento, ela ficou sem palavras. Renata virou-se para ir embora, mas nesse momento o vendedor atrás dela a chamou, trêmulo: “Sra. Adams, o Sr. Adams... ele pediu para que a senhora o esperasse aqui.”

O vendedor, antes de fazer a chamada, não esperava se deparar com uma cena tão explosiva, e muito menos que, tendo ligado para o número do assistente do Sr. Adams, fosse o próprio Sr. Adams a atender o telefone!