Faz uma semana que não vejo Raed, desde aquele dia que desmaiei. Acho que mexi com seu orgulho árabe. Todas as servas têm muitas reservas comigo, acho bom isso. Falam o estritamente necessário, apenas a jovem Tamires que quebra esse protocolo e fala pelos cotovelos. Foi através dela que eu soube que Raed pergunta à Hamira de mim, todos os dias, sobre meu estado de saúde. Sempre antes de sair para o trabalho.
Não quero dar muita trela para suas fofocas, a minha situação no Palácio é delicada, afinal estou hospedada na casa de um homem solteiro. Embora o palácio seja enorme, isso não é muito bem-visto na nossa cultura.
Aperto os lábios quando penso no Sheik. Trabalhei com ele tanto tempo e agora ele me odeia. Ele deve ter achado minha atitude uma traição, e me culpa pelo que aconteceu.
Agora é meia-noite e eu estou no jardim. Caminho por entre as rosas vermelhas, símbolo do amor, um sentimento que sempre sonhei para mim, e agora terei que me contentar com menos, com algo arranjado. Um caminho sombrio que eu ainda não sei o que esperar.
Sentei-me no banco e olhei para a lua prateada, suspirei e me imaginei vendo-a do meu apartamento. Falando em apartamento, preciso conversar com Raed. Eu preciso acertar com o dono. Preciso resolver a vida que eu deixei para trás. Embora, com certeza, o príncipe, quando resolver acertar, dará uma generosa quantia e tudo será resolvido.
—Saudades de casa? —Escuto a voz de Raed nas minhas costas. Meu coração se agita. É sempre assim quando ele está por perto.
Eu me levanto do banco e me viro para ele.
—Eu estava pensando no meu apartamento. Preciso acertar tudo lá.
Ele continua caminhando em minha direção, encurtando o espaço entre nós. Isso me deixa nervosa. Graças a Allah ele para.
—Já está tudo resolvido. Isso já foi providenciado.
—Já? Mas e meus móveis, objetos pessoais?
Ele mostra os dentes.
—Móveis? Você não precisará mais deles. Roupas? Você terá novas roupas. E quanto a fotos, e alguns objetos menores, mandei que empacotassem e despachamos. Chegará aqui daqui alguns dias.
Suas palavras evidenciam todo o seu poder e eu estou nas mãos dele. Luto contra o pânico. Ele irá sempre me dizer o que eu poderei ou não fazer.
Céus! Não gosto nada disso.
—É, vocês pensaram em tudo mesmo... como senhores feudais mandam e desmandam. E nós, as mulheres, pobres coitadas, só temos que obedecer.
Raed ofega e passa a mão nos cabelos, num gesto impaciente.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Cativa do Sheik
To gostando desse livro... bem leve e interessante....