Ciclo de Rancor romance Capítulo 104

― Já chega! ―

Brendan avançou e agarrou a mão de Deirdre. Todo o espetáculo foi tão irritante que ele rangeu os dentes e rosnou:

― Já terminou de bancar a vítima!? Você está tão empenhada nisso que me enoja! O que você espera? Que se eu te ver se fingindo de pobre humilde maltratada, por tempo o suficiente, vou acreditar que você é uma santa? Meu Deus. Quando eu penso que você não vai mais conseguir se rebaixar, você me surpreende! ―

‘Bancando a vítima? Quão cego esse sujeito é para pensar que tudo isso é um fingimento?’ Pensou a enfermeira, impressionada.

O novo ferimento de Deirdre doía tanto que seu braço tremia. Ela não havia terminado a tarefa que Brendan ordenara, então simplesmente murmurou, apesar de sua expressão pálida:

― Você pode, por favor, me deixar em paz? Eu não terminei de limpar. ―

― Vá para o inferno com a limpeza! ― Brendan berrou. Ele chutou a lata de lixo com tanta força que cada fragmento da tigela quebrada caiu de volta no chão.

Então, o monstro olhou para a enfermeira e trovejou:

― Você limpa isso! E quero que faça isso com as mãos, assim como ela! Você não vai parar a menos que seus dedos estejam sangrando! ―

Essa mudança repentina de comportamento deixou a enfermeira tão atordoada que ela pensou que o homem era completamente insano. Mas, antes que ela pudesse responder, Brendan arrastou Deirdre para fora do quarto, para tratar de sua mão.

Não foi uma jornada tranquila e Deirdre continuou lutando contra seu aperto, até que Brendan a prendeu na cadeira:

― Se você acha que estou tentando salvá-la, pare de se iludir. Minha única preocupação é que você não sangre até a morte porque tenho um plano para você. Um plano divertido que não quero que seja desperdiçado, só porque você morreu! ―

― Um plano? ― A declaração enigmática drenou as cores do rosto da Jovem. 'O que isso quer dizer?'

Brendan riu, satisfeito.

― Bem, bem, bem. Você pelo, menos entendeu rapidamente que não vem coisa boa pela frente. ―

Deirdre trincou o maxilar, de medo:

― Não fui obediente, Brendan? Não tenho ouvido você e feito tudo o que quer que eu faça? Se eu tiver, então, por favor... eu imploro, não arraste Sterling de volta para isso! ―

A expressão de Brendan escureceu quando uma pontada o atingiu no peito.

‘Então, ela fez todo esse drama por causa da porra do Sterling Fuller, de novo!?’

Uma raiva incontrolável se espalhou por todo o corpo do monstro, como fogo e ele a apertou, ainda mais, fazendo que um dos cacos penetrasse em sua própria mão, sem que ele sentisse. Então, um sorriso frio surgiu em seus lábios:

― Você nunca vai deixar de ser tão cheia de si, não é? Deixe-me lembrá-la de uma coisa, Santa Deirdre. Você não pode nem se proteger. O que te faz pensar que pode proteger Sterling? Você acha que ele se lembrará de seus sacrifícios tão nobres? ―

Deirdre deu de ombros e apertou os lábios.

― Não preciso que ele se lembre de nada. A única razão pela qual faço isso é porque devo a ele. ―

O cômodo ficou em completo silêncio por alguns segundos. Brendan, com sua personalidade narcisista, jamais conseguiria entender isso. Ele nem mesmo achava que poderia dever alguma coisa a alguém.

― O que você deve a ele, hein? Deve um relacionamento a ele? ― Brendan retrucou, apertando o queixo da jovem com tanta força que destacava as cicatrizes em seu rosto. Então, o homem riu ― Você me surpreendeu de novo, Deirdre. Consegui deixar seu rosto ainda mais feio. Desse jeito você vai virar uma deusa da sedução! ―

A atmosfera na sala era tão rígida que o médico que entrou teve que parar em seu caminho, perplexo. Mesmo assim, ele se sentou do outro lado da mesa e voltou sua atenção para a paciente:

― O que aconteceu? Isso é muito sério, hein!? Esse lugar é muito sensível. Se o corte fosse mais fundo você poderia ter perdido o movimento da mão ― Então, ele perguntou, franzindo a testa ― Como você conseguiu cravar tantos cacos nessa mão? ―

E, com uma pinça, começou a recolher pedaços de cerâmica, de vários ferimentos. O rosto de Deirdre ficou branco como papel, enquanto o médico trabalhava. Então, quando acabou, o médico olhou para ela com respeito:

― Você é muito boa em suportar a dor. Esse procedimento não é nada fácil. No entanto, você suportou em silêncio! ―

Ela não disse nada, mas Brendan soltou um sorriso de escárnio que parecia dizer: 'Em que mais uma vadia sem amor próprio poderia ser boa?'

Ele teria dito isso em voz alta se o médico não estivesse lá.

― Eu notei que sua mão também está sangrando, Senhor Brighthall. Você também está ferido? Deixe-me tratar de você. ―

Foi então que Brendan notou o próprio ferimento. O sangue escorria do corte e pingava da ponta do dedo, mas ele não sentia nenhuma dor.

― Obrigado. ―

Depois que seus ferimentos foram tratados, Brendan puxou Deirdre para fora do hospital, a empurrou para dentro do carro e foi embora.

Depois de uma hora, Brendan saiu do carro e puxou Deirdre para fora do veículo. Então, a jovem ouviu um coro de pessoas animadas que os cumprimentava:

― Sejam bem-vindos a Night City! ―

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