Ciclo de Rancor romance Capítulo 127

― Por que eu saí? Por que eu deixei Bliss sozinho? Se eu tivesse ficado na mansão, isso não teria... não teria... eu mereço morrer! ―

Enquanto ela murmurava para si mesma, Sam se sentia triste por ela. Tinha sido ele quem tinha colocado Bliss em sua vida, mas isso ainda resultou em um colapso emocional de Deirdre.

― Não diga isso. Não é culpa sua! ―

Deirdre estava chorando, então foi incapaz de ouvir o comentário de Sam. Ainda trêmula, a jovem se levantou, firmou as pernas e caminhou, passo a passo, na direção do cheiro de sangue.

O segurança tentou impedi-la de se aproximar porque era uma cena verdadeiramente horrível:

― Não venha. Você vai se sujar. ―

‘Sujar? Eu sou a suja! Se outra pessoa tivesse cuidado de Bliss, talvez ela ainda estivesse mastigando um brinquedo agora. Fui eu quem causei sua morte.’

― Não está sujo... Bliss não está nem um pouco sujo. Por que estaria? ― Deirdre estendeu os braços para sentir o chão até que finalmente tocou o cachorro mutilado. Ela começou a chorar de alegria e segurou Bliss em seus braços.

― Senhora... ―

― Bliss, você nos culpa por não termos avisado que iriamos sair, não é? Eu não fiz de propósito. Eu comprei um brinquedo e uma roupinha para você. Se um dia eu encontrar uma maneira de voltar a enxergar, você vai colocá-la e me mostrar, não é? ―

Brendan voltou correndo do teatro, depois de receber a ligação de Sam. Ele encontrou Deirdre sentada, sozinha, em uma poça de sangue e viu o cachorro morto e desmembrado em seus braços, no quintal.

Apesar de odiar cães, ele ainda ficou surpreso, ao testemunhar a cena.

O corpo inteiro de Deidre estava encharcado de sangue e o homem sentiu como se seu peito estivesse sobrecarregado, até mesmo respirar tinha ficado difícil, depois de ver a expressão confusa no rosto de Deirdre.

― O que aconteceu? ―

A expressão de Sam era desagradável:

― Não tenho muita certeza. Voltamos para casa e encontramos o cachorro no quintal. ―

― Você verificou as imagens de vigilância? ―

― Já mandei que verificassem. Teremos os resultados, em menos de uma hora. ―

Brendan acenou com a cabeça e foi verificar Deirdre. Seu corpo cheirava mal, por causa do sangue. Brendan deu um passo à frente, agarrou seu pulso e disse:

― Pare de agir como uma louca, Deirdre! O cachorro está morto. Vamos lá para cima, você precisa tomar um banho e se trocar. ―

― Não me toque! ― Deirdre lutou vigorosamente. Todo o seu corpo estava tremendo e ela envolveu os braços em torno de Bliss, em uma tentativa de aquecer o cadáver com a temperatura do corpo.

― Você vai ficar bem. Não vai morrer. ―

Brendan ficou furioso:

― Quando você vai parar de se enganar? É apenas um cachorro. Você tem que ser tão dramática?! Aposto que você não derramou nem mesmo uma lágrima quando nosso filho morreu, não é? Então levante-se, de uma vez por todas! ―

‘Nosso filho?’

Deirdre ficou atordoada. Então, seus olhos ficaram vermelhos de lágrimas e ela sentiu como se seu coração estivesse pegando fogo.

‘Quem Brendan pensa que é? Como ele pode ter a audácia de me questionar assim?’

― E você, Brendan? Ficou triste quando perdi nosso filho? ― Deirdre levantou a cabeça e o questionou, de maneira calma, com um sorriso de escárnio nos lábios. Em sua cabeça, a jovem imaginava que ele tinha ficado aliviado, quando soube do aborto de seu filho, então ele e Charlene devem ter sentido um peso sair de seus ombros.

Brendan foi pego de surpresa. A verdade é que o homem tinha sentido um grande vazio em seu coração quando descobriu que Deirdre tinha perdido a criança. Ele se sentiu bastante arrependido por não ter conseguido proteger Deirdre, mas nunca contaria a ela como ele se sentia.

― O que lhe dá o direito de me questionar? Você nem conseguiu protegê-lo, então não merecia ser mãe, desde o início. ―

Deirdre ficou chocada. Ela olhou na direção de Brendan, com olhos vermelhos e gritou:

― Vá embora! ― E respirou pesadamente, exasperada. Brendan era a única pessoa que não merecia criticá-la! Ela não conseguiu proteger a criança porque a pessoa que colocou seu filho em perigo foi ele, o próprio pai.

'É irônico!’

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