Ciclo de Rancor romance Capítulo 152

Deirdre não podia ver Charlene, mas podia ouvir a arrogância e o orgulho no timbre de sua voz.

‘Parece que Charlene esperava por esse momento, há muito tempo.’

Deirdre respirou fundo. Seu amor-próprio recusou-se a deixar seu inimigo derrotá-la. No entanto, ao pensar em Sam ela sorriu em derrota.

‘Quem sou eu para merecer amor-próprio.’

― Senhorita McKinney, estou aqui para pedir seu perdão. ― Deirdre levantou a cabeça, fixando na direção da impostora, seu olhar vazio. ― Uma pessoa de grande estatura moral não deveria se lembrar das ofensas cometidas por alguém de baixa estatura moral. Por favor, não se ofenda com uma pessoa tão baixa como eu. ―

Charlene sorriu.

― Você é muito cortês. Por que eu tornaria as coisas difíceis para você, quando nós duas somos mulheres, não é? É que ainda estou de mau humor por causa daquele incidente. ―

Reprimindo o riso, Cherlene insinuou:

― Que tal isso. Você me ajuda com uma coisa e não vou mais importunar você, se ficar satisfeita com o resultado. Que tal isso? ―

Deirdre ficou surpresa com a gentileza de Charlene. ‘Charlene pode realmente ser tão gentil?’ Mas, no momento seguinte, ela ficou desapontada.

― Leve minha nova criada para o quintal e peça para ela lavar minhas roupas, à mão. ―

‘Lavar roupas à mão no meio do inverno, ao ar livre, no quintal?’

― Você tem alguma objeção? ―

Deirdre cerrou os dentes. Como ela poderia não saber que Charlene a estava atormentando, de propósito? Afinal, era o objetivo de Brendan também.

‘Desde o princípio ele sabia e me fez vir aqui para ela me atormentar.’ Mas, Deirdre balançou a cabeça e respondeu:

― Tudo bem, farei isso. ―

Charlene saiu da sala de estar e foi para a sala de jantar, onde o jantar estava servido. Enquanto isso, o criado levou Deirdre para o quintal, onde colocou um bocado de roupa em seus braços.

― Seja rápida! Lave essas roupas sem gracinhas, mas se você tiver a audácia de tentar alguma palhaçada, direi à senhorita McKinney! ―

Deirdre concentrou sua atenção em lavar a roupa. A água, no inverno, era gelada e metade de seus braços ficava dormente, assim que ela mergulhava os braços na água.

Ela se preparou para agitar a roupa, mas suas mãos estavam dormentes por causa do vento frio. O criado sentou-se ao lado, com as pernas cruzadas, e ficou furioso por ter que ficar ao ar livre, no meio do inverno, por causa daquela mulher.

― Eu disse para você ser rápida. Você é surda? ― O servo se levantou e deu um chute em Deirdre. A jovem firmou seu corpo, com grande esforço, e virou a cabeça na direção do criado.

Mesmo que seus olhos estivessem vazios e fora de foco, sua expressão mostrava ferocidade e o criado sentiu medo, sem motivo aparente, ao encontrar os olhos de Deirdre:

― O que... O que você está fazendo? Como você se atreve a olhar para mim quando é sua culpa não ser rápida o suficiente? Quem você pensa que é!? ―

O criado ficou furioso. Deirdre enxugou a água do rosto, levantou-se e tornou a encher um balde de água.

Seus braços estavam insuportavelmente doloridos de tanto esfregar roupa. Por outro lado, as mãos de Deirdre estavam cobertas de manchas de sangue pelo esforço e atrito contínuos. Combinando isso com a água fria, as mãos de Deirdre estavam tão doloridas como se tivessem colocado pimenta em suas feridas.

O criado aproveitou um momento em que Deirdre abanava as mãos, tentando reduzir a dor, para derramar sabão em pó nas feridas, enquanto abria um sorriso arrogante e a repreendia:

― Ei! Você sabe ao menos lavar roupa? Como você vai lavar a roupa sem usar sabão em pó? ―

― Ahhh! ―

Os olhos de Deirdre ficaram vermelhos de lágrimas e ela enfiou as mãos na água fria, mas a dor ainda perfurou suas palmas repetidas vezes, como facas afiadas.

‘Isso dói tanto...’

Seu corpo inteiro tremia violentamente, com suor frio escorrendo pelo rosto. O criado ficou satisfeito com a reação de Deirdre e depois de deixar o sabão em pó para trás, foi para o pátio, para se esconder do vento.

A jovem só se recuperou da dor, depois de lavar as mãos com água limpa. Ela rangeu os dentes e se preparou para continuar lavando a roupa.

Quando tudo acabou, suas mãos já estavam dormentes. Ela levou a roupa limpa para a sala de estar e descobriu que Charlene jantava, acompanhada de algumas criadas que atendiam às suas necessidades.

Ela observou Deirdre retornar com as mãos avermelhadas e cheias de gelo e sentiu-se satisfeita em seu coração, mas soltou um suspiro.

― Senhorita McKinney, eu planejava mandá-la para casa mais cedo, mas você trabalha muito devagar. ― Ela resmungou e disse: ― Você demorou três horas para lavar as roupas, então não há mais tempo para secar. O que a criadagem vai vestir amanhã? ―

Deirdre juntou os dedos congelados e manteve a cabeça baixa:

― Peço desculpas. ―

― É inútil você me pedir desculpas. Teremos apenas que ver se minhas criadas aceitam suas desculpas. ―

Atrás de Charlene estava o criado que fizera companhia a Deirdre no vento frio. Ele já estava ansioso para reclamar, então disse imediatamente:

― Eu não aceito as desculpas dessa mulher. Tudo bem que ela demorou a lavar a roupa, mas ela nem lavou bem. ―

Ela puxou uma peça de roupa da bacia e repreendeu:

― Você faz jus à sua cegueira. Você nem viu as manchas na roupa e não conseguiu lavá-la bem. Você lavou a roupa em vão e vamos ter que lavar tudo de novo! ―

― Isso é impossível! ― Deirdre assegurou-se de lavar cada peça de roupa de forma precisa e caprichada.

― Como é impossível? ― O criado riu e disse, em tom de zombaria: ― Você não vê como está sujo? Há uma mancha escura, bem aqui. Como alguém pode usar isso? ―

Charlene deu um sorriso largo e lançou um olhar satisfeito para o criado. Então soltou um suspiro:

― Parece que você não fez um bom trabalho. O que devemos fazer sobre isso, hein? ―

Deirdre respirou fundo. Suas mãos estavam dormentes por causa do frio extremo, mas seu corpo começou a esquentar, depois de voltar para dentro de casa. Por isso, suas mãos começaram a doer violentamente e ela estava suando de dor.

Ao mesmo tempo, seu estômago começou a doer insistentemente e Deirdre percebeu que não tinha comido nada naquele dia. Então, ela colocou a mão na barriga e seu rosto ficou terrivelmente pálido de dor, sua cabeça ficando tonta.

Charlene disse:

― Caramba. O que está acontecendo? Por que seu rosto está pálido, quando você acabou de lavar uma ou duas peças de roupa? Você não vai me culpar, certo? ―

Os lábios de Deirdre tremiam e ela reprimiu a voz trêmula quando disse:

― Não. Meu estômago está doendo, é só isso. ―

― Então, você está com gastrite, hein? ― Charlene sorriu casualmente e lançou um olhar para seu criado. ― Não sou uma pessoa impiedosa. Sinto muito por fazê-la trabalhar para mim sem comer. Greenlee, vá para a cozinha e prepare algo para Deirdre. ―

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