Ciclo de Rancor romance Capítulo 162

Quando Brendan finalmente terminou de violentá-la, Deirdre esperou que ele adormecesse, antes de sair da cama, com a mão na cintura. Ele a havia privado de pílulas anticoncepcionais, então a única maneira que restava para tentar evitar uma gravidez indesejada era se lavar depois da relação, mas, Brendan, de repente, abriu os olhos negros e frios e ficou encarando, por alguns instantes, as costas da jovem que se afastava, até perguntar, com a voz rouca e fria:

― Onde você pensa que vai? ―

Deirdre mordeu o lábio:

― Me lavar. ―

Brendan sorriu:

― Sério? Se lavar? Ou fugir para comprar pílulas anticoncepcionais, na farmácia? ―

Deirdre havia planejado fazer isso, no dia seguinte, e por isso, congelou no tapete quando foi chamada. Antes que ela pudesse responder, Brendan a puxou pelo braço e a prendeu contra a cama, mais uma vez.

Seus olhos consumiam tudo, como um buraco negro, e seu sorriso torto distorcia completamente suas feições:

― Não se preocupe. De qualquer maneira, você é infértil. ―

Deirdre estava perplexa, pois a segurança no tom de voz de Brendan a deixou atordoada:

― O que você quer dizer com isso? ―

― Exatamente o que eu disse. ― O homem fixou em Deirdre um olhar belicoso. ― Não sei como você fez aquele aborto, mas danificou seu útero o suficiente para que você não possa mais conceber um filho. Você sabia disso? ―

“O quê?!” A mente de Deirdre ficou em branco.

Os ouvidos da jovem zumbiam, mas ela ainda ouviu o comentário seguinte de Brendan, que foi acompanhado por sua zombaria cruel de marca registrada:

― Um castigo adequado para você, não é? Você falhou em proteger seu próprio filho, então quando o Ceifador o levou embora, levou sua chance de ser mãe junto. Você nunca mais poderá ter um filho, Deirdre. Isso não é conveniente? Você nem precisará se preocupar com controle de natalidade, nunca mais! ―

Os olhos de Deirdre ficaram vermelhos:

― Não! Não, você está mentindo para mim! ― Ela sabia que as chances de engravidar novamente seriam baixas, mas saber que eram nulas tinha sido um golpe forte. Seus lábios tremiam e seus olhos estavam úmidos. Ela reprimiu as lágrimas teimosamente e canalizou sua dor, em uma negação enfurecida. ― Você só está brincando comigo, não é?! Como posso ser infértil?! Como pude perder minha capacidade de gerar um filho, Brendan?! ―

― O que há de tão impossível nisso? ― Brendan rosnou de volta, acusadoramente. Apertando o pulso da jovem com mais força. ― Você abortou tomando uma droga qualquer. Deus sabe se a substância era realmente segura ou aprovada para uso! Você fez isso em um lugar que não era dedicado à saúde da mulher! Você realmente esperava fazer tudo isso e, de alguma forma, sair ilesa?! ―

Deirdre lutou contra as lágrimas, mas os soluços começaram a escapar dela:

― Seu desgraçado... ―

Sem saber como reagir, a jovem mordeu o ombro de Brendan com toda a força. Mesmo assim, seus olhos estavam cheios de muito ódio. ‘Por que você simplesmente não morre logo, seu bastardo?! Por que você nunca morre?!’ Ela gritou em sua mente. ‘Que tipo de pecado eu cometi para merecer isso?!’

Lágrimas brotaram dos olhos opacos, como um dilúvio. Se até a chance de ser mãe aquele homem havia roubado. O que mais ela tinha?

Apesar da força colocada por Deirdre, a mordida pareceu não afetar Brendan. Afinal, qualquer dor em seu ombro parecia insignificante em comparação com a agonia sufocante que sentia no peito e, no final das contas, foi a impaciência com a histeria, ao invés da dor em si, que o fez erguer a Deirdre pelo queixo e a afastar dele.

Ainda agarrando o queixo delicado, o monstro a forçou a se aproximar dele:

— Isso dói em você, Deirdre? Minha dor é maior que a sua! Você fez esta escolha! Você não tem o direito de bancar a vítima quando foi você quem fez todas essas escolhas, incluindo seu caso com Sterling! ―

Deirdre respirava com dificuldade. Ela estava prestes a ter um colapso nervoso. Afinal, aquele monstro tinha a ousadia de dizer que a dor dele era maior que a dela. Com qual argumento ele poderia jogar a carta da vítima? Foi ele quem ordenou que removessem o filho dela! Foi ele quem arruinou seu rosto, seus olhos e seu filho ainda não nascido. E agora, a jovem ainda descobria que, no processo, ela tinha, até mesmo, perdido a chance de ser mãe biológica.

― Como você ousa, Brendan... Por que você não me disse... que quando eu te salvei do incêndio, isso iria custar meu rosto, meus olhos, meu filho, minha fertilidade e minha felicidade? ― Ela resmungou, suas palavras arrastadas por seus dentes batendo, enquanto lágrimas continuavam rolando de seus olhos. ― Se eu soubesse... Se eu soubesse... Deus, eu nunca teria... pulado lá e salvado você... ―

A verdade é que, desde que tinha reencontrado Brendan, fora da prisão, ela se arrependia mais e mais de ter salvado a vida do homem. Naquela época, ela pensou que estava mergulhando nas chamas para proteger a vida de alguém. Mas, percebia que nunca havia deixado o fogo. Ela esteve presa naquele mar de chamas o tempo todo, sofrendo no inferno.

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