Ciclo de Rancor romance Capítulo 163

― Me salvou? ― O olhar de Brendan era sombrio. As palavras assumiram um tom absurdo, no momento em que as ouviu escapar dos lábios de Deirdre. ―Você disse que me salvou? Quando, posso perguntar? ―

Deirdre apertou os lábios, em desespero e o homem riu.

― Você não é capaz nem de se salvar! ― ele zombou. ― Pelo amor de Deus, nunca mais diga algo tão ridículo. As pessoas ao seu redor vão se sentir envergonhadas por você! ―

O homem soltou o aperto no queixo de Deirdre. Agora que sua frustração embriagada havia encontrado um escape, não havia razão para ele ficar.

A jovem baixou as pálpebras trêmulas. Na escuridão, ela sonhou com um rosto embaçado. Uma criança. Ela esperava que, se a reencarnação fosse verdadeira, o mesmo bebê se tornasse seu filho novamente, para que assim, Deirdre pagasse a dívida que devia à criança. Mas agora, ela se perguntava se era apenas um sonho, afinal e, como pensamentos tristes na cabeça, dormiu.

Na manhã seguinte, Sam foi visitá-la. Ele notou a bagunça e o cansaço de Deirdre, enquanto ela estava deitada na cama, com sinais reveladores em seu pescoço e clavículas. Era fácil dizer o que tinha acontecido na noite passada, e seu coração doía.

― O Senhor Brighthall veio, não foi? ― Ele perguntou.

Deirdre abriu os olhos e forçou a desolação em seu peito de volta ao estômago.

― Veio. ― Ela assentiu, com dificuldade.

― Você conseguiu contar? ―

― Ele apareceu tão de repente que não tive tempo de dizer nada. ―

Sam estava com a boca seca. Ele lambeu o lábio inferior, lutando por uma resposta, e finalmente disse:

― Tudo bem. Mas, na minha humilde opinião, quanto mais cedo passarmos essa informação para ele, melhor. Se você prolongar demais, ele pode se importar cada vez menos. Essa apatia não vai beneficiá-la. ―

― Eu sei. ― Ela assentiu, mas sua mente estava ocupada por outra coisa, então era impossível para ela mudar seu foco. Por mais importante que Bliss fosse, sua mente não se desviava de sua infertilidade.

A jovem forçou seu espírito a se animar e saiu da cama:

― Vou tomar um banho, enquanto você me ajuda a arrumar essa bagunça. Depois de fazer isso, vamos preencher os papéis de alta. ―

― Certo. ―

O segurança arrumou o quarto, de qualquer jeito, e os dois deixaram a enfermaria. Alguns passos depois, porém, Deirdre perguntou, de repente:

― Sam, quem é o médico responsável pelo meu tratamento? ―

Sam não entendia por que ela se importaria. No entanto, disse:

― Quer que eu leve você até ele? ―

― Por favor. ―

Deirdre entrou no escritório do homem e fechou a porta, enquanto o médico a observava, não parecendo nada surpreso. Depois de um tempo, a jovem perguntou:

― Não posso mais ter um bebê, posso? ― O médico teve dificuldade em encontrar a resposta perfeita e, se aproveitando do silêncio prolongado, Deirdre continuou: ― Tudo o que preciso é de uma resposta clara e detalhada. Você não precisa se preocupar com meus sentimentos, sou muito mais durona do que você imagina. ―

― Bem, a resposta é sim e não. ― Disse o médico, hesitante. ― Não é como se você não pudesse mais engravidar e ponto final. Você pode, mas as chances são... pessimistas. O estado da medicina hoje não pode melhorar essas chances, então, por enquanto, se você vai engravidar novamente ou não depende da sorte. Talvez... Se você cuidar melhor de si e do seu corpo, poderá aumentar um pouco mais essa chance. Mas, novamente, a taxa de sobrevivência do feto ainda será próxima de zero. Sinto muito, senhora. ―

Deirdre sorriu, sem graça:

― Entendo. De qualquer forma, obrigada. ―

Sam segurou na mão da jovem, assim que ela saiu do escritório e Deirdre reuniu todas as forças para encobrir a pontada no peito. Então, respirou fundo e disse, com voz firme:

― Vamos. ―

Ao longo da jornada de carro, Deirdre inclinou a cabeça para o lado e se encostou na janela. Ela podia sentir o vendaval gelado vindo do outro lado, mas tudo em que conseguia pensar era no prognóstico do médico.

Baixa probabilidade de gravidez. E chances ainda menores de o feto sobreviver. Quase nulas.

― Você está bem? ―

As palavras de Sam chegaram aos seus ouvidos e finalmente a tiraram do transe. Ela baixou os olhos:

― Desculpe, o que você disse? Eu me distraí. ―

O segurança não se ofendeu com a distração, afinal, podia dizer, só de olhara para o rosto consternado da jovem que algo a estava preocupando, por isso, disse com a voz suave:

― Bem, eu só estava pensando em quando você pretende entregar esses documentos, sabe? ―

Deirdre respirou fundo:

― Ele está na empresa? ―

― Não. Foi se encontrar com Madame Brighthall e com a Senhorita McKinney. ―

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