Ciclo de Rancor romance Capítulo 165

Brendan estreitou os olhos, assim que seu olhar cruzou com a mulher perto do sofá.

Ele não havia notado isso quando ela estava em seus braços, mas agora, era impossível não perceber, Deirdre tinha se tornado apenas pele e osso. Ele podia ver suas clavículas subindo e descendo, apenas com seu esforço para respirar e isso o irritou, por algum motivo.

― Apenas ignore. Para todos os efeitos, ela é invisível ― Brendan zombou, com insensibilidade característica e desdém sem reservas. Ele se inclinou para perto de Charlene, com os lábios a centímetros de suas orelhas, e acrescentou: ― Venha para o meu quarto. Nosso relacionamento será oficial, depois desta noite... ―

Ele não disse isso em voz alta, mas foi o suficiente para que as palavras repercutissem por toda a sala. Deirdre sentiu uma pontada no peito, mas não era nada comparado ao frio cortante em seu coração.

Ela não estava surpresa, no entanto. Na verdade, ela queria rir. Apenas alguns dias atrás, Brendan havia exigido que ela lhe desse um filho e agora, logo após a revelação de sua infertilidade, aos olhos dele, ela havia perdido seu propósito e função. Naturalmente, ele a havia descartado como um homem joga fora coisas indesejadas e trouxe Charlene para casa, para que pudessem passar a noite juntos. Para que pudessem oficializar o relacionamento deles.

‘Ele deve ter esperado por esse momento por muito tempo.’ Deirdre pressionou a língua contra os dentes, enquanto mantinha a cabeça abaixada, sem saber como deveria agir. Charlene, no entanto, tinha mais falsa modéstia de sobra:

― B-Bren! Eu acredito em você, mas você pode, sabe... pelo menos não falar sobre isso enquanto Deirdre ainda está aqui? Ela ainda é sua esposa, você sabe... ―

― Não é mais! ― Brendan retrucou, impacientemente, como se qualquer menção a ela fosse um crime contra seu humor. Deirdre tinha tanto domínio emocional sobre ele que o enfurecia. Tinha sido uma semana cansativa e ele teve que confiar em sua atitude de workaholic para suprimir seu desejo de vê-la no hospital e ignorar sua teimosa mágoa.

O homem não conseguia entender por que aquilo acontecia com ele. Por que essa mulher, cujo coração era mais feio do que ela jamais poderia ter imaginado, dominava todos os seus pensamentos? Era porque ela foi a primeira mulher a transar com ele? A primeira a se tornar sua ‘esposa’? Mas, essas coisas eram apenas sentimentos confusos que sua mente criava simplesmente porque ela foi a primeira a ter intimidade com ele?

Se sim, então Charlene poderia fazer o mesmo, com o tempo e a intimidade. Na verdade, Charlene poderia fazer melhor. Eles estavam genuinamente apaixonados, afinal.

― Devemos subir? A menos... A menos que você não esteja sentindo isso. Podemos fazer isso da próxi... ―

― Não! Quero dizer, nada mudou na maneira como me sinto! ― A resposta de Charlene interrompeu o final de sua sugestão. Se ela deixasse a oportunidade passar, sabia que Brendan se arrependeria e começaria a recusar todos seus avanços, mais uma vez. Mesmo naquela situação, ela só tinha a chance de provocá-lo porque Brendan estava muito bêbado. A impostora queria muito consumar o relacionamento deles o mais rápido possível, mas sabia que sóbrio, Brendan jamais concordaria. Afinal, aquela era a primeira vez que o homem cedia. Também era a primeira vez que ele ficava tão excitado. Se ela deixasse essa chance escapar, seria o fim daquele momento.

Ela lançou um sorriso de satisfação, na direção da jovem pálida de pé ao lado do sofá:

― Vamos, Bren. Tenho certeza de que ela ficaria aqui em silêncio, escutando tudo o que fazemos, se nós não a tivéssemos visto. Vamos subir. ―

Brendan beijou o pescoço de Charlene e eles começaram a se mover em direção às escadas, mas quando estavam prestes a subir o primeiro degrau, sentiu uma força puxando seu braço. O homem se virou e se deparou com Deirdre.

Um sentimento estranho começou a aquecer seu coração. Era uma expressão de ciúme? Ela estava chateada porque ele estava prestes a ficar com outra mulher? Isso significava que ela ainda... se importava?

Mas, se ela se importava com a união deles, então por que interrompeu a gravidez? Por mais que o homem tivesse relutado no começo, ele tinha percebido que a criança era mais do que uma vida, era a semente deles. Mas, Deirdre odiou tanto o produto de sua união que até sacrificou sua chance futura de ser mãe para acabar com a gravidez.

― Não me perturbe! ― Ele perdeu a cabeça. Lembrar do aborto e de que não seria pai obscureceu o sentimento caloroso inicial. Seus olhos ficaram frios e sua voz tão amarga quanto a geada, no pior dos invernos.

A repulsa e o desdém em sua voz eram tão puros e impressionantes que Deirdre se sentiu um pouco sufocada. No entanto, ela sabia que não deveria deixar a oportunidade passar. Uma vez que esses dois fossem para o quarto e transassem, a verdade por trás da morte de Bliss, bem como as acusações indevidas e calúnias que ela suportou, não significariam mais nada para aquele homem desprezível e estúpido.

― B-Brendan, pare. ― Seus lábios tremiam ligeiramente. Ela teve que reunir todas as suas forças, apenas para manter a compostura em sua voz. Ela levantou a cabeça para encontrar seu olhar. ― Não estou tentando impedir você, nem nada. Só estou pedindo alguns minutos. Há algo que preciso dizer. ―

― Não estou interessado. ― Brendan deu um tapa na mão da jovem, friamente e não lhe daria nem mais um olhar. ― Não me encha mais o saco. Garanto que posso fazer você se arrepender amargamente, se insistir. ―

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