Ciclo de Rancor romance Capítulo 35

― Deirdre! Deirdre! ― As pupilas de Brendan se contraíram de medo e o homem jogou fora o guarda-chuva para pegar a mulher, a quem levou rapidamente para dentro da casa, sem se preocupar com o rastro de lama que os dois deixavam por todo o chão da mansão.

Afinal, a respiração da jovem estava tão fraca que cada uma sempre parecia que seria a última. O corpo também estava tão gelado que mais parecia o de uma pessoa morta, com a única exceção do rosto, que ainda ardia em febre.

― Eu não vou deixar nada de ruim acontecer com você! ― O homem gritou, arrependido pela intensidade do castigo e Steven certamente ficaria surpreso de ouvir, pois perceberia que naquela voz, havia ansiedade e preocupação genuínas, apesar das palavras não serem gentis.

― Você acha que pode escapar, apenas perdendo a consciência? Você acha que pode acabar com tudo fácil assim? Isso é impossível! Você é minha por toda a vida e será enterrada no túmulo de minha família, quando morrer! Nem pense em se desvencilhar de mim. Nem pense nisso! ―

Enquanto se lamentava, em desespero, Brendan a enrolou em um cobertor, ligou o aquecedor e chamou um médico.

Agitado, fumou um cigarro, enquanto esperava na porta da mansão. O médico chegou e foi levado para o quarto, onde encontrou Deirdre, ainda com as roupas molhadas. O médico franziu a testa e disse:

― Como você pôde deixá-la com as roupas molhadas? Isso só vai piorar a condição dela. Você tem que deixá-la seca, imediatamente! ―

O médico tentou puxar o cobertor, mas foi pego de surpresa, quando Brendan agarrou seu pulso. Com os olhos escuros e cheios de uma presença agourenta, ele disse:

― Eu faço isso. ―

― Ah... me desculpe... ― O médico disse, surpreso com a atitude de Brendan. Ele não planejava tirar as roupas de Deirdre, mas precisava examinar a paciente e não esperava que o homem fosse tão possessivo que impediria algo tão corriqueiro.

Para o médico, aquela era uma situação totalmente sem precedentes, pois se tratava de uma mulher com o rosto completamente desfigurado. O que o fez pensar que, talvez, aquele casal já tivesse passado por algum trauma terrível que os impedia de permitir que qualquer estranho se aproximasse da jovem. De qualquer forma, o médico saiu do quarto, incrédulo.

Brendan apagou o cigarro e afastou o cobertor do corpo de Deirdre. As roupas encharcadas estavam coladas ao corpo e a pele estava vermelha por causa da febre alta. A jovem não passava de uma figura lamentavelmente doentia, entretanto, até mesmo naquelas condições, o homem sentiu desejo e teve que sacudir a cabeça para afastar os pensamentos libidinosos, enquanto secava Deirdre e a vestia com roupas limpas.

― Oh, Sterling, me tire daqui... ―

Uma frieza se formou nos olhos escuros de Brendan e o último tom de simpatia que havia ali desapareceu.

Quando Deirdre acordou, não tinha a menor noção do tempo que passara e, muito menos, do que fazia deitada naquela cama. Ela sentiu as roupas em seu corpo e percebeu que não usava mais a mesma roupa. Quanto à hora, não sabia se era dia ou noite, mas sentia a garganta doer e sair da cama para beber água parecia um grande desafio.

Então, a memória da tempestade voltou e Deirdre sorriu, com tristeza, sem saber se estava feliz por ter sobrevivido. De qualquer forma, isso não a surpreendia. Brendan não podia deixar que ela morresse, senão, quem ele usaria para responsabilizar qualquer coisa que acontecesse de errado com Charlene?

A lógica da jovem era simples. Enquanto Charlene estivesse viva, Brendan manteria Deirdre para culpar por tudo que acontecesse de errado.