Ciclo de Rancor romance Capítulo 38

Ao dizer isso, Charlene virou a cabeça para o lado, com o corpo tremendo de medo, como se relutasse em estar na presença de Deirdre. No entanto, como tinha sido combinado com Brendan, a jovem desfigurada deveria ficar ajoelhada no corredor do hospital até que sua rival decidisse perdoá-la. Então, ela não se levantou.

Achando tudo muito estranho, a enfermeira murmurou um ‘com licença’ para Deirdre e fechou a porta em seu rosto. Ficar naquela posição, no chão de ladrilhos, era uma penitencia muito grande, pois seus joelhos estavam machucados, com marcas roxas e inchaços, pelos pequenos objetos do chão lamacento, na noite anterior.

O rosto de Deirdre ficou terrivelmente pálido de dor e um suor frio escorria por suas bochechas. Enquanto isso, ela ouvia a voz coquete de Charlene, vindo do outro lado da porta:

― Bren, estou com sede. Pega água para mim? ―

Provocada pelo clima amoroso que imperava o quarto, a tortura se tornava mais difícil de suportar e suor frio escorria do rosto de Deirdre. Seu olhar estava vazio e seus joelhos ficaram dormentes.

Ela chamou a atenção de várias pessoas enquanto estava ajoelhada no corredor. Em alguns momentos, pessoas se reuniam para observar a cena. Algumas delas confusas, enquanto outras zombavam dizendo:

― Ouvi dizer que a mulher desse quarto está com as pernas quebradas, após ter sido empurrada escada abaixo. Certeza que foi essa daí que empurrou! ―

― Que mulher sinistra! Ela é horrível! Segundo um ditado, a aparência de uma pessoa é o reflexo de seu eu interior. ―

― Não é de admirar que ela tenha sido obrigada a se ajoelhar ali. Já é misericordioso que ela não tenha sido denunciada à polícia. Quão cruel uma pessoa pode ser para estar disposta a fazer algo assim? ―

O grupo de pessoas se envolveu em uma discussão acalorada e, em apenas 30 minutos, Deirdre já havia sido descrita como uma mulher perversa que tinha ciúmes da beleza de outra pessoa.

Sem saber de nada disso, Charlene desfrutava de uma fatia de bolo, enquanto abusava da boa vontade de Brendan:

― Eu gostaria de uma maçã, Brendan. Por favor, descasque uma para mim. ―

Quando o quarto ficou em silêncio, Brendan ouviu partes da discussão do lado de fora. Então, subitamente, algo lhe ocorreu e ele franziu as sobrancelhas, com impaciência, perguntando:

― Sua perna não dói mais? ―

Charlene ficou atordoada. Então, seus olhos, subitamente lacrimejaram:

― Claro que sim. Só estou suportando em silêncio, sem demonstrar. Por que você está me questionando, do nada? Você está com raiva de mim por fazer aquele lixo se ajoelhar? Brendan, diga-me, você sente algo por ela? É por isso que você se preocupa tanto com ela? ―

― Que absurdo! ― Brendan negou. ‘Sentimentos por Deirdre? Faça-me rir!' ― Você é a única pessoa com quem me importo. ―

― Mesmo? ― Charlene abriu um sorriso e enxugou as lágrimas ― Eu estava supondo que você tinha se reconciliado com Deirdre quando a levou para a mansão. Ontem à noite, cheguei até a sonhar que você estava me deixando para ficar com ela, por isso, acordei chorando... ― ela fungou, assou o nariz e continuou ― Brendan, eu sei que estou sendo muito dramática. Não estou? Eu deveria me comportar como uma mulher adulta e parar de pensar demais nessas coisas. ―

― Não... ― Brendan se esforçou para suprimir o desagrado em sua expressão ― Você foi injustiçada e eu já castiguei Deirdre. Papo encerrado.

― Será? ― Charlene revirou os olhos de um lado para o outro. Ela sabia que era o momento certo de jogar mais uma de suas cartas maliciosas, afinal, se demorasse mais, a simpatia de Brendan por sua perna quebrada passaria. Por isso, disse com voz suave:

― Eu realmente fiquei assustada. Tive medo de que aquela vigarista fosse aproveitar qualquer oportunidade que encontrasse para me machucar. É por isso que me recusei a aceitar o pedido de desculpas. Mas, agora que me acalmei, tudo bem que minha perna esteja quebrada. Vai sarar de qualquer maneira, então vou perdoar Deirdre. ―

Assim que Charlene terminou de falar, Brendan se levantou e abriu a porta.

Deirdre ainda estava ajoelhada no mesmo lugar e seu rosto estava tão branco quanto uma folha de papel.

Charlene piscou e disse:

― Eu estava com muito medo antes. Espero que você entenda. Mas, você cuidou de Brendan por tantos anos, para mim, então, já te perdoei, em meu coração. ―

Mesmo com os joelhos dormentes, a jovem se levantou, fazendo um grande esforço, enquanto pensava, segurando um sorriso de ironia:

'Por que você me fez ficar ajoelhada, por mais de uma hora, se já tinha me perdoado?'

Mas, ela achou melhor segurar as palavras em sua mente e preferiu comentar, apenas:

― Já que você me perdoou, devo ir embora. ―

― Espere! ―

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