Ciclo de Rancor romance Capítulo 78

A expressão de Brendan estava distorcida pelo ódio e o monstro agia sem processar nenhum pensamento. Então, infelizmente, seus olhos cruzaram com um balde de água e um esfregão. O homem soltou Deirdre e despejou a água suja sobre ela, gritando:

― Você está acordada, agora?! Eu sou seu marido! Quem mais você pode querer além de mim?! Você é realmente o tipo de vadia barata que não consegue deixar de abrir as pernas para qualquer um com um pau? ―

O choque e o frio resgataram Deirdre de seu estupor.

― Meu marido? ― Deirdre repetiu e lágrimas brotaram em seus olhos. Ela queria rir. Por dois longos anos, ela sofreu tanto por causa desse título estúpido. E o que ela tinha ganho, em troca? Este inferno árduo e inevitável. Esta proclamação há muito tempo deixou de lhe trazer alegria.

― Sim! Eu sou esse tipo de vagabunda barata! Eu vou deixar qualquer homem fazer o que quiser comigo! Qualquer um! ― Seus joelhos tremiam, mas ela se esforçou para permanecer firme. ― Qualquer um exceto você, Brendan Brighthall. ―

― Como você ousa!? ― O homem urrou, levantando a mão para agredi-la.

Mesmo sem enxergar, Deirdre sabia que o golpe viria e tensionou o corpo, enquanto esperava. O tapa não veio.

― Fique histérica o quanto quiser, mas você deveria saber que não deve testar meus malditos limites, Deirdre! ― Brendan rosnou, por entre os dentes ― Você tem uma última chance! Se eu ouvir algo assim saindo da sua boca de novo, Deirdre, eu juro... Você nunca mais vai sair do seu quarto na vida. Você nunca terá a chance de ver outro homem. ―

Uma porta se abriu e o rosto de Deirdre empalideceu.

Um homem sem camisa, exibindo uma barriga proeminente saiu do quarto, olhando para todos os cantos do corredor, como se procurasse por alguma coisa. Então, encontrou Deirdre e, suspirando de alívio, comentou:

― Como essa vadia foi parar aí? Você me assustou pra caralho, querida. Pensei que você tinha ido embora! Venha cá! ―

Seus dedos se fecharam ao redor do braço de Deirdre, ao mesmo tempo em que suas feições se contorciam de desprezo, como se ele estivesse relutante em continuar com seus negócios:

― Pensando bem, não vou perder uma noite de sexo só porque o rosto dela parece uma merda. De jeito nenhum. Tenho que cumprir minha parte no trato, e é isso! Contanto que ela foda bem, tá tudo certo! Também não posso reclamar, já que a comprei por um preço tão baixo. ―

Ele mal teve tempo de puxar quando uma mão grande agarrou seu antebraço. Assustado, o homem ergueu a cabeça. Ele estava embriagado demais para ver o rosto do estranho, mas percebeu que era um homem. Isso o deixou perplexo. Outro homem estava lutando com ele por aquela mulher de rosto destruído?!

― Ei, o que é isso!? Você está apaixonado por essa aberração ou algo assim? Eu não sei como te dizer isso, mas... Eu já paguei para transar com ela. Foi uma bagatela, mas eu já paguei e descobri que não tenho direito a retorno. Se você a quer, espere sua vez... ―

O barulho de ossos se chocando contra carne ecoou no corredor do hotel.

Brendan, que ainda via em vermelho, deu um soco no rosto do homem. As outras pessoas presentes ficaram sem saber o que fazer, apenas assistindo enquanto o monstro desferia porrada atrás de porrada no homem que gritava por misericórdia, com o rosto cada vez mais inchado e sangrento.

Enquanto isso, os nervos de Deirdre finalmente cederam e ela caiu no chão.

Dominada pelas toxinas que corriam em suas veias, até mesmo respirar era difícil, e, sem saber a quem recorrer, a jovem agarrou a bainha da calça de Sam, sentindo que morreria a qualquer instante:

― Ajuda... ―

Brendan tinha acabado de surrar o homem bêbado quando se virou e viu a jovem implorando. Era como se ela tivesse desistido de sua dignidade e respeito próprio. Qualquer homem poderia apalpá-la e ela nem se importava que os outros a tratassem como uma prostituta. E o pior... aquele bêbado infeliz saiu do mesmo quarto que ela e estava sem camiseta.

‘Aconteceu alguma coisa entre eles?! Eles foderam ?!' Brendan pensou. Sua mente girava. Todos os tipos de pensamentos malditos e irritantes sobre o que poderia ter acontecido entre eles, enquanto estavam no quarto, vieram à sua mente. Teve vontade de matar o maldito. Ele sentiu vontade de trancar Deirdre em uma sala onde ela seria seu troféu e tesouro, onde absolutamente nenhum outro homem no mundo poderia vê-la.

Ainda dominado pela fúria irracional, Brendan avançou em direção a Deirdre e a puxou do chão, a prendendo contra a parede, brutalmente:

― Diga-me agora, Deirdre. Aquele idiota tocou em você?! ―

O impacto forte e a sensação gelada que se espalhava do ladrilho atrás de suas costas, tiraram Deirdre do transe. Ela abriu os olhos para a escuridão total, mas quase podia ver a fúria tangível do monstro respirando em seu rosto. Seu coração ficou frio e o canto de seus lábios se curvou. Ela sorriu, mas as lágrimas rolaram de seus olhos.

― Sim ― ela respondeu, zombeteiramente ― Só saí da sala depois que ele terminou. Também está interessado, Senhor Brighthall? Ah... que pena! Porque vou deixar literalmente todo homem sob o sol brincar comigo... exceto você! ―

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