Ciclo de Rancor romance Capítulo 79

O temperamento de Brendan atingiu seu ponto de ebulição. Ele apertou o pulso de Deirdre com tanta força que quase quebrou os ossos da jovem. O fogo ardia em seus olhos e ele estava perto de assassinar Deirdre.

― Parabéns, Deirdre. Você realmente me irritou! ―

A dor drenou a cor do rosto de Deirdre e, antes mesmo que ela soubesse o que acontecia, Brendan a arrastou à força, carregando a jovem aos tropeços. O monstro a arrastou até o quarto que reservara e a jogou contra o chão do banheiro.

Deirdre não tinha tempo para tentar se recuperar de todas aquelas sensações horrivelmente dolorosas. Mal ela tinha aberto os olhos, quando escutou o barulho de um registro abrindo e a água gelada caiu em seu corpo, aumentando, impiedosamente, a sensação de frio extremo.

― Pare, Brendan! Pare! ―

― Parar? Parar?! ― O monstro zombou. E, ao invés de desligar o chuveiro, ergueu a cabeça de Deirdre para que ela se molhasse ainda mais ― De que outra forma eu vou te limpar de sua sujeira? A última coisa que quero é sentir o fedor daquele babaca bêbado em você! ―

― Minha sujeira? ― Deirdre fechou os olhos, em concordância, e pensou: ‘Sim, estou manchada de sujeira, mas, essa sujeira veio toda de você.’

Como a jovem não negava, pedia desculpas ou se submetia, como era o esperado por Brendan. O homem ficava mais exasperado e, em sua ira sem tamanho, começou a rasgar a lingerie de Deirdre que, alarmada, reagiu lutando:

― Não! Brendan, pare! ―

― Não?! Você já é uma vadia, Deirdre! Você fodeu aquele homem por dinheiro, mas ainda tem a audácia de agir como uma freira celibatária perto de mim?! Me poupe dessa besteira! Você é apenas uma maldita vagabunda, não importa o quanto você queira fingir o contrário! ―

Ignorando qualquer protesto que o corpo fraco e dopado de Deirdre oferecia, em um último puxão, Brendan a deixou completamente nua, exibindo toda a intimidade da jovem. Entretanto, algo estava errado. Não havia vermelhidão, ou marcas de qualquer tipo e Brendan sabia de cor como aquele corpo ficava, depois do sexo.

O homem congelou e, finalmente, sua raiva cedeu. Seu coração batia de forma irregular e ele desligou o chuveiro, examinando a intimidade de Deirdre ainda mais de perto. Ele já sabia onde e o que procurar. Mas, não havia nada.

― Ele não... Vocês dois... Não aconteceu?! ― Ele engasgou.

Deirdre estava deitada com as costas contra os frios azulejos do banheiro e parecia que ela estava deitada em um caixão de gelo. Estava tão frio que seus cílios tremiam e ela não conseguia formar uma única frase coerente.

Por um segundo, Brendan estava feliz, mas a raiva voltou:

― Mas, que porra, Deirdre?! Por que diabos você mentiu?! Ele não tocou em você!? Ele não tocou em você! Por que você não disse isso?! ―

Lágrimas rolaram do canto dos olhos de Deirdre. Então, uma dor aguda atingiu o abdômen da jovem e espasmos de dor a dominaram, torcendo suas feições. Ela se curvou em posição fetal, gritando.

― Deirdre...? Deirdre! ― Brendan ficou alarmado e jogou os braços ao redor dela, a segurando com força e sentindo que seu corpo frágil estava frio como o de um cadáver.

O pânico o inundou como uma onda repentina. Ele a carregou para a cama e a envolveu em um lençol, enquanto lágrimas de agonia manchavam seu rosto. Ela suava frio e seu corpo se contraía em violentos espasmos de dor.

Brendan estava apavorado:

― Fique comigo, Deirdre! Fique comigo! Vou levá-la para o hospital! ―

Seus ouvidos zumbiam de dor, então ela não conseguia ouvi-lo.

Com Deirdre nos braços, Brendan saiu do quarto e encontrou seus três seguranças conversando do lado de fora. O rosto de Sam adquiriu uma expressão de preocupação. Ele ficou surpreso ao ver Brendan carregando Deirdre, cuja expressão era de dor e repleta de lágrimas, mas, antes que seu chefe percebesse a alteração em seu rosto, se endireitou e falou, em tom profissional:

― Senhor. Brighthall! ―

― Pega o carro! Ela está em perigo! Pegue o carro agora mesmo! ―

Sam correu para a garagem, ignorando o manobrista, e encontrou o carro. Ele ocupou o assento do motorista e chegou na frente do hotel ao mesmo tempo que Brendan cruzava as portas com Deirdre em seu colo. Então, o veículo disparou para o hospital mais próximo.

Deirdre foi levada para o pronto-socorro, enquanto Brendan, confuso, ficou parado ao lado da porta, indiferente, exceto pelas pontas dos dedos trêmulas. Ele tinha sentido algo diferente. Ele sentiu o calor do corpo dela se esvaindo a cada penoso segundo. Ele pôde sentir que a vida de Deirdre estava sendo drenada do corpo, como se uma força invisível ceifasse sua alma.

‘O que diabos ela fez, dessa vez?! Por que mentiu? Ela me odeia tanto assim? Ela sente repulsa por mim? Mas por que? Ela não era assim, no passado! Ela era tão diferente!’

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