Ciclo de Rancor romance Capítulo 850

― Seu Brighthall, se me permite? ― Anna começou, preocupada. ― Eu não sei o que aconteceu entre você e Dee, mas não fiquei cega para como você a trata. Tenho dificuldade em acreditar em alguém que diz que você não se importa com ela... Também não entendo por que você mente tanto para ela, mas se me permite... Dee é uma pessoa muito sensível. Ela precisa de segurança. Mentir para ela uma vez é o suficiente. Por favor, não faça isso de novo... antes que o coração dela vire pedra. ―

Uma névoa parecia ter se formado nos olhos de Brendan.

― Eu entendo o que você diz, mas temo que isso seja mais complicado do que você possa ter imaginado. Por enquanto, concentre-se em cuidar de Deirdre. ―

Engel ergueu a cabeça:

― Você vai sair? ―

Brendan se lembrou das coisas que Charlene havia dito naquele dia e sua expressão endureceu:

― Não, não vou sair. Mas tenho algo importante para resolver. ―

Ele subiu as escadas, mas, a porta do quarto de Deirdre estava trancada, então ele bateu.

― Posso entrar, Dee? ―

Não houve resposta, exatamente como ele esperava. Seu primeiro instinto foi o de buscar sua cópia da chave, mas sua mente evocou o rosto sarcástico e irônico da jovem e seu comentário sobre ter sido negado o mais básico de liberdade e privacidade. Por mais que quisesse entrar, conteve o impulso.

Deitada na cama, Deirdre podia ouvir os passos se afastando e, gradualmente, seu peito passou de agonia para dormência, embora ainda sentisse espasmos ocasionais.

Que piada ela era. Tinha a impressão de que o estava manipulando, mas acabou que quase caiu na armadilha de mel, pela terceira vez. Se o irmão de Henry não tivesse aparecido, ela teria desejado lenta e gradualmente que esse relacionamento amaldiçoado continuasse do jeito que estava, não é?

Ela fechou os olhos. O dia ainda estava claro, mas ela estava muito cansada para viver.

-

Quatro dias se passaram, sem que Brendan procurasse por Deirdre. Talvez o magnata estivesse ocupado com o trabalho, ou talvez a estivesse evitando. A jovem preferia acreditar na segunda opção, porque, conhecendo Brendan, o homem sempre encontraria uma maneira de fingir um encontro ‘casual’, se quisesse. Segundo a lógica de Deirdre, Brendan parara de vê-la porque se cansara dela ou de inventar outro esquema engraçado.

Engel não tinha noção de até que ponto as coisas haviam evoluído. Tudo o que sabia era que o ar havia voltado ao que era antes: rígido, afetado e tenso e ela tinha que pensar dez vezes antes de dizer qualquer coisa.

Surpreendentemente, Deirdre parecia ser pessoa mais relaxada da mansão. Ela ouvia audiolivros todos os dias ou tomava um pouco de ar fresco no quintal, como se aquele dia nunca tivesse acontecido. O evento traumático parecia não ter deixado nenhuma mancha em sua memória.

Como nos últimos dias, Deirdre estava reclinada em uma cadeira, ao ar livre, com os olhos fechados, enquanto relaxava no quintal quando sentiu alguém se aproximando e se moveu ligeiramente para dizer:

― Está ficando um pouco mais frio. Você poderia, por favor, pegar um cobertor para mim? ―

Como não houve resposta, abriu os olhos.

Uma carranca gelada imediatamente se formou em seu rosto, enquanto Brendan tirava o paletó e pendurava nos ombros dela, com movimentos leves como uma pluma.

A mão de Deirdre começou a rejeitar o agasalho. Ela não suportava tocar em nada que viesse daquele homem, mas Brendan a impediu.

― Apenas coloque. Caso contrário, você terá que subir para pegar seu próprio casaco. ―

― O que você quer dizer com isso? ― perguntou Deirdre, erguendo a cabeça. O sol ofuscante fez com que ela estreitasse os olhos.

Brendan a observou por um momento, antes de responder:

― Você precisa ir fazer o pré-natal. ―

Deirdre não podia argumentar contra algo tão obviamente crucial para sua saúde, mas pensou que poderia pelo menos tentar lutar por sua paz de espírito.

― Eu vou com Anna. ―

― Não ― ele recusou firmemente. ― Nunca estarei ausente em nenhuma ocasião envolvendo nosso filho. ―

Deirdre lançou um sorriso zombeteiro, mas não disse nada. Apenas se levantou da cadeira e, como estava ali por um bom tempo, suas pernas estavam dormentes e ela perdeu o equilíbrio, mas, Brendan a segurou e a manteve firme.

O abraço forte e robusto deixou Deirdre sem palavras. Então, um novo estímulo chamou sua atenção. O cheiro de Brendan estava diferente.

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