Ciclo de Rancor romance Capítulo 851

Sentindo o cheiro diferente, no paletó de Brendan, Deirdre se afastou e disse, com sarcasmo:

― Ahhh, eu me sinto tão mal por você. Passar um tempo de qualidade com Charlene deve tê-lo esgotado, mas o dever o obrigou a continuar fingindo ser um bom pai e voltar para casa, para me acompanhar a este insignificante pré-natal! ―

Brendan enrijeceu. Seus lábios se separaram como se ele quisesse dizer, algo antes de desistir e responder, em voz triste:

― Vamos. Vou levar você até o carro. ―

― Oh, não precisa se incomodar comigo. ― Deirdre vestiu o casaco e sua hostilidade era palpável quando caminhou até o veículo, o mais rápido que sua parca visão permitia, até ocupar o assento do passageiro.

A viagem foi silenciosa e nenhum observador acreditaria que, alguns dias atrás, aqueles dois eram um casal que se dava as mãos, sempre que paravam em um semáforo.

A dupla chegou ao hospital e foi encaminhada para o consultório médico do obstetra. Quando o monitor exibiu a imagem, em tons de cinza, do bebê, enquanto a médica realizava o ultrassom, Brendan sentiu a palma da mão suar ao ver. Era difícil imaginar o quão pequeno era o bebê deles. Não tinha nem 9 cm de comprimento.

― A saúde da mamãe andou muito frágil recentemente, não foi? Sinceramente, vocês devem tomar cuidado, isso é prejudicial para a criança ― comentou a médica, sorrindo. ― Mas o bebê está bem e estável. Todos os sinais apontam para a expectativa de um bebê saudável e vigoroso! ―

― Essa é uma boa notícia ― Brendan instintivamente moveu sua mão para a da jovem deitada na maca. ― Não é, Dee? ―

Mas, Deirdre se esquivou e evitando fazer contato visual com Brendan, perguntou:

― Já terminamos? Eu gostaria de ir ― ela disse categoricamente, sem mostrar nenhum sinal de alegria maternal. Era como se o bebê não tivesse nada a ver com ela.

O olhar de Brendan escureceu:

― Dee, esse é o seu filho também ― ele respondeu em voz baixa.

Havia algo de familiar no que ele disse e ela se lembrou de que era a mesma frase que o monstro havia dito enquanto pretendia realizar um aborto, em Surstate. Naquele dia, emoções de raiva e agonia transbordavam dele. Agora que pensava sobre isso, quase parecia que o homem planejava sempre cem passos à frente.

― Você está errado ― Deirdre retrucou, em um tom robótico. ― Ele não é nada meu. Eu sou apenas um recipiente para trazer seu filho ao mundo. Se não fosse por você usar minha liberdade como moeda de troca, eu teria abortado há muito tempo. Para mim, este não é meu filho. É apenas um amontoado de células que está se alimentando de mim. ―

A resposta foi brusca e doeu. Brendan soltou um suspiro baixo e trêmulo, com os dedos tremendo. Ele segurou os ombros da jovem e a forçou a olhar para ele.

― Não, Dee, me diga que isso não é o que você realmente pensa. ―

Deirdre lançou uma carranca de desprezo, afastou a mão dele e se apoiou na parede.

― Não se esqueça do que você me prometeu. Quando a criança nascer, eu ganho minha liberdade. ―

Então saiu do consultório, mas o magnata não a acompanhou, pois pretendia ouvir mais informações sobre a saúde do bebê com a obstetra. Por isso, Deirdre esperou no carro, por um bom tempo, antes de Brendan finalmente voltar. O homem tinha fumado, porque um leve cheiro de nicotina impregnava o carro quando chegou. Brendan ligou o motor e disse:

― Você vai ficar na mansão da família, de agora em diante. ―

Pega de surpresa, Deirdre levantou a cabeça:

― Por quê? ―

― Porque ficar sozinha na mansão é chato. Pelo menos minha mãe pode cuidar de você se estiverem juntas. ―

Deirdre riu alto de como a desculpa era idiota.

― Ah, Brendan Brighthall. Vai matar você apenas confessar e chamar isso de ‘quarentena’? ―

Os olhos de Brendan tremeram.

― Não é tão ruim quanto você faz parecer. Você ainda pode sair quando quiser, então não é realmente uma quarentena, é? Eu simplesmente pensei que você parecia entediada na mansão e decidi que talvez você gostasse de fazer companhia à minha mãe. Vocês sempre se deram tão bem... ―

― Se não é uma quarentena, eu posso rejeitar? ―

Brendan respondeu à pergunta com silêncio e Deirdre desviou o olhar. Entretanto, depois de alguns minutos, o magnata falou:

― Você estará segura na mansão da família ― disse ele.

Deirdre riu.

― Você não precisa se esforçar tanto para inventar desculpas, Brendan. Você já me pegou. Sou apenas uma marionete sob seu controle, então por que não ser honesto com alguém que perdeu todas as formas de arbítrio? Apenas me diga que você quer que eu me afaste para que haja mais espaço para sua querida Charlene. É muito melhor do que qualquer desculpa esfarrapada que você possa dar. ―

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