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Como arruinar a vida do meu ex em 10 episódios romance Capítulo 5

POV RYAN

Assim que abri os vidros do carro, percebi que o cheiro de eucalipto ainda era o mesmo, fazendo-me voltar no tempo. Apertei o volante quando a estrada de terra me levou àquele velho portão enferrujado. Rancho Palmer: as letras desbotadas na madeira balançavam com o vento, como um aviso: você não devia estar aqui.

O celular vibrou no banco traseiro, mas não me importei. Ravena abriu os olhos e preguiçosamente o pegou, me entregando e voltando a dormir.

“Fique o mínimo de tempo possível”, alertou meu empresário através de uma mensagem.

Eu ri, com desdém. Ele falava como se fosse possível ficar o mínimo de tempo possível com a minha vó, a pessoa que eu mais amava na vida, que estava em seus últimos dias.

Me passou pela cabeça uma coisa. E se Nona estivesse mentindo? Se tudo não passasse de uma armadilha para promover um encontro em Tayla e eu?

Não! Aquela senhorinha linda, doce, que fazia as melhores comidas do mundo e me amava sem nenhum tipo de barreira jamais faria algo daquele tipo: unir novamente Tayla e eu num mesmo lugar, sabendo o quanto nos odiávamos.

Lembrei da ligação dela, dias atrás, quando pediu que eu passasse o verão inteiro no Rancho Palmer. Claro que a primeira coisa que eu disse era que não podia.

- Por que não pode? – Perguntou, como se não soubesse.

- Porque preciso trabalhar, vó.

- Então venha, fique o verão todo aqui e eu lhe pago.

- Eu não preciso de dinheiro, vó! – Ri.

- Se não precisa de dinheiro, logo não precisa trabalhar para tê-lo. – Constatou.

Gargalhei:

- Eu quis dizer que não preciso do “seu” dinheiro.

- Hum, sei... Agora se acha um homem rico. – Pareceu chateada.

- Bem, digamos que sim.

- Você não é rico, Ryan.

Sério que ela queria discutir meu patrimônio?

- Vó, eu tenho dinheiro... O suficiente para viver bem e ter e fazer tudo que eu quero.

- Você não pode comprar tudo, Ryan. É pobre de amor... E de sinceridade e verdade. Todos ao seu redor são mentirosos e bajuladores. Só falam o que quer ouvir porque precisam de você.

- Está acabando comigo, vó! – eu ri – Acha realmente que ninguém e sincero comigo? Não posso ter amigos de verdade? E uma namorada que goste de mim?

- Você só teve uma amiga de verdade... E coincidentemente ela foi a única namorada que gostou de você.

Suspirei, sentindo o sangue ferver dentro de mim. E eu sabia que não era só por ela estar defendendo Taylice, mas pelo simples fato de ouvir o nome dela através de alguém que a via, que falava com ela, que sabia como ela estava, onde vivia, o que fazia, se ainda estava casada, como se saía enquanto mãe...

- Eu dispenso o “gostar” de alguém que for igual ao dela.

- Não faça drama, Ryan.

- Drama? Por que sempre a defende?

- Não, eu não a defendo. Para mim vocês dois são culpados, na mesma proporção. A única coisa que quero é que venha passar o verão comigo... Todo ele.

- Vó, é muito tempo!

- Sim, pode. Chegou a minha hora. E meu último desejo é você e Tayla aqui comigo.

Não houve nenhum pedido meu que ela atendesse: nem que procurasse outro médico, que fizesse um tratamento, que lutasse por mais tempo conosco.

Nona era o tipo de pessoa que quando tomava uma decisão, nada a fazia mudar de ideia. E parecia que ela já havia decidido: queria que seus últimos dias fossem como no passado, quando Tayla e eu preenchíamos todo o vazio que meu avô e meu pai deixaram nela.

Talvez ela sentia falta do mesmo que eu: a casa cheia de risadas divertidas, do cheiro de doce vindo do fogão à lenha, do som dos animais do lado de fora, do cheiro de terra molhada, das conversas ao pé do ouvido diante da lareira... De vida!

Não precisou muito para vovó me convencer a deixar tudo para ir para Solidão, mesmo sabendo que teria que dividir o espaço com Taylice e sua família de comercial de margarina.

Segurei-me para não chorar só de saber que minha vó não estaria mais no mundo em breve. Foi quando ela me perguntou, ainda na linha:

- Ryan, o seu pinto é torto?

Me engasguei com a própria saliva:

- Vó, isto é uma brincadeira?

- Eu ouvi umas garotas falando no mercado. E aposto que disseram em voz alta para que eu ouvisse. E quer saber? Eu disse para elas que mesmo que você tivesse um pinto torto, elas dariam tudo para vê-lo... E dormir com você! O defendi!

- O meu pau não é torto! – Quase gritei, furioso – Maldita garota do podcast! – Bati na mesa, com força.

- Não fique tão irritado, meu amor! As garotas garantiram que dormiriam com você, mesmo se tivesse um pintinho torto. Uma delas até mostrou-me a foto de um ensaio seu, dando um zoom nos seus “documentos”. Querido, não tem vergonha de mostrar suas partes íntimas o tempo todo, para o mundo?

- Vó, eu não mostro minhas partes íntimas. Uso cuecas, que inclusive pagam o meu salário. Iniciei como modelo de cuecas, lembra?

- Claro que lembro, meu querido.

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