⚠️ Pode haver cenas de violência, drogas e sexo.
Camila
Eu sou a Camila ou era a Camila. Entenda minha história.
Era popular na escola, sempre fui muito bonita desde pequena, morena com cabelos longos pretos, meus olhos tem um tom de âmbar e são bem grandes e expressivos, sempre quis ser a melhor, queria ser o orgulho dos meus pais. Na escola eu só andava com as melhores, sempre bem vestida, pois meu pai é dono da única farmácia da cidade, então tínhamos uma boa condição financeira.
Temos dinheiro, não somos como essa gentinha que mora aqui. Mamãe sempre me dizia que eu era uma princesa, mais mamãe era boazinha e eu não. Se pudesse pisar em alguém para subir eu pisaria sem nenhuma pena. Temos uma turminha do colégio, na qual eu lidero as meninas, somos os filhos dos comerciantes da cidade, ninguém se mete com a gente. Nós excluímos e rimos de todos que estão abaixo da linha da pobreza como a gente diz, os mortos de fome. O Carlos filho do dono do mercado, é lindo e também idiota, gosta de uma Helena que filha de uns sitiantes que vivem andando sujos pela cidade, Helena tem um irmão que também e lindinho, mais eu que não quero um homem todo sujo de terra, credo. O idiota do Carlos é apaixonado pela Helena, coitadinha, por que aquele ali e maluco, ele gosta da pé rapado da Helena, mais sai da metade do colégio. A coitadinha é ingênua e ele faz ela de tonta.
Mais em uma madrugada, minha vida muda, minha mãe, minha mãezinha. Ouço barulhos vindo do quarto dos meus pais e um suspiro alto toma conta da casa, e corro pra ver o que está acontecendo, chego e vejo minha mãe estranha a pego nos braços e ouço um último suspiro, olho para ela e seu corpo não tem mais vida, meu pai está do meu lado, e vemos seus batimentos inexistentes, corremos chamamos a ambulância e tentamos fazer reanimação, mais o corpo de minha mãe está imóvel e começa a ficar roxo, e gelado.
Meu sentimento naquele momento e correr e nunca mais voltar, gritar, rezar, orar. Será que resolve? A ambulância da nossa pequena cidade chega, eles dão choques e mais choques mas nada adianta, vejo o desespero de meu pai, e ele me olha e me pergunta "O que aconteceu?" vejo ali o corpo de mamãe jogado no chão gelado que foi tirado de sua cama para os médicos fazerem massagem cardíaca, sem vida. Papai me olha com olhos cheios de lágrimas e me dizem que não há mais nada a fazer.
Ver o corpo de mamãe sem vida ali sendo colocado na cama. A minha mãe se foi. Vejo pessoas chegando em casa, o choro começa a escorrer no meu rosto, a médica vem e me diz palavras de consolo, ela está sentada no sofá da minha casa fazendo o atestado de óbito. Amigos e vizinhos chegam, uns choram e outros ficam sem entender o que aconteceu. Nem eu mesma sei o que aconteceu.
Deixar o corpo da minha mãe no cemitério, foi deixar um pedaço da Camila lá também e entender que a vida é um sopro, e de nada vale dinheiro, sucesso ou ser melhor que alguém. Então todos se foram e eu fiquei ali parada em frente a lápide que hoje o corpo de mamãe repousa. Tenho que juntar forças, pra poder caminhar pra fora do cemitério e deixá-la ali.
Meses depois...
Eu me tornei uma pessoa que vaga sobre a terra, as palavras de incentivo que você tem que ser forte. Me pergunto, como ser forte? Eu sou filha única, éramos três, agora dois, cada canto grita o nome de mamãe, cada canto tem o seu cheiro que vai desaparecendo com o passar dos dias.
Vou pra escola, não quero mais fazer parte da turma popular. A dor e a saudades me consome. Helena é uma das que às vezes se aproxima, mesmo com mau humor traz palavras de conforto pra mim.
O tempo passou e vi meu pai, na farmácia todo sorridente com uma senhora, ela era nova na cidade, papai sorria e ela o fazia sorrir. Pelo menos ele estava sorrindo. Carmem esse era o nome da mulher que tirou tudo de mim. Eu não gostei dessa proximidade, mesmo Carmem, parecendo ser uma pessoa alegre eu não gostei dela. Não a quero perto de mim e nem de papai. Mas nem sempre a nossa vontade é a vontade do outro. Carmem foi se aproximando e cada vez mais se infiltrando, agora ela entrava em minha casa, cozinhava pra papai, eles saiam juntos e eu sempre no meu canto. Até que um dia pra minha surpresa, papai me disse "Vou me casar com Carmem".
Meu chão se abriu e eu caí ali sem ter como voltar.
O casamento deles foi na igreja, ela fez questão da cidade toda estar presente, eu compareci por obrigação porque papai me pediu e disse que seria importante pra ele. Teve festa, dança dos noivos, bolo tudo de um casamento luxuoso.
Meu inferno começou quando Carmem colocou seu pé dentro da minha casa. Papai trabalhava o dia todo. E eu ficava ali arrumando as coisas e me tornei a empregada da Carmem. No começo ela até fez as coisas pra me agradar, mas como os meses passaram a sua maldade chegou. Enquanto papai trabalhava, Carmem, me forçava a fazer todo o serviço da casa e cozinhar. E isso virou um hábito. Até que um dia ela me disse que seu filho viria morar conosco. O seu tão carinhoso e querido filho. Peter era alto, bonito e forte, muito mais velho que eu, Peter como Carmem era gentil e engraçado no começo, me ajudava nos afazeres da casa e ajudava papai na farmácia. Certa vez ele tentou um beijo, mas Carmem chegou e eu saí como a oferecida.
Meus amigos não me procuravam mais e eu de tristeza parei de sair, ou interagir com as pessoas. Peter sempre tentava me beijar, ou me agarrar. Eu não gostava daquilo. Carmem via ele me beijando e me chamou de vagabunda oferecida, e daí começou as surras que eu levava de Carmem. Peter me segurava e ela me batia com o que achava na frente. Quando papai chegava eu estava trancada no quarto e não podia sair porque estava toda marcada das surras que levava. Descobri terrivelmente que Carmem e Peter eram o próprio diabo em pessoa. Eu era ameaçada, ela dizia que mataria meu pai com os próprios remédios da farmácia dele.Se eu contasse ninguém iria acreditar em mim, já que eu era a moça fútil da cidade pequena e que ninguém gostava de mim.
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