Que risível, que absurdo.
Eu fui enganada por Bruno, aquele em quem já confiei tanto no passado.
Naquele escritório da Mansão à beira-mar, Bruno me ajudou pela segunda vez a recuperar o Grupo Oliveira. Na ocasião, ele me perguntou:
— Você não vai revisar antes de assinar?
Eu neguei com a cabeça, certa de que Bruno jamais se rebaixaria a usar meios desonestos contra mim. Sempre acreditei que eu era especial para ele.
Naquela época, nossos encontros eram raros, mas toda vez que nos víamos, ele parecia gostar de passar o tempo comigo.
Ele se deixava envolver nos nossos abraços com uma intensidade que me fazia acreditar numa conexão profunda entre nós. Seus lábios gelados deslizavam sobre os meus até se aquecerem, e eu, tola, achei que ele sentia algo por mim, por menor que fosse.
Com essa ilusão, assinei meu nome sem hesitar e ainda carimbei o documento.
Agora, ao encarar este contrato, já um tanto amarelado pelo tempo, vi com clareza que ele havia sido alterado. Bruno adicionou uma pequena cláusula ao final:
[O Grupo Oliveira assume todas as responsabilidades e obrigações previstas nos contratos celebrados entre o Grupo Henriques e os acionistas do Grupo Oliveira.]
Com essa simples frase, minha posição se tornou extremamente vulnerável. Eu sequer sabia o que Bruno havia negociado com terceiros para retomar o Grupo Oliveira.
Quando o conflito explodisse de fato, ele poderia distorcer os fatos como quisesse.
Ao lembrar do olhar que ele lançou para mim momentos atrás, um calafrio percorreu meu corpo.
...
Logo pela manhã, após alimentar Dayane, confiei seus cuidados a dona Rose e pedi que ela a cuidasse durante o dia.
Eu tinha planejado levá-la para visitar a escolinha que já havia escolhido há algum tempo, mas esse plano precisou ser adiado.
— Dayane, mamãe vai trabalhar agora, tá bom? Fique em casa e seja uma boa menina enquanto eu não volto, está bem?
Abaixei-me para acariciar o topo da cabeça dela. Não esperava uma resposta, mas hoje, como se pressentisse algo, ela segurou a manga da minha camisa, impedindo que eu saísse.
Seus olhinhos curiosos estavam fixos na janela. Então, ela chamou:
— Papai.
Ajoelhei-me ao seu lado, resignada. Devia ser mais um reflexo de Rui, que sempre insistia em ensiná-la a chamar "papai" nos momentos de folga.
— Dayane, você está com saudades da tia Agatha?

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