POR Sophia Carson.
— Lanna, por favor abre a porta... — Pedia pela centésima vez.
A princípio senti que deveria dar um tempo e naturalmente ela me retornaria, mesmo que fosse para que brigássemos, no entanto resolvi ir novamente a minha casa em busca de um sinal seu de vida. Depois das últimas vinte e quatro horas desde a vídeo chamada, eu ainda não a tinha visto ou ouvido.
Sentada ao degrau na frente da casa, já faziam alguns bons minutos que lhe implorava para abrir a porta.
Eu sabia que não seria fácil conseguir conversar com Lanna, mas eu não estava em um bom dia. A cólica atacava, o frio pelo tempo nublado fazia com que meus dentes batessem e nada disso me importava tanto quanto não poder falar com minha irmã.
— Lanna... — Chamei pela última vez, já deixando as lágrimas caírem.
Ela não queria falar comigo e em todo caso, tinha razão.
Éramos adolescentes, Lanna iniciando na faculdade e eu ainda no último ano do ensino médio. Ela teve a oportunidade de estudar no exterior e concluir seu curso de etiqueta, além de debutar como modelo aos dezesseis anos.
Todos diziam o quanto pareciamos, mesmo com dois anos de diferença, Lanna não era muito maior que eu. Poderíamos ter modelado juntas, no entanto eu nunca quis, me neguei a ir com ela e quis ficar com nossa mãe.
Então um dia a caminho da escola lembrei-me de que havia esquecido algo no fogo e quando voltei do colégio, a casa toda estava em chamas. Mamãe passou meses trabalhando incansavelmente para restituir tudo o quê perdemos e ainda enviar dinheiro a Lanna no estrangeiro, para que ela não tivesse de viver com dificuldades só com os pequenos cachês do início. Mamãe havia pedido para não contar, ficou doente e continuou pedindo para esconder de Lanna.
Justamente no dia de minha formatura do ensino médio, no mesmo dia em que Lanna voltou de férias do curso, foi o mesmo dia em que mamãe teve o ataque cardíaco e faleceu enquanto nos abraçava.
Mentir e esconder, foram os motivos pelos quais Lanna me ignorou por três anos antes de conseguir trocar palavras entre nós novamente. Ela voltou para Europa e por muito tempo não mantivemos contato. O último intervalo de tempo foi há pouco mais de um ano, desde que tivemos a última vídeo chamada no oitavo aniversário de morte da mamãe.
Eu tinha mentido e escondido de Lanna onde estava ficando e com quem. Sempre que ela perguntava, eu desviava do assunto, tudo para ser descoberta e destruir o pouco que havia restado de nosso relacionamento.
O telefone vibra em meu bolso e atendo a chamada depois de ler "CEO" no identificador de chamadas. O quê me força a distrair a angústia, pensando em uma nova forma de renomear o número de Samuel.
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