Depois da Tempestade, Chegou Meu Sol romance Capítulo 201

Késia Cardoso já tinha estado naquele quarto, viera especialmente para vê-lo.

Ao compreender isso, Arnaldo Castilho sentiu que a opressão que pesava sobre seu peito dissipou-se em parte.

Ele voltou o olhar para o mingau que Geovana Correia trouxera, ainda quente, exalando um aroma apetitoso.

Na verdade, Arnaldo estava um pouco faminto. Pegou a tigela e, em pouco tempo, terminou de beber tudo.

O sabor estava bom, mas não se comparava às receitas medicinais que Késia costumava preparar para ele.

Talvez porque, no passado, já estivesse cansado daquele gosto.

Durante os cinco anos em que Késia esteve em estado vegetativo, ele não se lembrara das receitas dela. Agora, com a doença antiga voltando, sentiu saudade daquele sabor.

Arnaldo foi até a suíte principal, tomou um banho e, ao sair, recebeu de repente uma ligação de Leôncio Veloso.

Enquanto enxugava o cabelo, atendeu sem pensar muito.

Leôncio perguntou logo: “Como você está? Acabei de encontrar Fábio Gomes na rua, ele disse que ontem à noite você teve uma forte dor de estômago.”

“Já estou bem.” Arnaldo fez uma breve pausa e disse: “Késia sempre deixou remédios preparados aqui em casa, tomei e logo melhorei.”

Na verdade, alguém enviava aqueles remédios todos os meses; só que, como seu problema de estômago não voltava havia anos, ele acabou esquecendo disso.

Leôncio, do outro lado da linha, criticou: “Você ficou cinco anos sem ter crise de estômago. Agora que a Késia acordou, o estômago já começou a doer de novo? Parece até que ela te faz mal!”

“...Não fale bobagem.” Arnaldo franziu a testa, ficou em silêncio por um instante e então contou a Leôncio, de forma resumida, sobre a frieza de Késia na noite anterior, e sobre tê-lo visitado às escondidas pela manhã, para depois sair dirigindo.

Essa Késia que acordara agora, ele estava cada vez menos capaz de compreender.

Leôncio ouviu tudo e, depois de um instante, respondeu com a voz ainda mais fria: “Você quer dizer que ela encontrou a Geovana na rua, quase a atropelou?”

“Sim.”

A voz de Leôncio tornou-se mais cortante e sarcástica: “Ainda não percebeu? Ela está morrendo de ciúme da Geovana! Por isso está agindo desse jeito, para que você preste atenção só nela.”

Ciúme?

Arnaldo franziu a testa, refletiu por alguns instantes, lembrou-se das atitudes cada vez mais estranhas de Késia e da frieza inusitada, que sempre pareciam ter relação com Geovana...

Se fosse ciúme, tudo fazia sentido.

Por isso ela preparou o remédio para ele, mas entregou ao Fábio, e depois, enquanto ele dormia, veio vê-lo às escondidas.

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