O Bentley preto parou em frente a uma casa de alto padrão.
Arnaldo pegou Késia no colo, colocou-a na cadeira de rodas e a empurrou para frente.
Késia, por trás dos óculos escuros, observou atentamente a casa à sua frente.
Aquela era a casa onde ela e Arnaldo haviam morado após o casamento. Depois de cinco anos de afastamento, revê-la parecia quase um sonho distante.
“Késia, chegamos em casa.” Arnaldo se inclinou e sussurrou docemente em seu ouvido. “Está sentindo o cheiro? As tulipas que você plantou para mim. Cuidei delas muito bem durante esses anos.”
Késia olhou com indiferença para as tulipas floridas no jardim da frente, que, sob o luar, se mantinham elegantes e belas.
Cada flor havia sido plantada por ela, com suas próprias mãos, para Arnaldo.
Tudo porque ele uma vez dissera que sua flor favorita era a tulipa.
Naquela época, Késia só enxergava Arnaldo. Ele gostava, então ela plantava centenas, talvez milhares de tulipas para ele. Jamais questionara o motivo.
Até que ela se tornou uma paciente em estado vegetativo, e Geovana, em todas as visitas, sempre trazia um buquê de tulipas.
Ela dizia, sorrindo ao ouvido de Késia: “Senhorita, você ainda não sabe, não é? Tulipa é minha flor favorita. Obrigada por plantar tantas no jardim. Sempre fico feliz quando vou à casa onde você e Arnaldo moraram.”
……
Uma onda de ódio cresceu no coração de Késia, e a tulipa ao seu alcance foi brutalmente arrancada por ela.
Ela não se arrependia dos anos em que amara Arnaldo. Késia sabia dar e sabia perder, mas seu amor não merecia ser tratado daquela forma!
Arnaldo já a havia levado até a porta principal.
Aquela casa, pensada como o novo lar deles, fora projetada por Késia em cada detalhe, inclusive a escolha da fechadura, que utilizava reconhecimento digital.
Na altura da cadeira de rodas, Késia ficou de frente para a fechadura. Instintivamente, estendeu a mão para encostar o dedo, mas antes que pudesse tocar o leitor, a mão firme e elegante de Arnaldo a deteve.
Ela percebeu que a palma da mão de Arnaldo estava ligeiramente úmida. Ele estava nervoso.
Arnaldo disse: “Késia, deixe que eu abro a porta.”
O olhar de Késia se tornou frio, e ela entendeu tudo.
“Arnaldo, e Ricardo e Vânia? Onde estão eles?” Késia perguntou, ansiosa.
Quando engravidou, Késia já havia escolhido os nomes dos dois filhos.
Naquele momento, ela não pensava mais em Geovana, a intrusa. Só queria ver seus dois tesouros, abraçá-los com as próprias mãos!
Durante aqueles cinco anos, fora o amor por seus filhos que a sustentara, até o dia em que finalmente despertou.
Arnaldo respondeu em voz baixa: “Eles têm aula cedo amanhã, já foram dormir. Seus olhos ainda não se recuperaram, não precisa ter pressa.”
Os olhos de Késia, por trás dos óculos escuros, perderam o brilho.
Ela sabia que não podia demonstrar muita ansiedade naquele momento, para não levantar suspeitas de Arnaldo.
“Então...” Késia ia começar a falar, quando ouviu passos apressados descendo a escada. Instintivamente, virou a cabeça e viu Vânia e Ricardo descendo de mãos dadas.
Os dois pequenos estavam de pijama e chinelos, um de azul e outro de rosa.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Depois da Tempestade, Chegou Meu Sol
Boa noite. Estou lendo o livro Depois da tempestade, quando tento comprar aparece uma nota dizendo para tentar mais tarde. Isso é muito incoveniente....