Ricardo levantou os olhos para Késia e, com certa ingenuidade, sugeriu: “Mamãe, vamos ajudar a Flávia a chamar a polícia! Vai que a Flávia é uma dessas crianças que eles trouxeram à força!”
Késia também achou que a senhora tratava Flávia com muita grosseria, mas, analisando racionalmente, percebia que a hipótese de Ricardo não se sustentava.
“Como poderia uma criança levada à força estudar numa escola de elite?” respondeu ela, com voz suave. “Além disso, se não pudermos resolver completamente os problemas da Flávia, interferir sem pensar só vai trazer ainda mais problemas para ela.”
Ricardo sabia que sua mãe estava certa. Só pôde olhar com compaixão na direção por onde Flávia fora embora e seguiu Késia até o carro.
Pouco tempo depois que entraram no carro, Késia recebeu uma ligação de Corina.
Imaginando que fosse algo relacionado a Vânia, ela atendeu imediatamente, falando com ansiedade: “Corina, o que aconteceu? A Vânia está passando mal?”
Fábio já lhe havia passado todas as informações sobre os exames de Vânia e não existia nenhum problema grave.
Será que havia surgido outro imprevisto?
Késia, preocupada, temia não conseguir dirigir direito de tanta inquietação, então parou o carro no acostamento para se concentrar totalmente na ligação.
Do outro lado da linha, Arnaldo estava sentado em uma cadeira, com o celular de Corina à sua frente, no viva-voz.
Ele ouviu claramente a voz aflita e ansiosa de Késia.
Arnaldo lançou um olhar para Corina, sinalizando para que ela continuasse.
Corina, mesmo sem muita vontade, seguiu o roteiro ensinado por Arnaldo.
“Senhora Cardoso, aquilo que a senhora me pediu para fazer parece que foi descoberto pelo senhor Castilho. E agora, o que fazemos?”
Ao perceber que não se tratava de nada com Vânia, Késia relaxou visivelmente. Mas ao ouvir Corina mencionar Arnaldo, seu tom tornou-se ainda mais frio.
Ela não queria falar mal do pai de Ricardo na frente do filho, então saiu do carro e caminhou alguns metros.
Somente a essa distância, certa de que Ricardo não ouviria, Késia respondeu com frieza: “Então conte a verdade para Arnaldo: fui eu que pedi para você levar o sachê calmante da Vânia para análise. Se ele não consegue cuidar nem da própria filha, quem deveria estar desesperado atrás de soluções era ele, Arnaldo! Se ele quiser demitir você, ótimo, Corina, assim você pode vir trabalhar comigo.”
Arnaldo: “……”
Corina endireitou a postura, lançou um olhar de soslaio para o senhor Castilho e continuou: “Ah, senhora Cardoso, outra coisa: nosso encontro no almoço foi filmado pela Pérola. Ela mostrou o vídeo para o senhor Castilho e para a Geovana, e as duas provavelmente vão inventar histórias sobre a senhora para ele de novo!”
Késia não se importou nem um pouco, chegando a soltar uma risada de desprezo.
Logo chegaram à garagem do prédio, e Késia levou Ricardo para o elevador.
Assim que saíram do elevador e dobraram a esquina, viram Demétrio Rodrigues, com sua postura elegante e imponente, parado diante da porta do apartamento deles.
O sobretudo preto, impecável, destacava ainda mais seus traços marcantes; ele parecia uma verdadeira capa de revista de moda.
O único detalhe que destoava era o fato de ele estar segurando uma sacola de compras, de onde despontavam algumas cebolinhas verdes pela abertura.
Imediatamente, Demétrio pareceu mais próximo do cotidiano.
“Voltaram?” Ele fez um leve aceno de cabeça para Késia, aproximou-se naturalmente e pegou a mochila de Ricardo das mãos dela.
Késia: “?”
Antes que ela pudesse reagir, Demétrio, de maneira ainda mais natural, indicou a fechadura com o queixo e falou suavemente: “Abra a porta.”
O tom era tão familiar e despreocupado, que parecia estar entrando em sua própria casa.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Depois da Tempestade, Chegou Meu Sol
Boa noite. Estou lendo o livro Depois da tempestade, quando tento comprar aparece uma nota dizendo para tentar mais tarde. Isso é muito incoveniente....