Assim que um deles pegou o celular para exibir as imagens, Katrina, com medo da verdade ser revelada, tentou dar um tapa para derrubar o aparelho, mas Eduardo segurou o pulso dela, firme, e disse:
— Não atrapalhe o trabalho da polícia.
— Que exemplo de cidadão, Sr. Eduardo. — Comentou o policial.
E então, ele deu o play...
A gravação mostrava claramente uma mulher atravessando o farol vermelho, puxando uma criança pela mão. A menina parecia inquieta, tentou puxar a mulher, mas ela não percebeu, parecia totalmente distraída em pensamentos. De repente, um carro branco veio rápido demais para frear. No momento de impacto, a mulher escolheu se proteger e soltou a mão da criança. O corpo minúsculo voou e tombou no asfalto, em meio a uma poça de sangue.
Tela azul, vídeo encerrado.
Eduardo continuou olhando para o celular, estático. A imagem final de sua filha caída em meio a uma poça de sangue se repetia na sua mente. Depois, ele se voltou para Katrina e questionou:
— Isso é o que você chama de "não deu tempo"? Você atravessou no sinal vermelho. Quando o carro veio, você salvou a si mesma e deixou ela ali.
Katrina nem teve coragem de olhar para a tela. Agora, sob acusação direta, gaguejou:
— Eu entrei em choque, não lembro de muita coisa! Foi instinto, eu juro, instinto humano de sobrevivência!
"Instinto?"
Segurando o pulso dela com força, Eduardo a empurrou, fazendo-a cair no sofá. O cabelo dela se soltou e caiu sobre o rosto. A voz saiu abafada, trêmula:
— Eu sei que você está com raiva, mas, na frente dos outros, pode pelo menos preservar um pouco da minha dignidade? Eu sou sua esposa, sou a Sra. Lima.
Eduardo respondeu com os olhos marejados:
— Só porque você atravessou no sinal vermelho, a minha filha perdeu um órgão. E tudo com o que você se preocupa é a sua reputação?
Katrina se recompôs e ergueu a cabeça, falando inexpressivamente:
— Já aconteceu. O que você quer que eu faça? Você pensa nela, mas quando pensou em mim? Se lembra que por sua causa eu perdi a chance de ser mãe? A filha da Yasmin não morreu, só perdeu um baço, e a Yasmin ainda tem uma criança no ventre. E eu? Eu nunca mais vou ter nenhuma!
A frase mal acabou e a palma veio. Foi um tapa forte, seco, pesado. O rosto dela virou de lado, inchando na hora.
Eduardo tremia de raiva, gritando:
— Só perdeu um baço? Katrina, você é desumana!
— Eduardo, eu te disse antes, a gratidão se paga com dinheiro, não com casamento. Sim, a Yasmin te rejeitou, mas o que vale nos relacionamentos é apenas o momento! Naquela noite, você esteve com a Katrina, e fez promessas, não foi? Então as promessas que fez à Yasmin passaram a não valer nada? No fim, você só quis alimentar o próprio ego ferido. Ela se casou, você correu para se casar também. Pela lógica, deviam seguir cada um para o seu lado e adeus, mas e agora? Olhe para você! Parece um morto-vivo, mas faz isso para quem ver? Quer que seus pais aqui fiquem preocupados com você todos os dias e vivam limpando a sua bunda até entrarem na cova? Na realidade, Eduardo, vendo você assim, eu e seu pai estamos até querendo morrer logo.
Ela desabafou sem parar, e quando doía o coração, batia nele de leve.
Eduardo não reagia. Apenas usou o braço para tampar a luz forte do sol. A voz saiu rouca, destruída:
— Mãe, eu me arrependi! Se eu não tivesse tirado a certidão com a Katrina, ainda teria chance, não teria? Mesmo que ela já tenha se casado, ainda pode se divorciar.
Estella o encarou, chocada.
— Eduardo, você está possuído!
— Mãe... — As lágrimas dele desceram, abundantes, sem controle. — Por minha causa, a Jéssica perdeu um órgão. Ela ainda é tão pequena! Quando acordou, chorou dizendo que sonhou que alguém cavava a barriga dela... Eu quase desabei ali mesmo. Se eu não tivesse sido arrogante, se eu não tivesse passado a vida com inveja do meu primo, eu e a Yasmin já estaríamos felizes há anos. Já teríamos dois filhos. Eu joguei tudo fora!
Estella ficou sem fala, chorando piamente.
Eduardo tirou o braço dos olhos e ficou encarando o teto, com um olhar vazio enquanto continuava a falar:
— Quando ela foi me procurar aquele dia, no fundo, eu fiquei satisfeito. Eu pensei que minha riqueza e meu poder haviam vencido. Se eu fosse o Eduardo de antes, ela não teria vindo atrás de mim. Mas ela veio, e isso provava que eu tinha conseguido o que eu queria, e até me senti orgulhoso por isso. E recusá-la, também foi para provar para mim mesmo que eu era melhor, que eu tinha valor. Eu não queria humilhar uma mulher grávida e machucá-la tão profundamente. Afinal, eu amo tanto ela... Mãe, eu amo a Yasmin. Sempre foi ela.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Depois que Fui Embora, o Canalha Ficou Louco
Já está uma semana no capítulo 530. Não vão finalizar o livro?...
A história é maravilhosa, mas e as atualizações? GoodNovel lembre-se do seu compromisso com os leitores....
Acho extremamente injusto só liberar duas páginas minúsculas por dia. As primeiras são maiores agora da 370 em diante são muito pequenas. Não é justo. A gente paga pra liberar as páginas para leitura e só recebe isso. Como o valor que eu já paguei pra liberar poderia comprar 2 livros na livraria...
O livro acabou ou não? Parei na página 363...
Acabou??...
Agora me diz porque fazer propaganda de um livro e não postar sequer uma atualização…...