Afinal, ele era o primogênito e o neto mais velho. Mesmo que a avó gostasse muito de Maria Luíza Santos, considerando toda a força da família, ele ainda levava vantagem.
Por isso, o casamento com a família Ramos não podia ser arruinado.
Miguel Santos levantou-se e disse:
— É melhor irmos pessoalmente falar com a família Ramos. Com o temperamento da Maria Luíza, não acredito que ela vá se desculpar facilmente. Não podemos correr o risco de criar mais desconforto e acabar deixando a vovó irritada.
Vânia Lacerda franziu o rosto, descontente:
— Aquela velha... e daí se ela fica irritada? Se não fosse por ela, eu já teria expulsado a Maria Luíza de casa há muito tempo, eu...
Antes que Vânia terminasse a frase, Lívia Santos puxou discretamente a manga da mãe:
— Mãe, fala mais baixo. A vovó está dormindo lá em cima.
Vânia lançou um olhar para o andar de cima e, contrariada, mudou de assunto:
— Deixa pra lá. Vamos à casa dos Ramos primeiro. Quando voltarmos, eu resolvo com a Maria Luíza.
Do outro lado.
Depois do jantar, Maria Luíza Santos e Samuel Ferreira deixaram Hadassa Rodrigues na mansão e estavam prontos para voltar à casa dos Santos.
Mas Samuel Ferreira parecia não querer ir embora tão cedo.
Ele dirigia o carro, enquanto Maria Luíza sentava-se no banco de trás.
O caminho, que deveria levá-los à casa dos Santos, foi ficando cada vez mais distante do roteiro habitual.
Maria Luíza franziu as sobrancelhas:
— O que você está aprontando agora?
— Um encontro — respondeu Samuel Ferreira, com a maior naturalidade do mundo.
Maria Luíza ficou sem palavras.
Esse homem estava cada vez mais descarado.
— Me leva pra casa, estou cansada — disse Maria Luíza, sem disposição para argumentar. Quanto mais explicava, menos sentido fazia.
— Não, você não está cansada — Samuel levantou os olhos e, pelo retrovisor, lançou um olhar em direção a ela. — Você se divertiu tanto agora com a Hadassa, deveria me dar uma chance também.
Antes que Maria Luíza pudesse responder, Samuel continuou:
— Maria, foi você quem disse que me daria uma nova chance de te conquistar. Não pode só prometer sem cumprir.
As sobrancelhas de Maria Luíza já estavam tão franzidas que parecia que poderiam esmagar um mosquito:
— Quando falei em dar uma chance, não pensei que você fosse grudar em mim vinte e quatro horas por dia, feito chiclete.
— Não são vinte e quatro horas. Desde que você terminou comigo, a gente mal se vê por uma hora por dia — respondeu Samuel, muito sério.
O carro rodou por um bom tempo. Maria Luíza não fazia ideia de onde Samuel queria chegar, então resolveu simplesmente fechar os olhos e dormir.
Ela tinha acordado cedo e, somando o cansaço do dia no mercado popular, estava exausta.
Uma hora depois.
O carro parou diante de uma casa de campo nos arredores da cidade.
Era a casa particular de Samuel Ferreira.
Desde que Maria Luíza deixara de morar com Dona Rosa, passava a maior parte do tempo ali, com Samuel. Mas, depois do rompimento unilateral, ela nunca mais havia voltado.
Talvez por estar exausta, ou talvez porque, apesar do término, Samuel ainda era alguém em quem confiava, Maria Luíza continuou dormindo mesmo depois do carro parar.
Samuel abriu a porta e se preparou para carregá-la.
Foi então que, de repente, Maria Luíza abriu os olhos. No susto, Samuel perdeu o equilíbrio e acabou caindo sobre ela.
Na mesma hora, os lábios frios de Samuel encostaram, certeiros, nos lábios vermelhos de Maria Luíza.
Ela ficou paralisada.
Maldição!
Aquela sensação, há tanto tempo esquecida, havia voltado.

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