Zélia queria que ela tomasse a iniciativa, mas Marília, desde o episódio da falsa gravidez, sentia-se tão envergonhada e inquieta que não tinha coragem alguma de dar o primeiro passo.— Você folga amanhã?
Marília estava conversando com Zélia pelo celular quando ouviu essa pergunta. Levantou a cabeça e viu Leandro do outro lado da mesa, olhando fixamente para ela com a testa franzida.
Ela rapidamente guardou o celular e assentiu com a cabeça.
— Então... vamos ao cinema amanhã.
Marília achou que estava ouvindo coisas.
— Você também folga amanhã?
Ela se lembrava de que Leandro estava sempre ocupado, sem tempo pra nada, fosse no hospital ou na empresa.
— Vou tirar o dia de folga amanhã. — Leandro continuou com um tom indiferente. — Você não disse da outra vez que ia me levar ao cinema?
— Ah... — O coração de Marília deu um pulo e ela piscou os olhos. — Eu disse? Nem me lembro mais.
A expressão de Leandro ficou imediatamente sombria:
— Você falou que sua colega lhe deu dois cupons de ingresso. O quê? Foi com aquele Renato?
Ao ouvir o nome de Renato, Marília teve certeza de que ele estava com ciúmes. Aquilo a deixou contente, e ela respondeu com um leve biquinho:
— Você nem respondeu à minha mensagem, achei que não queria ir!
O semblante dele ficou ainda mais fechado.
Marília se levantou, pegou a bolsa e começou a procurar dentro dela.
— Achei. Se você não falasse, eu até teria esquecido. Ainda bem que não estão vencidos!
Ela mostrou os ingressos para ele com um sorriso radiante.
A expressão de Leandro se suavizou, sem que ele percebesse.
— Amanhã a gente vai.
Marília respondeu prontamente:
A sala de cinema estava escura, mas quando os olhos deles se encontraram, Marília sentiu o coração apertar. Parecia que conseguia sentir a onda de desejo nos olhos negros dele.
Eles já eram adultos. Já tinham feito coisas nada apropriadas para crianças.
Sob o olhar dele, algumas imagens vieram à mente de Marília, fazendo ela se sentir desconfortável. Ela desviou o olhar rapidamente e voltou a fitar a tela.
Foi então que a mão de Leandro se estendeu e segurou a dela. A palma dele estava quente e seca. Era uma sugestão clara demais, e Marília sabia exatamente o que ele queria.
Depois do filme, ainda era cedo. Foram juntos ao fliperama do shopping tentar pegar bichinhos de pelúcia. Depois, passearam mais um pouco e então resolveram jantar.
Antes das sete, os dois já estavam voltando para casa.
Ao passarem por um supermercado, Leandro parou o carro e disse que queria comprar uns lanchinhos para ela. Marília achou aquilo tão carinhoso. Na verdade, ela estava realmente gostando daquela vida tranquila e aconchegante. Se fosse sempre assim, já estaria mais do que satisfeita.
Com Leandro ao lado, ela escolheu algumas guloseimas que gostava e também um iogurte.
Na hora de pagar, Leandro pegou a cestinha da mão dela e foi até o caixa. Marília ficou ao lado dele, comportada. Como era horário de pico, a fila estava bem grande. Quando chegou a vez deles, Marília viu o homem pegar duas caixas de preservativos da prateleira ao lado do caixa e jogá-las dentro da cesta.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Ela é o Oceano, Eu Sou o Náufrago
Tantos dias sem atualizações, como q da sequência em livros assim ? Cê tá Loko ....