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Ela é o Oceano, Eu Sou o Náufrago romance Capítulo 8

Depois que o último paciente da manhã saiu, Leandro tirou o jaleco, lavou as mãos e pegou o celular para fazer uma ligação:

— Estou saindo agora.

Do outro lado da linha, o barulho era intenso, e Diógenes, com sua voz alta, respondeu:

— Leandro, eu já estou no refeitório com o Gaeliano e os outros. Sua sobrinha está lá fora te esperando faz um bom tempo. A garota raramente aparece por aqui, leve ela para comer algo bom fora!

Leandro caminhava em direção à porta enquanto segurava o celular. Quando pôs a mão na maçaneta, parou de repente, franzindo a testa:

— Minha sobrinha?

— Sim! A que vimos no bar anteontem, lembra? A garota bonita. Ela não te chamou de tio? — Diógenes, entre pedidos para que os outros parassem de empurrar, continuou. — Eu até pensei em entrar para te avisar, mas ela não quis, disse que não queria atrapalhar o seu trabalho. Está lá fora esperando, toda educada! Não vou falar mais nada, é minha vez de pegar comida. Vai logo levar sua sobrinha para almoçar fora. A essa hora, os restaurantes devem estar cheios, e vocês podem ter que esperar por uma mesa. Não demore!

Diógenes encerrou a ligação.

Leandro abaixou o celular, a expressão ainda séria e a testa ainda franzida. Ele abriu a porta e, de imediato, avistou Marília sentada no banco da área de espera. Ela estava com a cabeça baixa, mexendo no celular.

Marília estava no Facebook. Tinha acabado de reinstalar o aplicativo.

Pela manhã, um jornalista de fofocas havia revelado o romance entre Esperança e Anselmo. Após Anselmo assumir o relacionamento, os internautas começaram a investigar o passado dos dois, formando teorias e "shippando" o casal.

Amigos de infância, famílias compatíveis, um par perfeito...

Foi através dessas postagens que Marília descobriu que, no Natal passado, Anselmo havia passado a data com Esperança. Ele dizia que estava em uma viagem de trabalho na França, enquanto ela dizia que estava gravando um comercial. Naquela época, Marília jamais desconfiou de nada.

Ao olhar para a foto do jantar à luz de velas publicada por Esperança, viu que o relógio Armani no pulso masculino na foto era o mesmo que ela havia presenteado a Anselmo.

A raiva de Marília crescia, e as lágrimas começaram a escorrer incontrolavelmente. De repente, um par de longas pernas entrou em seu campo de visão. Ela levantou os olhos e encontrou um homem alto e atraente.

Ele usava uma camisa preta combinada com calças sociais da mesma cor. Os botões da camisa estavam fechados até o colarinho, e seu rosto sério não tinha nenhum traço de humor. Só o jeito firme e sereno com que estava parado já transbordava masculinidade.

Leandro abaixou o olhar e percebeu os olhos levemente avermelhados de Marília, com um brilho úmido em suas íris amendoadas. Havia um traço de confusão em seu olhar, mas ele perguntou com frieza:

— O que você está fazendo aqui?

Marília rapidamente apagou a tela do celular, o guardou na bolsa e limpou as lágrimas antes de se levantar. Um pouco constrangida, respondeu:

— Eu... Eu vim te agradecer. Queria te convidar para almoçar!

— Agradecer?

O olhar do homem era distante, seus olhos negros e penetrantes pareciam alcançar as profundezas da alma dela, expondo seus pequenos segredos.

Marília já havia decidido que conquistaria Leandro, mas naquele momento, sob o olhar fixo dele, não pôde evitar se sentir nervosa.

Especialmente ao encarar aqueles olhos escuros como tinta, ela não conseguiu evitar se lembrar do que aconteceu na noite anterior. Quando viu no espelho as marcas deixadas em sua pele clara, sentiu vergonha novamente...

Era difícil acreditar que ele tivesse feito algo tão humilhante com ela, mesmo que ela tivesse tomado a iniciativa.

Mas, pelo que conhecia de Leandro, ele não parecia ser o tipo de homem que se interessava por mulheres de maneira leviana.

Leandro a encarou por um momento antes de perguntar:

— Agradecer pelo quê?

— Por ter me salvado naquela noite! — Marília sabia o que queria e não havia motivo para hesitar.

Ajustando rapidamente suas emoções, ela sorriu docemente.

— Você deve estar com fome. Vamos agora...

...

Bem em frente ao hospital, havia uma rua comercial cheia de restaurantes, todos com filas na porta.

Os dois escolheram um restaurante ocidental onde a fila era um pouco menor. Após esperar por cerca de cinco ou seis minutos, o garçom os conduziu a uma mesa.

Depois de fazerem os pedidos, o garçom levou o cardápio para a cozinha, e Leandro tirou o celular, se concentrando nas mensagens enviadas pela ala de internação do hospital e respondendo a pacientes.

Ele estava tão focado no celular que Marília não teve coragem de interrompê-lo. Ela ficou quieta, sentada do outro lado da mesa, bebendo água de vez em quando para molhar a garganta.

Quando percebeu que as mulheres do restaurante olhavam constantemente para a mesa deles, Marília começou a observar com mais atenção o homem bonito e sofisticado sentado à sua frente. Não era apenas a aparência e a altura dele, mas também sua posição e status, superavam em muito Anselmo.

Ela havia dado sua primeira vez a ele, e parecia que não havia sido uma má troca.

Com esse pensamento, Marília começou a se sentir menos incomodada com o que havia acontecido naquela noite.

Foi só quando o garçom trouxe os pratos que Leandro colocou o celular de lado e começou a comer.

Os dois comeram em silêncio, sem muitas palavras trocadas.

Logo terminaram a refeição.

Depois que Marília pagou a conta, ela viu Leandro levantar e caminhar em direção à saída. Se sentiu ansiosa e se apressou em segui-lo:

— Espere um pouco.

Leandro parou, se virou para olhá-la e perguntou com um tom frio:

— Mais alguma coisa?

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