Adalberto ouviu aquilo e também achou que Zélia estava muito estranha hoje.
Ela raramente ligava para ele a essa hora e, ainda por cima, fez questão de perguntar sobre Leandro.
Ele sacudiu a cinza do cigarro, lançou um olhar preguiçoso para alguém e curvou os lábios em um sorriso cheio de malícia:
— Parece que você não vai brincar com a gente por muito tempo. — Então disse a Raulino. — Liga para o seu irmão e pede para ele dar cobertura nisso!
...
O que eles não esperavam era que Zélia fosse sozinha.
Quando Adalberto a viu entrar sem ninguém atrás, franziu a testa:
— Como assim você veio sozinha?
— Se não sou eu, quem mais viria?
Zélia viu que eles estavam jogando pôquer e se sentou ao lado do irmão.
— E sua melhor amiga?
— Melhor amiga?
Zélia olhou para o irmão, pensou em algo e, imediatamente, se virou para o homem bonito e elegante do outro lado da mesa.
Como se tivesse tido um súbito esclarecimento, alongou o tom de voz:
— Ah... você está perguntando pela Mimi?
O nome "Mimi" soou especialmente alto dentro do camarote.
Adalberto percebeu sua encenação e soube, de imediato, que ela estava aprontando alguma.
Mas não a desmascarou, preferindo assistir ao seu espetáculo.
Zélia logo suspirou:
— Eu queria chamar a Mimi para ver um filme hoje à noite, mas ela vai assistir com o namorado. Como eu fiquei sozinha e sem ter o que fazer, resolvi passar aqui.
Adalberto estava prestes a jogar uma carta, mas, ao ouvir aquilo, ergueu as sobrancelhas:
— Namorado?
Raulino também ficou surpreso. Primeiro, olhou para Leandro, que manteve a expressão inalterável, mas, ao observá-lo com mais atenção, percebeu que a temperatura em seu rosto havia caído drasticamente. Um ar sombrio e perigoso o envolvia.
— Quem é o namorado da Marília? — Raulino perguntou.
Se sentou no sofá, acendeu um cigarro e ficou ali por um tempo indefinido.
Logo, começou a sentir uma leve dor no estômago.
Se levantou para pegar o remédio, engoliu um comprimido e, a princípio, pensou em pedir comida, mas acabou desistindo da ideia.
Foi até a cozinha, abriu a geladeira e, de imediato, viu um frasco de mel na prateleira.
Franziu as sobrancelhas ao pegá-lo. Sabia quem o tinha deixado ali.
Sua primeira reação foi jogá-lo fora, mas, no fim, não conseguiu.
Preparou uma xícara de água com mel e, ao sair da cozinha, viu os lanches enfiados debaixo da mesa.
Imediatamente, a imagem dela apareceu em sua mente,sentada no sofá com as pernas cruzadas, as bochechas cheias, mastigando com satisfação.
Então, a cena da noite anterior surgiu: ela sentada ao lado daquele "namorado".
"Eu sou uma pessoa tradicional, gosto de fidelidade e não desisto facilmente!"
Ele se lembrou do que ela havia dito.
"Fidelidade, hein? Grande mentirosa!"

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Ela é o Oceano, Eu Sou o Náufrago
Tantos dias sem atualizações, como q da sequência em livros assim ? Cê tá Loko ....