Marília levou comida para Diógenes e, no caminho de volta para casa, passou na farmácia para comprar um remédio para o estômago. Ultimamente, tudo o que comia acabava voltando, e sua digestão estava péssima. Enquanto esperava o farmacêutico trazer o remédio, ouviu a conversa de duas garotas atrás de uma prateleira:
— Minha menstruação não veio este mês. Acho que estou grávida. O que eu faço?
O rosto de Marília ficou levemente tenso. Algo lhe passou pela mente, e seus olhos se arregalaram de susto. Instintivamente, levou a mão ao próprio ventre.
— Eu lhe falei aquele dia para usar camisinha! Mas não, você veio com essa história de período seguro, dizendo que não precisava se preocupar. Acabei de pesquisar na internet e descobri que, mesmo no período seguro, dá para engravidar! Agora estou passando mal e vomitando tudo. Com certeza estou grávida! Eu não quero ser mãe solteira, então trate de falar com seus pais agora mesmo e os mande ir à minha casa pedir minha mão! Antes que minha barriga cresça, esse casamento precisa acontecer! O quê? Seus pais não aprovam nosso relacionamento, e mesmo assim você dormiu comigo? Pois eu não tenho tempo para esperar você convencê-los! Agora vou comprar um teste de gravidez. Se eu estiver grávida e você não assumir, vou até a sua empresa fazer um escândalo! Pode se preparar!
Marília viu a garota sair furiosa de trás da prateleira, com o celular na mão, pegando algo da estante e indo direto ao caixa.
Quando o farmacêutico lhe entregou o remédio, Marília, sem pensar muito, caminhou até onde a garota havia pegado o produto. Olhou para a embalagem: era um teste de gravidez.
Seu coração começou a bater acelerado. Hesitou por um instante, mas estendeu a mão e pegou uma caixa também, seguindo para o caixa.
...
De volta ao apartamento alugado, Marília colocou as sacolas sobre a mesa e se sentou no sofá, tentando se acalmar. Mas não conseguia.
"Devo tomar o remédio primeiro ou fazer o teste? Se eu estiver grávida, não posso tomar qualquer remédio..."
Ela passou a mão sobre o próprio ventre. De qualquer forma, não havia como fugir disso. Com o coração apertado, rezou para que não estivesse grávida e levou o teste de gravidez para o banheiro.
Seguiu as instruções da embalagem e esperou dois ou três minutos. Quando viu a segunda linha aparecer, sentiu uma tontura, e suas pernas fraquejaram.
Ela estava grávida!
Como isso era possível? Eles só tinham ficado juntos uma vez, naquela noite no hotel!
Com o teste ainda na mão, voltou para a sala e se jogou no sofá, completamente perdida. O desespero tomou conta dela, e lágrimas começaram a escorrer por seu rosto.
Sem saber o que fazer, pegou o telefone e ligou para Zélia.
Do outro lado da linha, Zélia percebeu que sua voz estava estranha e largou tudo o que estava fazendo para ir até lá de carro.
Quando ouviu as batidas na porta, Marília enxugou as lágrimas e foi atender.
Assim que Zélia viu seus olhos vermelhos e os cílios molhados, perguntou, preocupada:
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