Juliana caminhava lado a lado com Ibsen...
Atrás dela seguiam cinco ou seis funcionários uniformizados, que provavelmente eram a equipe técnica principal do Grupo Alves.
Naquele dia, Juliana vestia um elegante conjunto social branco, com corte impecável. O decote em V, na medida certa, realçava a delicadeza de sua clavícula.
Os cabelos longos estavam presos de maneira simples, conferindo-lhe um ar decidido e profissional.
Nas orelhas, pequenos brincos de pérola acrescentavam um brilho suave à sua pele alva.
A maquiagem, impecável e discreta, ressaltava uma beleza marcante, mas ao mesmo tempo transmitia a sobriedade típica de uma mulher de negócios.
Ela caminhava com passos firmes, usando sapatos peep toe de salto baixo, sinal de que sua lesão no pé já estava praticamente curada.
No instante em que Nereu a viu, foi quase instintivo ir ao seu encontro.
— Juliana!
A voz dele carregava uma urgência impossível de reprimir.
Ibsen parou de caminhar, lançou um olhar a Nereu e, então, inclinou-se discretamente para Juliana e murmurou:
— Vou esperar por você lá dentro.
Depois disso, ele entrou com os demais.
O corredor ficou apenas com os dois.
Juliana ergueu o olhar para Nereu; em seus belos olhos, havia uma indiferença gélida, como se estivessem cobertos por uma fina camada de gelo, impossível de decifrar qualquer emoção.
Aquela sensação de distância, de alguém inalcançável, era tão nítida que apertava o coração de quem a sentisse.
Nereu sentiu a garganta apertar.
— Juliana, me desculpe — falou, a voz um pouco rouca. — Naquela noite... faltei ao encontro e ainda causei o seu machucado. Como está o seu ferimento?
O olhar de Juliana permaneceu sereno, inabalável.
— Agradeço a preocupação do senhor, Sr. Guimarães.
A voz dela soou fria e formal, demonstrando uma polidez intencional.
— Já está tudo bem.
Aquele "Sr. Guimarães" foi como uma agulha, provocando uma sensação incômoda no peito de Nereu.
Ele observava o rosto impassível dela, sentindo uma mistura de emoções desagradáveis.
— Depois da reunião, será que... você poderia ir comigo a algum lugar? — arriscou ele.
Os lábios de Juliana curvaram-se num sorriso quase imperceptível, de um sarcasmo sutil.
— Sr. Guimarães.
Ela o encarou.
O corpo de Juliana ficou rígido, surpreendida.
O calor da presença masculina a envolveu, trazendo consigo aquele aroma inconfundível dele.
Ela tentou se soltar, mas não conseguiu, e a raiva irrompeu de repente.
— Nereu!
A voz dela se elevou, carregada de indignação contida.
— Me solte! Não me obrigue a te dar um tapa! Sabe onde estamos? Vai querer passar vergonha na frente de todo mundo?
Ele sorriu de canto, a voz abafada e com um certo tom de desafio.
— Então me bata.
Apertou-a ainda mais.
Juliana tremia de raiva, levantou a mão direita, pronta para atingir o rosto dele.
No entanto, o pulso dela foi segurado no ar, com precisão, por ele.
A força dele era grande — ela não conseguia se mover.
— Já disse — murmurou ele junto ao ouvido dela, com uma firmeza inquestionável —, só quero conversar com você, de forma tranquila. Não tenho outra intenção!

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Os comentários dos leitores sobre o romance: Elas Não Merecem Suas Lágrimas
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