O celular de Nilo tocou novamente — era uma ligação da casa antiga.
Ele atendeu rapidamente; após algumas frases, desligou o telefone. Sua expressão tornou-se mais séria ao se virar para o banco de trás, onde Nereu estava, e repetiu palavra por palavra.
— Sr. Guimarães, ligaram da casa antiga. O Velho Senhor ordenou que o senhor… não deve se envolver nos assuntos da Srta. Cardoso desta vez.
Nereu repousava contra o encosto do banco, de olhos fechados, descansando. Ao ouvir isso, nem sequer levantou as pálpebras.
Nilo hesitou por um instante, mas continuou:
— Além disso, o Velho Senhor pediu que o senhor e… a senhora retornem à casa antiga para jantar hoje à noite.
As palavras "a senhora" foram pronunciadas com especial clareza por Nilo.
Nereu finalmente abriu os olhos. Seu olhar era profundo, impossível discernir se estava satisfeito ou irritado.
Ele não respondeu à ordem vinda da casa antiga.
Nesse momento, o celular particular de Nereu começou a tocar.
Na tela, o nome "Vitória" piscava.
Ele ficou olhando para o visor por alguns segundos. Os dedos se moveram ligeiramente, até que enfim atendeu a chamada.
— Irmão Nereu! Finalmente você atendeu!
Do outro lado, a voz de Vitória veio carregada de desespero, quase em pranto, completamente histérica.
— Você viu as notícias? Foram a Clarinda e a Juliana que armaram para mim! Por favor, me ajude, irmão Nereu, agora só você pode me ajudar, senão minha carreira estará acabada.
Sua voz era aguda e aflita, transbordando medo e dependência.
— Se você aparecer, se disser a todos que sou sua mulher, esses boatos vão desaparecer! Irmão Nereu, por favor…
Nereu escutou seu lamento incoerente sem demonstrar qualquer emoção. Sua voz, quando respondeu, era fria como gelo.
— Eu vou resolver isso.
O tom era sereno, mas carregado de uma autoridade inquestionável.
— Fique escondida, não saia de casa nos próximos dias.
Antes que Vitória pudesse responder, ele encerrou a chamada.
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