Elas Não Merecem Suas Lágrimas romance Capítulo 57

Isso é uma reação exagerada? Ou é simplesmente a resposta natural de uma mulher divorciada?

Juliana, com toda a calma, mergulhava fatias de carne bovina no caldo, depois as envolvia cuidadosamente no molho que preparara, mastigando devagar.

Em seus belos olhos, havia uma serenidade inabalável, sem qualquer traço de emoção.

Nereu.

Esse nome, outrora uma ponta cravada em seu peito — doía só de tocar.

Agora, porém, ao ouvi-lo anunciar publicamente o relacionamento com outra mulher, sem hesitar em desafiar até mesmo o avô que sempre respeitara profundamente, Juliana não sentiu sequer um leve estremecimento em seu coração.

Pelo visto, ele realmente se apaixonara por Vitória.

Perdidamente.

Pensando bem, aquele casamento que lhe consumira três anos de vida não passara... de uma piada completa!

— Juliana... — Clarinda, observando sua expressão serena, sentiu-se ainda mais preocupada; sua voz suavizou-se.

— Você... está bem?

Juliana levantou os olhos e encontrou o olhar carregado de preocupação da amiga. Sorriu, de forma franca:

— O que poderia me acontecer? Por acaso deveria me desesperar por ele, a ponto de nem conseguir jantar?

— Mas esse Nereu, um verdadeiro canalha... — Clarinda já o amaldiçoara mil vezes em pensamento.

Eles nem sequer haviam concluído o processo de divórcio, e ele já estava ansioso para legitimar Vitória. Isso definitivamente não combinava com Juliana.

— O que ele fizer não me diz mais respeito.

Juliana a interrompeu, colocando mais uma fatia de carne na boca.

— Agora, só quero comer minha carne e depois voltar para casa para dormir.

Clarinda, vendo o esforço da amiga para parecer tranquila, sentiu uma raiva crescer por dentro.

— Que droga! — exclamou, batendo com força na mesa. — Custamos tanto para derrubar aquela falsa santa da Vitória, finalmente ela estava de joelhos, sem chances de se reerguer! E Nereu, com uma jogada dessas, limpou toda a sujeira dela!

— Pai, não se aborreça tanto. Não podemos culpar o Nereu por completo. Juliana já está conosco há três anos e até agora, nada de filhos.

— Não podemos deixar a família Guimarães sem descendência, não é mesmo?

Ela lançou um olhar de desdém para Juliana, com um leve sorriso irônico.

— Além do mais, o Nereu já tem outra pessoa no coração, e isso não é de hoje. Agora que tornou tudo público, quem sabe... talvez a moça já esteja grávida? Desde sempre, mãe de filho é que ganha respeito, não é assim que as coisas funcionam?

Essas palavras eram finas agulhadas em Juliana.

O Velho Senhor hesitou por um instante, mas não demonstrou qualquer alegria com a perspectiva de um bisneto. Ele apenas disse à nora:

— Juliana, talvez... vocês possam tentar uma fertilização in vitro.

— Vovô, eu não quero — respondeu ela, com serenidade.

Antes, ela desejara muito ter um filho com Nereu, batalhara por isso durante três anos.

Agora, porém, não queria mais. Um filho seria apenas... o ponto final daquela história.