Elas Não Merecem Suas Lágrimas romance Capítulo 61

Na manhã seguinte.

Jardim Imperial.

A luz do sol atravessava as enormes janelas do chão ao teto, iluminando suavemente a cama king size.

Nereu abriu os olhos.

Sentou-se, esfregou as têmporas, com um cansaço ainda visível no olhar.

Contudo, após tomar um banho e vestir um terno preto de corte impecável, desceu pela escada em espiral e parou no centro da sala de estar. Qualquer resquício de tristeza havia desaparecido por completo.

Em seu lugar, surgiu a habitual aura autoritária: o olhar severo, a mandíbula tensa, todo o seu ser exalando uma distância intransponível.

Confiante, ele voltara a ser o presidente do Grupo Guimarães, senhor absoluto de tudo.

Nilo já estava à espera ao lado e, ao vê-lo descer, saudou-o respeitosamente:

– Sr. Guimarães, bom dia.

Nereu assentiu levemente, em resposta.

Dirigiu-se diretamente à mesa de café da manhã, caminhando com passos firmes e decididos.

Pegou casualmente o copo de leite ao seu lado e bebeu alguns goles.

O líquido gelado desceu pela garganta, trazendo-lhe clareza.

Pousou o copo, os dedos longos e definidos apanharam o jornal aberto, e seu olhar percorreu rapidamente as manchetes de economia da primeira página, em poucos segundos.

Em seguida, levantou o pulso e consultou o relógio.

Já estava na hora.

– Vamos ao Cartório.

Ordenou, a voz desprovida de calor, dirigindo-se ao motorista que aguardava.

Nilo, atrás dele, engoliu em seco de maneira involuntária.

Seus lábios se moveram, como se quisesse dizer algo.

Mas, no fim, conteve-se e permaneceu em silêncio.

O ambiente tornou-se ligeiramente tenso.

Nesse momento—"vrrrr…"

O som repentino de um celular vibrando rompeu o silêncio da sala.

Nereu pegou o telefone sobre a mesa, conferiu o número e atendeu.

Do outro lado, alguém falou algo incompreensível.

Ele respondeu com poucas palavras:

– Sim.

– Entendido. Estou a caminho.

O tom permanecia firme, irrefutável.

Desligou.

Virou-se, o olhar profundo pousando no motorista à porta, a ordem clara e calma:

A voz de Juliana era calma, sem nenhuma emoção aparente.

O silêncio pairou por alguns segundos.

– Tive um compromisso muito importante esta manhã. Vamos remarcar para outro dia.

A voz de Nereu chegou pelo telefone, fria e sem emoção, como de costume.

Sem explicações, sem desculpas—apenas um aviso seco.

A ligação foi encerrada assim.

Juliana permaneceu parada, e após um instante, murmurou entre dentes, só para si:

– Canalha!

Virou-se e saiu apressadamente daquele lugar que deveria ter selado uma promessa.

Ao mesmo tempo, um Rolls-Royce dourado seguia pela rodovia em direção ao aeroporto internacional.

Nereu, sentado confortavelmente no banco traseiro, observava o contorno da cidade desaparecer pela janela.

Naquele dia, ele iria buscar um convidado de enorme importância para si.

Prof. Frank.

Seu orientador durante o doutorado em Medicina na República Esmeralda, uma autoridade máxima no campo médico.

Mais do que isso, Nereu tinha motivos para acreditar que esse professor poderia saber do paradeiro do misterioso Deus N.

Segundo as informações fragmentadas de que dispunha, era muito provável que o próprio Prof. Frank tivesse sido o mentor de Deus N.