Em seu lugar 51-Porque você é a maior felicidade de minha vida

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Maysa

Confusa, me viro para Said, sem acreditar que ele esteja tão comportado. Ele agora caminha em minha direção. Em seu rosto não há irritação, raiva, nada...Isso me faz olhar para ele, intrigada.

— Precisamos conversar. Seria muito, te pedir para irmos a algum lugar calmo?

Said pedindo? Não exigindo?

Tenho medo de acreditar que ele esteja aqui disposto a mudar.

Não sei, seria muito bom para ser verdade.

— Vamos até o meu apartamento. — Eu digo, nervosa.

Mal eu falei as palavras, Said pega a minha mão e me puxa para a saída. Eu sinto um arrepio de prazer quando sinto o calor de sua mão. Caminhamos juntos para fora do salão, consciente dos olhares de todos, direcionados para nós. Passamos pelo hall e seguimos juntos até o elevador. Eu aperto o botão e lanço um olhar para Said.

Ele está pensativo, a cabeça baixa fitando o chão.

Quando entramos no elevador, sinto como se o elevador encolhesse, tal o tamanho e o magnetismo dele. Seu perfume é o mesmo, aquele maravilhoso que por muito tempo senti.

Eu procuro seus olhos por um momento. Os olhos escuros, sempre alertas, percebem meu olhar e me fitam com ironia. Seus olhos movimentam-se insolentemente pelo meu rosto, e como um raio X, descem pela minha garganta e não param ali; momentaneamente no meu colo nu, depois continuam descendo.

Sinto-me nua diante de sua inspeção. Parece que ele consegue me ver através do meu vestido. Ele está fazendo isso de propósito! Meu coração bate como um tambor. Minha pele queima mediante o olhar dele. Quando o elevador se abre, eu dou graças a Allah. Saio primeiro, fugindo de seu exame minucioso.

Caminho até a minha porta, abalada por ele estar ali tão pertinho de mim. Abro a minha bolsa com as mãos trêmulas. Pego as chaves e abro a porta do apartamento. Quando acendo as luzes. Said entra. A presença dele enche o apartamento. Ele corre os olhos por tudo. Sem ser convidado, vai até a cozinha, até o banheiro, depois até meu quarto.

No meu quarto ele se demora. Eu vou atrás e vejo ele vendo o interior do meu guarda-roupa. Fechando as portas, solta o ar. Eu entendo seu gesto. Ele quer ter certeza que eu moro sozinha. E que não tem nenhum vestígio de presença masculina.

Eu não o culpo, depois de tudo que ele viu agora.

Saio do quarto e o espero na sala. Quando ele surge, eu me sento no sofá e o convido:

— Sente-se Said.

Com a expressão séria, Said senta-se ao meu lado. Os olhos negros sombreados por longos cílios. As sobrancelhas negras erguidas, formando uma ruga que lhe dá um ar austero.

— Eu não gostei da maneira como você me deixou. Você não teve nem mesmo a dignidade de conversar comigo. Nunca pensei que fosse me dispensar com um bilhete.

fico a olhá-lo por um tempo, sentindo uma grande tristeza em meu coração. Baixo meus olhos, pensativa.

Allah! Eu fugi por amá-lo muito. Parecia incoerência, mas não era!

Said segura minhas mãos frias entre as dele. Isso me causa uma sensação de conforto.

— Olha para mim, por favor, pois não vim com a intenção de brigar.

Eu ergo meu rosto, nossos olhos se encontraram. Há uma abundância de emoções dentro dele, sei que estão contidas na sua aparência fria. Ele é orgulhoso, não está sendo fácil para ele estar aqui no meu território depois de ter sido deixado. Eu sinto necessidade de me explicar:

—Eu fiquei com medo do seu poder de persuasão. Eu ia acabar desistindo da ideia. Você me faria ficar, mas eu seria infeliz. Eu precisava partir para enxergar

Said fica em pé, suspirando observa todo o apartamento.

Sabe o que me deixa triste? É que você está levando sua vida normalmente, como se eu nunca tivesse existido.

Eu sinto uma dor profunda com as palavras dele, e digo com sofrimento:

que não! Eu sinto sua

se senta ao meu lado e segura os meus ombros, forçando-me a olhar para ele. Há agora uma intensidade tão grande nos olhos dele, que o meu

Será? Depois que fugiu eu fiquei quase louco. Mal-humorado, gritando com meus empregados. Nas noites que se seguiram tive insônia. E você...aqui,

dor que vejo em seus olhos me toca. Eu o abraço, e afundo minha cabeça no peito dele, deixo que minhas lágrimas caírem. Ele me abraça e abaixa a cabeça nos meus ombros, muito quieto. Meu corpo começa a se agitar por soluços. Depois de um tempo, eu me afasto um pouco, ainda emocionada, deixando minhas

sofri e tenho sofrido, mas eu sei que preciso levar minha vida adiante. Como uma sobrevivente. Eu tomei uma decisão difícil, e ao mesmo tempo... —Abaixo minha cabeça. — Ao mesmo tempo libertadora. A vida tem dessas coisas. Mesmo sofrendo pela sua ausência, segui com

Said me diz, abafado:

Achei que voltaria para mim. Que como eu, você perceberia que nosso amor é maior

todos esses dias pensando em você. Said. Lembrando-me com saudades de seus olhos, seu jeito, seu sorriso. Mesmo à distância, eu te amei, mesmo quando você não está por perto. Mesmo que eu tivesse medo demais de voltar e larga tudo aqui, eu continuo pensando em você. Não sei se eu faria isso, você não deu tempo para eu tomar essa decisão de desistir de

Said sorri e segura meu rosto.