Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 127

Mirella manteve-se serena, com uma expressão tranquila: "Podemos ir agora?"

Ricardo, com olhos frios e penetrantes, a encarou: "Sua irmã desapareceu há tanto tempo, e você não parece nem um pouco preocupada ou ansiosa."

"Sr. Machado, cada pessoa expressa suas emoções de forma diferente. Como o senhor mesmo mencionou, minha irmã não desapareceu ontem. Já faz mais de um mês que não durmo direito, nem consigo me alimentar bem. Estou completamente esgotada. Como uma pessoa comum, sei que não posso fazer muito, então só posso contar com vocês para encontrá-la."

Ricardo não encontrou nada para retrucar: "Vocês estão liberados. Estejam prontos para uma nova convocação a qualquer momento."

"Tudo bem, agradecemos o esforço."

Nesse momento, Nelson se pronunciou: "Sr. Machado, soube que encontraram o vestido de noiva. Gostaria de vê-lo."

Considerando que ele era uma parte envolvida e poderia fornecer informações úteis, concordaram em mostrar-lhe.

"Siga-me."

O vestido estava bem preservado, e Nelson provavelmente não esperava vê-lo novamente numa delegacia.

Ele caminhava com dificuldade, passo a passo, em direção ao vestido de noiva pendurado no saco selado.

Com as mãos trêmulas, estendeu a mão, querendo desfazer o selo para tocá-lo pessoalmente. Mas Ricardo o impediu.

"Este vestido é a única pista que temos. Não podemos permitir impressões digitais desnecessárias, Sr. Lopes. Apenas olhe."

Era um vestido de alta-costura, criado por um designer renomado, reluzindo sob a luz, mesmo selado, com seus diamantes cintilantes.

"Ploc."

Uma gota d'água caiu sem aviso sobre o saco selado, deslizando pela superfície transparente.

Virei-me e vi Nelson, com o rosto coberto de lágrimas.

Toda sua atenção estava voltada para Mirella, por isso ele nem notou.

A primeira vez que realmente olhou para aquele vestido de noiva foi após minha morte, quando ele se tornou uma peça de evidência.

Imaginava o que ele devia ter sentido ao vê-lo ali.

Tomado por uma enxurrada de emoções, Nelson deixou seu olhar transparecer uma profunda culpa.

Ele deu um tapa forte no próprio rosto: "Eu mereço isso!"

"Sr. Lopes, mantenha a calma, por favor..."

Nelson ajoelhou-se diante do vestido, abraçando-o enquanto chorava desesperadamente: "Marlene, eu estava errado. Eu realmente percebi o meu erro."