Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 128

Ao observar a expressão de profundo desânimo, Ricardo o levantou com firmeza: "Sr. Lopes, considerando as evidências que temos até o momento, é altamente provável que Marlene tenha sido assassinada. Contudo, como ninguém relatou seu desaparecimento e seu corpo ainda não foi encontrado, talvez haja uma chance. Não se entregue ao desespero agora. Deixe essa investigação conosco. Ainda é cedo demais para conclusões definitivas."

Essas palavras eram claramente apenas uma tentativa de consolo, mas, quando alguém estava à beira do abismo, até mesmo a menor fagulha de esperança, como um fino fio de teia, podia se tornar um alento para que a pessoa se agarresse e continuesse.

Até em meio ao desespero, uma flor pode florescer.

"Exato, enquanto não houver um corpo, ainda há esperança para Marlene."

"Vocês podem ir para casa agora. Se precisarmos de mais alguma colaboração, entraremos em contato."

Todos perceberam a fragilidade emocional de Nelson. Temendo que ele ficasse sozinho e algo pior acontecesse, o levaram de volta para a família Barbosa.

Durante o trajeto, minha mãe, que geralmente falava bastante, permaneceu em silêncio, fitando a janela com uma expressão de tristeza no olhar.

Meu pai dirigia com sua calma habitual, impossível discernir o que passava por sua mente.

Mirella estava sentada ao lado de Nelson, lançando olhares frequentes para seu rosto.

Nelson, de olhos firmemente fechados, manteve-se em silêncio. Não se sabia se estava dormindo ou apenas absorvido em seus próprios pensamentos.

Ao chegar na família Barbosa, Mirella, com boa intenção, imediatamente o advertiu: "Nelson, você passou por uma cirurgia difícil hoje. Coma alguma coisa e vá descansar, caso contrário, seu corpo não vai aguentar."

Nelson abriu os olhos de repente, vermelhos e fixos em Mirella, afastando a mão dela bruscamente: "Foi você, não foi?"

Mirella olhou para ele com expressão inocente: "Nelson, não estou entendendo. Do que você está me acusando? O que fiz?"

Antes que ela pudesse terminar, Nelson segurou seu pescoço com força.

"Foi você que nos enganou repetidas vezes. Como isso tudo poderia ser apenas coincidência? Marlene desapareceu justamente na noite do nosso casamento, e você ainda apareceu com fotos tentando me enganar, sua... desgraçada!"

A ação repentina de Nelson me pegou desprevenida. Afinal, ele sempre fora complacente com Mirella ao longo dos últimos anos. Esta foi a primeira vez que o vi agir com tamanha agressividade.

'Mirella, será que você é capaz de sentir dor?'

Mas no passado, quantas vezes eu não passei por sofrimentos injustos por sua causa? Comparado a tudo o que eu já sofri, o que era isso?

Ser atingida pela pessoa amada doia não no rosto, mas no coração.

Você finalmente podia entender um pouco da dor que carrequei, certo?

Mas ainda achava que não era suficiente. Comparado ao que Mirella fez, eu desejaria ter uma segunda chance para rasgar sua máscara diante de todos!

Queria que todos soubessem que tipo de monstros ela e Nelson realmente eram! Quanta loucura e atos repugnantes cometeram.

Para mim, esse tapa estava longe de ser suficiente para aplacar meu ódio.

Mas meus pais estavam devastados. Meu pai, com seu instinto de proteção, empurrou Nelson para longe, enquanto minha mãe abraçava Mirella, consolando-a incessantemente.