Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 197

Não sabia se era apenas impressão minha, mas sempre tive a sensação de que Nilton me observa atentamente.

Como agora, seus olhos claramente carregavam um ar de investigação e análise, como se eu fosse uma criminosa sob interrogatório.

Controlei o pânico interno e corri até ele, fazendo um gesto de silêncio com o dedo nos lábios.

"Sr. Lopes, acabei de ouvir um grande segredo. Vamos, precisamos conversar em particular no quarto."

Antes mesmo de ele reagir, tomei a iniciativa. Empurrando Nilton levemente, corremos de volta ao quarto com passos rápidos.

Haha, eu era mesmo brilhante.

Correndo assim, naturalmente interrompi qualquer comentário que ele pudesse estar prestes a fazer, assumindo o controle total da situação.

Com um estrondo, fechei a porta com força.

Esta mansão era tão imensa e cansativa!

O corpo de Janaína não estava acostumado a tanto esforço físico, e, por isso, fiquei ofegante depois de apenas alguns passos.

Desabei no chão, apoiando-me no braço de Nilton enquanto tentava recuperar o fôlego.

Ele, por outro lado, me observava com calma.

A intensidade em seu olhar havia diminuído, e ele aguardava pacientemente minha próxima ação.

"Que segredo?"

Para tornar a atuação mais convincente, aproximei-me de seu ouvido e sussurrei: "Acabei de ver Mirella abraçando Nelson por trás, falando algo sobre se casar com ele agora que sua irmã morreu. Será que estão tendo um caso?"

Naquele momento, não percebi o quão próxima estava de Nilton, e todo o meu hálito roçou em sua orelha.

Quando me dei conta, vi que o lóbulo de sua orelha estava avermelhado, e a cor se espalhava até a nuca!

Nilton recuou levemente, mantendo a expressão impassível. Afinal, ele já sabia do caso entre os dois.

Eu sabia que ele sabia, mas tinha que fingir que não sabia.

Isso realmente colocava minhas habilidades de atuação à prova.

Pisquei os olhos, encarando-o com seriedade: "Como você consegue estar tão calmo?"

Provavelmente era a primeira vez que alguém compartilhava fofocas com ele. Nilton me lançou um olhar indiferente e respondeu: "Como eu deveria reagir?"

"Surpreso, curioso, e então perguntar se é verdade." - gesticulei animadamente.

Ele colaborou de forma desinteressada: "É verdade?"

Mas seus olhos claramente diziam: Por favor, pare com isso. Eu não quero saber.

Não sabia por que, mas competir em atuação com ele havia se tornado um jogo silencioso entre nós.

"É verdade! Tão verdadeira quanto o fato de nosso casamento!"

Continuei a sussurrar: "E mais, acho que ouvi algo sobre gravidez, bebê... Será que Mirella está grávida de Nelson?"

"O que você disse?"

Nilton não sabia disso.

Até o momento, apenas a família Barbosa e Nelson estavam cientes. Eu revelei isso de propósito, e sua expressão mudou drasticamente.

Ele pareceu surpreso por um momento: "Nunca pensei nisso."

Será que ele nunca havia pensado em casar? Como isso seria possível? Quem amava alguém certamente sonharia em viver ao lado dessa pessoa.

Talvez ele estivesse ocupado demais com os negócios e o trabalho anteriormente

"Agora você pode começar a pensar nisso. Vamos viver juntos pelo resto de nossas vidas" - disse, com seriedade.

Contanto que Nilton não peça o divórcio, eu jamais o farei.

Ele era um homem reservado, mas um marido maravilhoso.

O mais importante, ele tinha alguém em seu coração, e não eu.

Isso me bastava.

"Pelo resto de nossas vidas…" - Nilton murmurou.

"Será que o Sr. Lopes pensa em se divorciar de mim no futuro? Não que o divórcio seja impossível, mas, se encontrar seu verdadeiro amor, me diga. Eu..."

Antes que pudesse terminar, senti um dedo em meus lábios.

Sua temperatura corporal era baixa, mesmo com o aquecimento ligado. A ponta de seu dedo contra meus lábios parecia gelada.

Ele interrompeu minhas palavras, olhando-me com firmeza: "Janaína, eu não planejo me divorciar de você. Agora que você é minha esposa, é melhor não ter outros pensamentos. Entendeu?"

Nervosa, passei a língua pelos lábios secos, tentando responder, mas havia esquecido completamente que seu dedo ainda estava ali.

Minha língua tocou seu dedo, sem aviso.